Três contam sonhos

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LOUISE

...

— Hey, perdida nos livros novamente?

— Estudando, não quero ser estagiária para sempre, jornalista, lembra?

— Claro. Tenho treino mais tarde, mas se você quiser podemos sair de noite.

— Adoraria, vejo você mais tarde?

— Passo te buscar.

...

Novamente esse sonho, depois de todos esses anos eu não consegui esquecê-la, será que ela guarda rancor de mim por terminar com ela? Por eu ser muito ciumenta em nossa relação? Enfim, eu amadureci e vi como era idiota meus ciúmes por ela.

Um banho, um café e mais uma vez trancada em minha sala, mas agora não estou sozinha porque minha estagiária me acompanha e está se tornando uma das minhas melhores amigas, como se eu tivesse algum amigo para fazer comparações...

Mais tarde vou buscar minha filha na escolinha, mesmo que ela mora comigo, às vezes parece que nunca a vejo.

— Você está bem? — perguntei vendo que Laura não aparentava estar muito consciente do que estava fazendo,

— Não.

— Laura. — me levanto e vou correndo até ela, ajudando a se levantar e sentar em uma das poltronas.

— Vou ligar para uma ambulância. — antes que eu possa pegar meu celular, ela segura minha mão e pede que não.

— Ligue para minha namorada... — ela me entrega o celular dela e eu o pego indo nos favoritos e ligando para a tal mulher.

~Oi, desculpe, amor, não posso falar agora.

~Olha, aqui é a chefe da sua namorada, ela está meio tonta e pediu para eu ligar para você, ela disse que você saberia o que fazer.

~Já estou indo.

Por que eu tenho a sensação de que conheço aquela voz? Aquele jeito de atender o telefone... deve ser só impressão minha, creio que talvez eu esteja sonhando demais com ela, logo após alguns minutos agonizantes a namorada dela chega e uma surpresa chega junto.

— Camille? — me espanto ao ver uma mulher alta de cabelos curtos e olhos esverdeados entrar na minha sala e ir até Laura em desespero.

— Calma, eu estou aqui. — ela se ajoelha rápido ao lado do sofá e pega a garota em seus braços

— Tá tudo bem, eu to melhor. — respondeu Laura ainda com dificuldade.

— Vou te ajudar a levantar, se sente melhor mesmo?

— Por que não avisou que tinha crises de pânico? Isso é sério. — brigo com ela e Camille se levanta vindo até mim me olhando de cima com raiva.

— Você não precisa se preocupar com ela, deixa que eu faço isso. — engulo seco depois dessa reprovação de Camille, ela ainda me encarava até que Laura decidiu intervir.

— Okay Cam, obrigada, me acompanhe até o banheiro.

A mais nova entra no meio de nós duas e puxa Camille pelo braço até a porta, depois de alguns minutos Laura voltou respirando fundo e colocando a mão em seu peito, ela se sentou novamente em meu sofá tentando se recompor e me olhou.

— O que acabou de acontecer aqui? Por que vocês se odeiam? — enquanto ela me enchia de perguntas, eu apenas me dirigia até minha mesa para voltar ao trabalho.

II Rosas no inverno (português BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora