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Yura estava sentado novamente no banco alto em frente a bancada da cozinha de Otabek

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Yura estava sentado novamente no banco alto em frente a bancada da cozinha de Otabek.

O moreno vestia uma regata e uma calça de moletom e o loiro havia recuperado seu jeans e sua camisa com estampa de presas depois do banho que tomaram juntos. Beka até tentou achar algo que coubesse em Yura, mas suas roupas o engoliam e o menor já estava vestido quando o moreno decidiu desistir de procurar.

O russo tinha prendido os cabelos loiros pela metade e brincava com uma mecha enquanto via Otabek em frente o fogão, preparando o jantar. Os ombros estavam molhados, porque ainda caiam alguns pingos das madeixas escuras recém-lavadas. Era forte, Yura constatou mais uma vez. Era quente. Era tão lindo que o loiro não conseguia desviar o olhar.

E Beka já havia percebido.

Tanto que o mais novo logo notou o rosto dele se contorcer numa risada contida, fazendo-o franzir o cenho.

— Você vai ficar me secando mesmo? - perguntou o cazaque, ironicamente.

— Mas você é um comediante mesmo, hein? - Yura destilou em falsa irritação – Depois quer vir falar do meu ego.

Beka gargalhou, sem tirar os olhos do fogão, e nem era necessário. Sabia exatamente que cara ele devia estar fazendo e, se olhasse, acabaria se desconcentrando.

— Cheguei – uma voz feminina cansada soou pela casa, fazendo Yura se desequilibrar um pouco.

Minha nossa, estava nervoso. Estava muito, muito nervoso e só se deu conta disso agora, em cima da hora. Beka passou o tempo inteiro dizendo como sua avó iria adorá-lo e achá-lo uma graça e faria piadinhas e isso o acalmou, com certeza. Mas sentia que nada disso funcionaria agora, porque ela estava bem ali e ele queria se esconder dentro de qualquer buraco que encontrasse.

— Estou na cozinha, vó – Beka gritou de volta.

O corpo todo do loiro ficou tenso assim que ouviu a voz da mais velha se aproximando enquanto resmungava algo sobre a velha da rua de cima ser uma safada. Demorou alguns segundos para se virar em direção a entrada da cozinha, mesmo sabendo que a senhora já estava ali e, provavelmente, o observava.

Respirou fundo, virando-se finalmente e dando de cara com a mulher. Os cabelos escuros eram bem curtinhos e ela tinha um sorriso tomando o rosto que, mesmo doce, continha um fundo provocativo. Ela se aproximou do banco em que Yura estava sentado, deixando uma sacola em cima da bancada e parando bem perto do garoto.

Yura estava torcendo pra não ficar vermelho, até porque ainda não tinha acontecido nada.

— Prazer – a senhora estendeu a mão, que o loiro pegou rapidamente – Então, você é a pessoa com quem Otabek fica conversando e rindo sozinho todo santo dia.

— Vovó – Beka começou a dizer em tom de repreensão.

— Sou eu mesmo – Yura riu satisfeito, tanto pela informação como por poder inverter os papéis de minutos atrás – E a senhora deve ser a dona Hiroki.

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