Sete, rosas de cabeceira

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GALE

~Zahir.

~...

~Eu amei você, cuidei de você e você simples jogou tudo fora. Você não era nada! Perdida na Filadélfia com um pai alcoólatra e uma mãe morta, seu pai te vendeu, você lembra? O Steven te achou e te trouxe para mim, ele falou que iria investir em você e eu apoiei ele.

~...

~Passou muito tempo em minha casa se lamentando, sua namorada tinha te largado e você voltou para minha casa, engraçado como você só me procurava quando estava no fundo do poço.

~...

Então você foi para a Califórnia, por causa do seu irmão e sumiu, agora após anos sem falar comigo, você simplesmente me liga para pedir desculpas?

~...

~Conversamos depois.

Desliguei meu telefone e então escutei a voz de Chloe que puxava a barra da minha calça.

— Hey pequena. — a peguei no colo e a sentei na sacada.

— O que foi? — ela me encarava e passava a mão em meu rosto.

— Você está triste. — afirma ela encostando sua testa na minha.

— Sim, mas você não precisa se preocupar com isso. — sinto a mão de Lou em minhas costas e me viro dando de cara com ela.

— Não, tá tudo bem. — digo sorrindo, tentando evitar tocar no assunto.

— Gale disse que está triste. — Chloe me dedura e Lou me olha irritada, eu sei que não preciso esconder isso dela, mas eu não estou a fim de falar sobre a Camille.

— Estou triste por não poder mostrar a você meus dotes. — brinco fazendo cócegas na pequena enquanto Lou apenas me olhava de longe.

— Que dotes seriam esses, senhora Zahir? — Lou respira fundo e respeita minha privacidade, ela vem e pega a pequena no colo enquanto eu vou até à sala.

— Você vai tocar? — os gêmeos me olham assustados e não perdem tempo em correr até o sofá para escutar o piano que a anos eu não tocava.

— Tenho que postar isso no Instagram, inacreditável. — Lohan se apressa em pegar seu celular enquanto Joseph entrega uma taça de vinho a Lou e se senta ao lado dela com outra em mãos.

LOUISE

Ela tocou aquele piano que estava no canto da sala por horas, cada nota tocava minha alma e ver ela concentrada daquele jeito me deixava encantada, Lohan não demorou muito para se retirar, Joseph acabou dormindo no sofá com Chloe que desmaiou no seu colo, depois que eles dormiram eu me levantei e fui até ela que tocava sem parar e sem quebrar sua concentração.

— Você toca há muito tempo? — me sento ao lado dela, mas ela parecia tão perdida em pensamentos que nem mesmo me deu atenção até que ela errou uma nota.

— Não, eu... aprendi a uns anos. — ela para e eu vejo suas mãos tremeram, seguro suas mãos e encosto minha cabeça em seu ombro.

— Você toca bem, por que havia parado? — seu coração acelera e eu a olho vendo que ela não sabia o que fazer, suas mãos trêmulas e sua respiração falha me indicava que algo estava errado.

— Desculpa, eu não devia ter tocado. — antes que ela pudesse se levantar, eu segurei sua mão e ela me olhou com seus olhos vermelhos e cansados, me levantei e puxei até a sacada.

— O que está acontecendo? Primeiro o telefone e agora isso, Gale me deixe te ajudar. — ela vira o rosto e se nega me abraçando e chorando em meus braços, depois de alguns minutos ela se recompõe e limpa algumas lágrimas.

— Foi meu pai que me ensinou a tocar, ele já estava velho, então não lembrava algumas notas, pedia para que eu tocasse para ele. — Gale se sentou em uma das cadeiras tentando procurar conforto e pediu que eu a deixasse quieta por alguns instantes.

Levei minha filha para a cama e passei algum tempo com ela, contei história e brinquei um pouco com ela até ela pegar no sono novamente, fui até meu quarto tomar um banho e me troquei, desci as escadas atrás de Gale, que estava sentada, em frente ao piano apenas o observando como se mais nada importasse, antes que eu descesse as escadas escutei uma conversa entre Joseph e ela.

— Você ainda vai quebrar esse piano apenas o observando. — Joseph estava sentando no sofá ainda acordando, ele se levantando e foi até ela se sentando ao seu lado.

— Toca comigo. — diz ele, ele começa algumas notas, mas ela nem ao menos se mexe, apenas se nega com a cabeça e se levanta indo até à cozinha.

— Não sabia que você tocou para seu pai, achei que tivesse parado depois que Hunter foi embora. — ela para e fica em silêncio, ele a observa de longe e solta um sorriso.

— Não quero voltar nessa história.

— Fico feliz em saber que tocou para seu pai, ele amava escutar você tocando. — ela continua seu caminho e ele começa tocar uma música.

— I'll try hard to make this right... I'll try hard to win this fight, one step at a time, they say, one trip, and you're back that way. — ela pede que ele pare de cantar, mas ele continua insistentemente.

— Joseph.

— I don't recognize these eyes, I don't recognize these hands, please believe me when I tell you. That this is not who I am. — então ele para e se levanta, indo até Gale, que estava, com um copo em mãos.

— Admita Gale, você sente falta dela, do sorriso dela... quem estava no telefone com você era ela? Ela seguiu a vida e você não. — ela começa a apertar o copo e o quebra, ele a ajuda a tirar os cacos da mesa e da mão dela, enquanto continua falando.

— Cala a boca.

— Por que você insiste em esconder isso da Louise? Agora ela é sua namorada, uma hora ou outra ela vai descobrir que você teve um relacionamento com a Camille... — após lavar a mão, ela a envolveu em um pano de prato e suspirou fundo, o olhando nos olhos.

— Ela não precisa saber disso, só vai machucar ela. — após dizer isso, ela virou o rosto um pouco e me olhando de canto.

Sai dali e voltei para o meu quarto, tenho certeza que ela sabia desde o início que eu estava ali, mas Joseph estava certo, ela não tinha motivos para esconder tudo isso de mim, eu não estou brava com ela nem nada, foi algo no passado e eu já esqueci tudo isso.

Eu estou disposta a ajudá-la, mas ela não me deixa nem ao menos saber como ela se sente, passei por alguns minutos enquanto observava as rosas que ela havia deixado na mesa ao lado da minha cama.

Eu estava deitada em minha cama tentando dormir enquanto pensava em como me aproximar mais dela, senti braços me envolverem e então me virei, dei de cara com ela me olhando com seus olhos azul mar.

— Me desculpe, vou tentar te contar tudo, prometo. — beijo seus lábios e ela encosta sua testa na minha.

"Será mais nobre, em nosso espírito, sofrer pedras e setas. Com que a fortuna, enfurecida, nos alveja, ou insurgir-nos contra um mar de provações e em luta pôr-lhes fim"

II Rosas no inverno (português BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora