A aproximação

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Os dias se passaram e a conversa que tiveram não deixava a mente de John. 

Ele repassava tópicos para si mesmo tentando decifrar se tinha entendido certo mesmo ou se estava enviesando as coisas para o que ele gostaria de ter ouvido. Isso porque era de ficar boquiaberto se realmente tinha entendido corretamente:

1 – Sherlock tinha confessado que tinha sentimentos! Ele nunca mais poderia entrar novamente em seu escudo de proteção e se declarar 'o insensível', 'o intocável'.

2 – O grande impasse era que Sherlock não sabia identificar bem seus sentimentos, e não sua concepção 'boba' de que sentimentos eram prejudiciais. 

Era tão... Bom que o problema fosse esse, porque John estava disposto a lidar com suas dificuldades.

E enfim... Sherlock em meio a isso tudo havia dito que o único que o entendia era John e insinuado que John o observa demais... Ele enxergava o seu desejo?? 

A pergunta de 'por quem Sherlock havia se apaixonado' continuava na sua mente e ele só não voltava no assunto porque não acreditava que receberia a resposta.

Aquela conversa mexeu com a relação dos dois. Sherlock reparou isso e sentia confuso quanto aos próximos passos. Ele sentia no olhar de John expectativa de entender o que ele estaria sentindo. E ele não sabia qual resposta dar ao amigo. 

Se apaixonar era sentir insegurança toda vez que reparava em qualquer denúncia de John o desejando? E então era tentar agradá-lo a qualquer custo e se sentir um idiota por isso? Ficar se distraindo com qualquer besteira, inutilidades que John contava e perder a linha de raciocínio? Era sentir o corpo completamente sensível com qualquer aproximação do outro e ficar sem reação? Sherlock nem tinha consciência concreta a ponto de relatar que sentia tudo isso! Mas ele sentia.

Tinham acabado de voltar para casa depois de passarem a tarde inteira no necrotério com Molly. Sherlock estava muito animado com novas investigações que fazia em cadáveres – tinha novas ideias de pesquisas, o que o ajudava muito a aliviar o tédio da falta de novos assassinatos que o agradassem o suficiente por esses tempos. 

John sentou no sofá, fechando os olhos com um pouco de cefaleia – pensava se essa dor iria piorar. 

Sherlock sentou do seu lado, muito próximo, encostando seu braço e sua coxa na do amigo e deitou a cabeça para trás, fechando os olhos e suspirando – talvez por tédio, pensou John.

John olhou para o amigo que ainda estava com os olhos fechados. Desceu os olhos por todo o seu corpo e sentiu desejo e tristeza. Já estava cansado daquele desejo não correspondido, era maçante conviver sentindo desejo por alguém e nunca nada acontecer. 

Ele não queria sentir aquilo e não conseguia parar. Além de odiar a falta de controle do próprio corpo com a aproximação de Sherlock. 

Já Sherlock suspirava por estar perto de John, vinha aproveitando ao máximo o contato com o outro e tudo o que ele causava em si.

Sherlock abriu os olhos e se arrumou no sofá, distanciando um pouco do amigo, pensando como iniciaria uma conversa que queria já há alguns dias. John continuava em silêncio.

 Sherlock pensava que a intimidade que tinha adquirido com John era algo impressionante, pelo menos para ele. Sentia que a sensação de proximidade com John era muito boa e sentia muita vontade de continuar. 

Ele já tinha aceitado que John mudou a forma como via sua vida. Mas era muito novo sentir e se entregar a tudo isso.

John, alheio ao que Sherlock pensava, continuava se culpando e pensando o quanto ele se sentia idiota por realmente pensar que Sherlock poderia estar apaixonado por ele. Por que agora?? Como?

JohnlockEDOnde histórias criam vida. Descubra agora