Capítulo 4: Cruel Summer

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O coração de Yuri disparou ao presenciar a tensão crescente entre Otabek e o alpha desconhecido, cujos olhos claros brilhavam com uma determinação desafiadora. A atmosfera ao redor parecia eletrificada, como se estivessem prestes a entrar em confronto. Uma mistura de raiva e incredulidade tomou conta de Yuri diante dessa cena, suas mãos cerrando-se em punhos de frustração.

Sem pensar duas vezes, Yuri avançou para o meio dos dois, impulsionado por uma mistura de coragem e impulso protetor. Seu sangue fervia enquanto empurrava-os para longe um do outro, determinado a evitar qualquer confronto físico. A visão dos dois alphas se encarando, rosnando como feras prestes a atacar, era uma cena que o deixava com os nervos à flor da pele. Ele sabia que precisava agir rapidamente antes que a situação escalasse para algo ainda mais perigoso.

— Você! Vai se danar, seu idiota.- Yuri apontava o dedo acusador para o alpha de olhos azuis. — Quando um ômega disser não, é para você sumir, seu lixo! Sai da minha frente, pelo amor de Deus.

O rapaz o encarou com uma mistura de surpresa e apreensão, sendo finalmente puxado por outro homem que teve a sensatez de intervir na situação. Yuri virou-se lentamente na direção de Otabek, encontrando seu olhar intrigado. Com um sorriso malicioso, aproximou-se do alpha, deslizando a mão pela gola de sua jaqueta e puxando-o para mais perto. Otabek ergueu uma sobrancelha, observando-o atônito.

Yuri, em um tom ameaçador e baixo, sussurrou para o alpha:

— E você, enfia o seu territorialismo no...- sua voz adquiriu um tom mais baixo e próximo ao ouvido de Otabek — cu! Não preciso de um alpha me defendendo. Eu não sou nada seu, caralho.- Com isso, o ômega o empurrou, deixando Otabek de boca aberta, questionando a própria arrogância em meio à multidão agitada da boate.

Ao sair, Yuri deixou Otabek boquiaberto, uma expressão que revelava uma mistura de perplexidade e questionamento. Para Yuri, a atitude de Otabek era típica dos alphas, que muitas vezes assumiam uma postura protetora em relação aos ômegas, como se estes fossem frágeis e necessitassem de constante cuidado. No entanto, Yuri não se encaixava nesse estereótipo. Ele não precisava e, na verdade, não queria essa proteção. Para ele, a atitude de Otabek era simplesmente uma manifestação da arrogância típica dos alphas, que não compreendiam a independência e a determinação de alguns ômegas.

Yuri voltou a se entregar à dança, aproximando-se de um loiro sorridente que aparentava ser um beta. Essa presença mais neutra o deixava mais à vontade, mesmo ciente de que Otabek ainda o observava. Decidiu ignorar a intensidade daquele olhar e, após algumas músicas, afastou-se do homem loiro, seguindo em direção ao banheiro.

Ao entrar, deparou-se com um ambiente bem decorado e surpreendentemente limpo para um banheiro de boate. A estética apresentava tons pastéis e detalhes em mármore branco, criando um contraste peculiar com o ambiente agitado da pista de dança. Seu corpo estava suado pela atividade física, e Yuri decidiu fazer um coque para se refrescar, deixando o pescoço e as costas livres. Ao abrir a torneira, a água fria escorreu pelo seu pescoço, proporcionando um alívio bem-vindo.

No silêncio do banheiro, o reflexo de Yuri no espelho denunciava uma mistura intensa de emoções. A raiva pulsava, alimentada pelas lembranças recentes da pista de dança e do contato próximo com o corpo robusto de Otabek. Cada movimento ao ajustar o laço parecia carregar consigo a energia conturbada daquele encontro. Ao fechar os olhos, Yuri permitiu que as memórias se desdobrassem diante dele. A sensação do corpo de Otabek pressionando o seu, a proximidade física que reverberava um desejo inegável. Uma dualidade de sentimentos o envolvia, como uma tempestade interna que misturava a revolta pela postura do alpha com uma inquietação palpável de anseios não expressos. O banheiro, com sua estética contrastante com a agitação lá fora, tornou-se palco silencioso para essa tempestade emocional.

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