A primeira rosa

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LOUISE

— Bom dia, senhorita Thompson. — o garçom me comprimento me entregando o cardápio esperando uma resposta.

— Apenas um café como sempre, por favor. — o garçom sorri e confirma com a cabeça saindo e levando o cardápio.

— Entenda Gale, nós precisamos de você. — escuto um homem conversar no telefone na mesa ao lado.

— Eu sei, você é a única que consegue colocar ordem naquela empresa, se você sair a empresa vai falir. — o homem ao meu lado estava apreensivo e desesperado, chacoalhava as pernas e não parava de batucar os dedos na mesa.

— Tudo que você quiser, férias? Está doida? — meu café chega e enquanto eu tento prestar atenção na correção do meu artigo, ele começou a bagunçar seus cabelos tentando aliviar sua raiva.

— Okay Gale, você venceu. Uma semana está bom? Tá, duas. — e então parece que eles entram em um acordo e eu me levanto indo até o caixa pagar meu café.

A cena do homem apreensivo me fez pensar em como passamos cada um de nossos curtos dias, talvez nós não estejamos dando o devido valor a vida que nos foi dada, acabamos bravos, estressados, irritados com coisas que talvez não valão esses sentimentos.

O jornal em que trabalho não fica muito longe do café onde eu estava, algumas quadras depois e alguns andares depois eu já estava na minha sala com um garoto me pedindo emprego.

— Fotojornalista? Okay, posso te dar minha resposta amanhã? É bem provável que você ganhe esse emprego. — o garoto sentada na minha frente sorria como se não houvesse amanhã.

— Muito obrigado senhora Thompson. — apertei a mão do garoto e ele saiu às pressas da minha sala.

— Você sempre faz as pessoas saírem assim da sua sala? — soltei um leve sorriso sem tirar os olhos do meu computador.

— Na maioria das vezes, não. — levantei meus olhos e me deparei com uma mulher linda de cabelos curtos e um olhar sério.

— Desculpe, qual seu nome? — a mulher de cabelos castanhos caminhou até minha mesa e estendeu a mão.

— Zahir, Gale Zahir. — me levantei e cumprimentei a mulher que naquele momento eu tinha certeza que seria difícil esquecer.

— Louise Thompson, em que posso ajudá-la? — peço que ela se sente e assim ela faz, cruzando suas pernas e me encarando como se já soubesse todos os meus segredos.

— Vocês publicaram uma mentira sobre mim, disseram que estou "abandonando" a Kashy Corporation. — encarei a mulher sem entender direito o que acabou de acontecer.

— Eu apenas estou tirando umas férias, não abandono a empresa. Gostaria que retirasse essa falsa notícia. — ela deixou escapar um sorriso vitorioso, admito que fiquei um pouco irritada.

— Me desculpe, não posso retirar todos os jornais de circulação só porque você quer. — digo ríspida e ela me respondeu com um olhar de morte.

— Então vamos fazer assim, amanhã você publica uma notícia diferente dessa que foi escrita hoje. — ela se levantou arrumando sua camisa branca social e tirando do bolso de sua calça clara um cartão.

— Me ligue se precisar. — peguei o cartão e o olhei atentamente, antes de abrir a porta para ela.

— Você está livre agora? — ela me olhou sem entender o porquê de eu ter perguntado aquilo.

— Desculpe...

— Almoço, para almoçar. — então um sorriso singelo surge em seus lábios rosados.

— Quer almoçar comigo? Nossa, você realmente faz as pessoas saírem sorrindo da sua sala. — brinca ela, me fazendo sorrir com sua afirmação.

— Tem algum problema se formos no meu carro? — perguntou ela me olhando atentamente esperando uma resposta rápida.

— Não, nenhum. Moro aqui perto então não vi o porquê comprar um carro. — a segui até o carro dela e entrei na BMW.

— Andar em Nova Iorque de carro é terrível, entendo você. Posso escolher o lugar? — fiz que sim com a cabeça, ela soltou um leve sorriso de lado e ligou o carro.

— Você trabalha em uma empresa, pode me contar mais? — ela percebeu que eu gostaria de escrever sobre ela e não gostou muito da ideia de ter alguém como eu brilhando em seu trabalho.

— Olha, garota jornalista foi você que me chamou para um almoço, não bisbilhote minha vida que eu não bisbilhotar a sua. — paramos em frente a uma lanchonete simples, isso me assustou um pouco porque nunca que eu achei que ela irá almoçar em um lugar como esse.

— Algum problema mimada? — ela me observou da cabeça aos pés e viu meu nervosismo tomar conta do ambiente.

— Então você costuma comer aquelas coisas caras perto da onde você trabalha. — ela saiu do carro e eu a segui pegando minha bolsa e ainda tentando entender o porquê dela ter escolhido esse local para um almoço que eu pensava ser sofisticado.

— Por que um lugar como esse? — perguntei me sentando em uma mesa junto a ela, ela me encarou com um sorriso vitorioso e eu não entendi o motivo.

— Você é uma criança mimada, acha que pode se meter no mundo dos adultos, mas, na verdade, morre de medo de cada um que entra na sua sala e se alivia toda vez que alguém sai. — ela dizia verdades sem nem me conhecer, em questão de minutos ela percebeu tudo isso? Ou só está dizendo coisas para me incomodar?

— Não, você não me conhece e acha que pode me julgar, uma mulher como você que vive no meio de ricos e é líder de uma das maiores empresas do país entrou no meu escritório e simplesmente me pediu algo que eu não poderia resolver. — creio que agora eu cutuquei um assunto que vai deixar ela brava e criar talvez uma briga entre nós.

— Okay criança mimada, você me enfrentou e pode apostar que consegui minha atenção. — lanche que ela pediu chegou e o meu também, eu a observei em cada detalhe e nada me contava mais sobre ela.

— Da próxima vez você escolhe o lugar, foi bom almoçar com você, deveríamos fazer isso mais vezes. — ela sorriu e pagou a conta, me olhou mais uma vez antes de levantar e ir até seu carro.

— Vamos criança, vou te deixar no seu escritório. — como dito, eu me levantei e a acompanhei, entrando no carro.

Eu não entendo o porquê dessa mulher ter vindo em meu escritório, ela não se importa com aquela notícia, então por quê? Creio que isso tudo não importa, quando ela me deixou no meu escritório eu fui até minha sala e lá encontrei uma rosa com um bilhete que por mais engraçado que pareça, ele me fez sorrir como boba.

"Uma vez me disseram que ninguém se conhece por acaso"

II Rosas no inverno (português BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora