Uma segunda para dar sorte

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LOUISE

Na manhã seguinte eu estava novamente naquele mesmo café fazendo a mesma coisa e ainda observando a turbulenta manhã de alguns ali, eu não gosto de admitir isso, mas nada muda, nada novo acontece desde quando vim para cá, tudo continua bagunçando e... cinza.

Quando você é jornalista, acha que vai todo dia ter algo diferente para escrever ou testemunhar, isso acontece, mas só no começo quando você não conhece o lugar onde está.

Depois começa a ser repetitivo, um cara entra em uma escola e mata muitos, uma vez por mês tem um desse, ou talvez os ataques terroristas que nunca sabemos quando vai acontecer.

— Olha quem está aqui, bom dia. — Gale se senta na cadeira vaga em minha frente e me observa com um sorriso.

— O que faz aqui? — pergunto ríspida enquanto ela pedia um café.

— Bom, eu também moro aqui perto e passei para pegar uns pães, aí vi você aqui. — aquele sorriso no final de cada frase estava me deixando doida, mas eu não posso me relacionar com ela.

— Em falar nisso, leia o jornal senhorita Zahir. — fecho o jornal que estava em minhas mãos e entrego a ela e ela o pega sem entender nada.

— Você realmente escreveu outra matéria, obrigada. — deixo um leve sorriso escapar e ela percebe.

— Não gosto de mentiras, é algo simples, mas você deve ter se importado o bastante para ir até meu escritório, feliz agora? — perguntei terminando meu café e me levantando da pequena mesa.

— Sim, mas você já vai? — ela me olha com um olhar de tristeza e se levanta também.

— Tenho que trabalhar, não posso tirar férias como você. — enquanto eu me dirigia até o caixa, ela vinha atrás de mim, pedindo que eu ficasse mais um pouco, mas eu não dei ouvidos.

— Lou, espera. — saio da cafeteria escutando ela me chamar, creio que eu não devia ter feito aquilo com ela.

No meu escritório eu corrigia texto atrás de texto, minha secretária trazia café a cada minuto até uma garota de uns vinte anos passar pela minha porta e tirar minha atenção dos textos. Ela queria ser minha estagiária, notas boas, currículo ótimo, não pode deixar de notar que ela queria muito começar a trabalhar comigo.

Então ganhei uma estagiária, ela corrigia textos mais rápido que eu e também escrevia muito bem, logo, logo ela seria uma das maiores jornalistas.

— Lou, estou indo almoçar, quer vir junto? — perguntou minha estagiária se levantando da cadeira e pegando sua bolsa.

— Obrigada Laura, mas acho que hoje não almoço. — antes que ela possa abrir a porta, Gale entra a cumprimentando.

— Você me deve um almoço, e dessa vez vou te levar a um lugar decente. — diz ela sorrindo com os braços cruzados e uma postura dominante.

— Me desculpe senhorita Zahir, mas Laura acabou de me chamar para almoçar com ela. — rapidamente ela encara Laura, que se sentiu ameaçada com a postura de Gale.

— Ainda está estudando garota? — a pergunta de Gale fez ela perder a coragem, então ela apenas balançou a cabeça como um sim e diz que está finalizando os estudos.

— Interessante, não achei que perdia tempo com garotas mais novas que você. — diz ela sorrindo com raiva e passando pela porta.

— Aquela é a Gale Zahir? — perguntou Laura vindo atrás de mim e entrando no elevador.

— Conhece ela? — perguntei apertando o botão do elevador.

— Só de nome mesmo, sou amiga do irmão dela, ele é um grande amigo e um homem muito esperto. — me sinto intrigada sobre o que Laura havia dito e resolvi xeretar mais.

— Irmão?

— Sim, Steven Zahir. Eles são empresários, ela trabalha em uma empresa como CEO e o irmão investe em jogadores de basquete. — as portas do elevador se abrem e nós saímos indo em direção à saída.

— Sério? Não sabia disso, onde vai almoçar? — perguntei e ela sorriu dizendo que iria em um restaurante ali perto.

O almoço com ela foi muito bom, Laura é uma garota calma e inteligente, me mostrou alguns poemas que fez para a namorada e disse que ainda quer ser uma grande jornalista, não tenho dúvidas que logo ela será uma das maiores.

Voltamos para a empresa e continuamos trabalhando até ser tarde da noite, ela foi embora mais cedo e mais uma vez me vi sozinha no andar de esportes e "fofocas" como diz ela.

— Quero pedir desculpas, pela minha atitude hoje de manhã. — escuta Gale entrando e fechando a porta da minha sala.

— O que mais? — pergunto vendo ela sentar na poltrona em minha frente e me olhar fixamente.

— Meus ciúmes foram algo muito idiota. — arrumo alguns papéis que estavam bagunçados na minha mesa e tiro meu óculos indo até ela.

— Ela é minha estagiária, achou que eu iria ficar com ela? Você tem que rever seus pensamentos, senhorita Zahir. — me sento na minha mesa cruzando as pernas e ela me observa atentamente, em questão de segundos ela levanta da poltrona e vem até mim.

— Me chame de Gale, Louise. — ela me puxa da mesa fazendo seu corpo colar no meu e roça seus lábios no meu pescoço me fazendo arfar.

— Você precisa ir embora... — ela aperta minha cintura e eu levanto minha cabeça em um gesto de prazer.

— Por quê? Não me quer aqui? — enquanto ela beijava meu pescoço e apertava minha coxa, eu sentia meu coração disparar e minha respiração falhar.

— Esse é o problema, eu quero. — ela se afasta um pouco me olhando e aproximando seus lábios dos meus.

— Está tarde, não acha? Tenho que ir, amanhã tenho coisas para resolver. — ela beija o canto da minha boca e sai fechando a porta e me deixando frustrada.

Aquela mulher está de brincadeira, ela fez eu ir ao inferno voltar em segundos, tudo nela me excita e isso me dá medo e angústia.

Não posso tê-la e não posso me comprometer com ela, desliguei tudo e desci para o estacionamento, quando cheguei no meu carro eu encontrei uma rosa no capô e outro bilhete escrito à mão.

"Zahir: algo ou alguém que tocado ou visto nunca mais é esquecido, situação que pode levar a loucura"

II Rosas no inverno (português BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora