Rosa vermelha

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TRÊS ANOS DEPOIS

CHLOE

— Mãe... quem é esse? — perguntei tentando ver o rosto do homem que estava na porta.

— Um advogado, minha filha, ele trouxe uns papéis que tenho que assinar. — ela pegou os papéis da mão do homem e agradeceu fechando a porta.

— O que diz aí? — ela se sentou na mesa e começou a chorar, alguém estava na porta e eu fui abrir vendo que era meu tio.

— Tio Steven, o que tá acontecendo? — ele entra passando por mim e meu primo vem logo atrás.

— Pequena? Vamos dar uma volta. — eu fui com ele até o carro e ele abre a porta para mim.

— Onde vamos? — ele entrou e sorriu ligando o carro.

— Meu pai disse para te levar ao parque, mas, eu vou te levar até o escritório da Gale.

Nós saímos de carro enquanto meu tio fica a conversando com minha mãe, faz uns meses que ela e Gale estavam brigando e faz um bom tempo que não a vejo, passamos um ano vivendo bem e felizes até que Gale começou a ficar fora durante a noite e não voltava para casa, mamãe ficava preocupada e uma vez ouvi uma conversa de que ela iria pedir o divórcio e que não tinha mais outra opção.

Chegamos na empresa e ele subiu comigo até a sala dela, nós chegamos e a sala estava escura e ela estava sentada no chão olhando para a imensa parede de vidro que dava para ver a cidade inteira.

— Oi, tia Gale... — ela não se virou nem nada, apenas se manteve em silêncio.

— Mãe? — ela virou o rosto e me olhou sorrindo.

— Oi, meu amor. — vou até ela e me sento do seu lado.

— Por que vocês vão se separar? Vocês não se amam mais? — ela estava chorando, e eu via que ela também não queria aquilo.

— Nós vivemos longos anos felizes, você foi uma das melhores coisas que me aconteceu, mas chegou a hora de nos separarmos.

— Então quer dizer que você vai embora? Você não pode fazer isso, sabe que você entrou na minha vida e na da minha mãe e mostrou que tudo era melhor ao seu lado, você me amou e cuidou de mim, por que agora você vai nos abandonar? Isso não é justo! Isso é egoísmo, vocês duas são egoístas! Só porque as coisas com essa porcaria de empresa não estão dando certo? Você não pode simplesmente jogar o nosso amor fora, isso não se faz. — deu um ponto final e sai correndo atrás do meu primo enquanto eu chorava em saber que Gale iria nos deixar.

Eu não conseguia pensar em mais nada, eu não podia simplesmente obrigar a Gale a amar minha mãe novamente, se ela não a ama mais, o que posso fazer? Eu sou apenas uma criança de 9 anos, por mais que minha mãe tenha me ensinado que minha palavra vale algo, não sei se ela vale tanto assim.

Minha mãe não assinou os papéis, ela pediu que Gale viesse até em casa e dissesse nos olhos dela que realmente queria o divórcio, Gale não apareceu, o tio Steven disse que ela não voltava para casa a quase uma semana que ela tinha sumido da empresa também, nós estávamos quase ligando para a polícia quando alguém bateu na porta.

Era ela... ela estava com uma rosa-vermelha em mãos e entregou a minha mãe dando um beijo no rosto dela e saindo indo até seu carro. No bilhete, escrito a mão, estava escrito,

"Me perdoe, sei que não posso voltar para o passado, mas também sei que posso tentar consertar o que foi quebrado, não posso fazer tudo como era antes, mas posso tentar preencher vazios.

Venha jantar comigo no nosso restaurante favorito, amanhã, às 20:00h.

Zahir, Gale"

Minha mãe parecia feliz com aquilo, mas ela também parecia triste, ela disse que iria, mas depois disse que não, no dia seguinte ela estava determinada a ir, mas logo mudou de ideia.

Ela estava no quarto sentada na cama olhando uma foto dela ao lado da Gale, eu entrei e fui até o guarda-roupa dela e peguei o vestido que ela tanto amava, porque foi o que ela usou no primeiro encontro delas, deixei em cima da cama e sai.

Eu estava na sala jogando com o primo Arthur quando ela desceu as escadas, pronta para ir ao jantar, eu estava feliz por ela e o Arthur também, se não fosse por ele eu não teria ido até o escritório da Gale.

Mais tarde minha mãe voltou com outra rosa e ela estava super feliz, acho que Gale vai voltar a morar conosco, eu já estava dormindo quando escutei alguém batendo na porta, não conseguia ouvir muito do meu quarto, mas pude ouvir que alguém estava com minha mãe.

— Você esqueceu seu casaco. — era a voz de Gale e eu tinha certeza disso, corri até as escadas e fiquei escondida, escutando a conversa delas.

— Obrigada. — ela pegou o casaco e deu um beijo na bochecha dela.

— Não queria que acabasse assim. — diz minha mãe meio triste.

— Você sabia que sua filha foi até meu escritório e me deu um sermão sobre egoísmo e amor? — Gale me vê e pisca para mim.

— Meu Deus, ela é impossível, deve ter ido com o Arthur, peço desculpas por isso. — minha mãe estava meio sem graça e eu estava vendo tudo de camarote.

— Se não fosse por ela eu não estaria aqui, ela tinha razão, era egoísmo da minha parte te deixar só porque eu não conseguia cuidar da empresa.

— Gale...

— Você que sempre esteve do meu lado, você que me amou e me confortou com a morte dos meus tios, você me deu uma filha.

— Eu não te dei ela, ela que se apossou de você. — brincou minha mãe fazendo Gale sorrir.

— Poxa, você era mãe solteira e fazia um monte de coisas, eu era só uma criança inútil que não conseguia cuidar nem de mim mesma. — ela fez minha mãe sorrir e depois segurou as mãos dela.

— Rasgue esses papéis, esqueça tudo isso, eu não vivo sem você, você é a mulher da minha vida e é literalmente a mãe da minha filha. — minha mãe a abraçou forte e depois a beijou selando aquela noite.

II Rosas no inverno (português BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora