A PONTE DE HESBTA

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O alimento de todos, após derrotar e desmoronar a barreira de verzewëifelt, passou a ser pequenos animais silvestres, frutas jamais vistas antes, porem comestíveis e também não era tão difícil conseguir fazer fogo, ainda existiam folhas secas, bambus,troncos e etc...
Uma claridade no fim de um horizonte, onde todos seguiam em sua direção, peregrinando avidamente, crendo que aquele fulgor traria alguma benignidade ou paz de espírito, mas não !
Ao aproximarem-se da paisagem alumiada e diferente de tudo que se via por ali, se depararam com uma ponte de tamanho desmedido e quase interminável. Era possível escolher se seguiam pela ponte ou se nadavam pelo lago de caráter duvidoso que havia logo embaixo .
Martin Ühler, mesmo sabendo que é o escolhido e enviado pelos deuses para reger a todos, sente a vontade e desejo de tantos como outros meros mortais , e quem não daria aquele mergulho no lago ? Mesmo sendo ele  esfumaçado, escuro e embaixo da ponte hesbtânica, ele convidara para um bom banho , afinal era preciso saciar o excesso de calor e sede. Antes de aumentar ou não sua dúvida , se deixaria realmente aquela ponte para ir de encontro ao tal lago misterioso, viu logo que sua intuição e prudência estavam certas , alguns que já haviam pulado ao lago, voltaram morrendo e se desfigurando , seus ossos quebravam, o corpo de cada um a definhar-se dá a noção de quanto o lago era nocivo, letal e  totalmente tóxico , era a mesma sensação de levar pingos da pedra Mogapska .
–Temos que seguir todos pela ponte! Lá é seguro -  Ordena Martin a subir na ponte e sob a beira insiste em gritar :  - Esse lago é assassino ! -
A ponte aparentava ser extremamente segura, continha um piso firme, prendado, finalmente foi possível ver algo feito por humanos, ou que parecia ser obra humana , na verdade tudo que existe ali , foi feito não por humanos, mas por Humius, ainda mais uma ponte desmesurada e envelhecida aliás, durante a peleja pela ponte , ultrapassando a metade do caminho, isso é , mais de 4 quilômetros de andança, uma voz ecoa do céu;
– Não olhem mais para baixo ! –
As nuvens se abriam e se agitavam no céu com tal voz estrondosa e soberana .
Ficaram olhando todos uns para os outros sem entender e nem ter a certeza do que ocorrera ali naquele momento, pela primeira vez , Humius aparece para todos. Ficaram assombrados, achando se era Deus ou não. Martin nada fala, nem quando lhe questionam se tal aparição e aviso das alturas eram reais ? Ou foi uma alucinação de todos ? O certo é que estão tão pasmos, Seria! Acharam eles, delírio geral de tanta fome e medo ?
O primeiro que olhou para o lado ,foi puxado pelo olho de Hesbta , o olho surgia no lago esfumaçado , o lago de  odor forte que exalava a enxofre.  Todos  pensavam apenas no demônio .
– Meu deus ! Cheiro de enxofre , é o lago do satã. –

Não, Hesbta é uma espécie de lenda em Zenkoulous que vive nos lagos, em chinês, Hesbta queria dizer olhos que puxam, olhos que leem a mente humana , segundo os sábios chineses...
O olho gigante de Hesbta, ( eram dois...)  olhava apenas para cima , por isso a única forma de abduzir almas seria habitando embaixo de uma grande ponte seja acima de um lago ou o que fosse. Portanto, o olho misterioso ficava aguardando o próximo fraco e atrevido a desobedecer o aviso de Humius e ceder a tentação de olhar para baixo e os lados, ao olharem para  um lago que nada lhes ofereciam , esse era  puxado com inclemência .
E foram essas primeiras vítimas que fez com que os demais seguissem rumo a uma correria digna de Sodoma e Gomorra, olhando apenas á frente, sem pestanejar .
Dentre centenas e dezenas de pessoas, umas empurravam as outras, ateavam seus semelhantes ao lago e foram se destruindo com barbárie, o garoto observa e reflete sobre toda aquela anarquia e tumulto desacerbado, a crueldade do povo aumentava e dava uma dimensão aquela desordem e balbúrdia.  Apesar de não ter visto crianças nesse lugar, Martin se revolta com a inferioridade dos idosos perante a força jovial, ali não tinham pessoas do bem, nenhum ser ali é digno de compaixão, piedade e misericórdia . 
Então nessa segunda chance de redenção , a pretensão e desejo de salvar-se a qualquer custo fazia com que uns passassem por cima dos outros sem temer a mais nada, esses infelizes pensam que ainda podiam agir assim pós circunstância apocalíptica. O velho ancião que Martin conheceu assim que chegou ao abismo também era vulnerável apesar da sua  resistência e garra, o ancião resmungou :
– Garoto Martin, me ajude ! –
Martin Ühler ao virar-se, observa o velho ser atacado por dois homens impiedosos, ele aproxima-se e nem sabia se tinha em seu feitio, a ousadia e perversidade de executar o que estava prestes a fazer, será que teria permissão pra tal ato ? Que importa !
Ele usou a sua espada para defender o ancião, primeiro decepou os braços dos dois homens com um só golpe, foi só o inicio de uma morte dolorosa e torturante daqueles dois .
Assim, Martin Ühler ficou para trás, para espreitar e observar como todos se portavam , por obséquio , Martin também não ousa olhar para os lados, sabe que o aviso e a ordem de Humius, foi para proteger e guardar a todos do olho de Hesbta. Quantos e tantos não resistem á tentação e olham para baixo .
Com uma ponte extensa e um caminho quase interminável, inclusive, graças aos deuses que os olhos sedentos de Hesbta surgiu para atormentar a todos só depois da metade do caminho...
A ponte já chegando ao seu derradeiro fim, tinha uma saída escura, mais parecia, ser uma caverna... Alguns então ficavam com medo de prosseguir rumo a aquela toca. O que será que os aguardam ali no fim da ponte mortal ?
– Já está acabando essa ponte, não olhem ! –  Dizia o rapaz magro de cabelo encaracolado, o mesmo que instigou Martin a realmente acreditar e impulsionar na criação da catapulta .
– Resistam firme ! –  Dizia outro homem alto com uma espécie de cajado na mão.
Martin vinha posteriormente a todo tempo na retaguarda como um protetor, muitos ali queriam também  roubar sua espada, o garoto ainda usou a companheira katana para aniquilar alguns malfeitores perversos. Não era essa sua vontade, mas seu destino, defender sua espada e matar os covardes e usurpadores.
O que virá após a ponte ?
Nada mais nada menos que um mar de flores coloridas... As tóxicas, não eram bem vindas, faziam o pulmão encher-se de veneno. Um clima bem mais agradável e tragável, uma sensação que até então não se vivia naquele mundo , a sensação era de que o sol mesmo sem existir , parecia  brilhar e dar luz , ao invés de estar mais aquecido e infernal, o abismo disfarçado de planeta estava com um clima mais ameno e resplandecendo um pouco mais de...
vida.

O Abismo De Martin ÜhlerOnde histórias criam vida. Descubra agora