Nos dias seguintes o comportamento de John estava inconstante demais e isso irritava Sherlock profundamente.
John por vezes conseguia se soltar e, após algumas tentativas de aproximação de Sherlock, os dois passavam horas bebendo vinho na sala, dando risadas e trocando olhares – muito próximos.
Em algumas dessas vezes John permitiu que Sherlock tocasse seu rosto, seu braço, mas Sherlock não tentou outro beijo, pois percebia que John não queria ainda.
Outras vezes, John se retraía e passava a ignorar as tentativas sutis de afetuosidade de Sherlock e, ele não percebia, mas fazia ele se sentir quebrado por dentro, pois Sherlock estava apaixonado – e por mais que fosse simples olhares, toques – era a forma como ele conseguia se expressar e isso era muito para ele, que não gostava nem um pouco de não ser correspondido.
Depois de algumas demonstrações de indiferença de John, Sherlock voltou a ignorar completamente – verdadeiramente – tudo o que havia mudado entre eles, diferente de John que tentava ignorar, mas se mostrava ansioso com tudo aquilo.
Sherlock que antes estava se sentindo bem, mesmo que vulnerável, poderia passar a odiar aquilo pela forma como John estava reagindo.
Passadas poucas semanas, Sherlock agora agia exatamente como antes, como se nada tivesse acontecido.
Ele sabia que John tentava aceitar tudo aquilo dentro de si e tentava ser paciente. Ele compreendia e sabia da possibilidade de John não ceder e continuar se defendendo, mas não estava gostando da sensação que a inconsistência de John causava em si.
John não percebia, mas seu comportamento estava criando insegurança em Sherlock e ele começou a pensar que era melhor que aquilo não tivesse acontecido.
Sherlock sabia que parte dentro de si gritava que esse interesse era um erro – parte que ele estava até então fazendo questão de ignorar fortemente, simplesmente porque... Ele estava entregue. Era uma escolha que ele havia feito querer dar uma chance para que algo acontecesse entre eles - fora doando-se, consciente de que seu corpo e sua mente pediam por John por completo. E o machucava que o mesmo não parecia estar acontecendo com John.
Sherlock se convencia dia após dia que tudo aquilo era um erro.
John viveu seu conflito interno por dias e de certa forma se acomodou com Sherlock o tratando com mais carinho. Ele era totalmente alheio ao que acontecia com Sherlock e pensava que estava tudo bem tratar Sherlock apenas como amigo na maioria do tempo, já que era como naturalmente se tratavam, então na cabeça de John, Sherlock obviamente não se importaria.
John queria avançar, queria ceder, mas um dos seus piores defeitos se manifestava - a acomodação. É um defeito passivo, mas que pode ferir tanto quando a agressividade. E feria Sherlock. Acomodado, John hesitava em dar o próximo passo e achava que tudo bem insistir em prolongar aquilo, já que ainda não se sentia bem, já que sentia isso ser estranho ainda.
Quando John percebeu que Sherlock parou de tratá-lo de forma diferente e voltou a sua forma fria e racional de antes, foi como um gatilho para que ele tivesse coragem. Apenas tornando a ver Sherlock ser indiferente a ele é que ele percebeu que não queria de forma alguma que isso acontecesse, que queria continuar com o que de novo haviam criado entre eles.
As sensações começaram a suavizar dentro de John, já não era tão conflituoso que fosse seu amigo, já conseguia aceitar com menos auto-julgamento que se interessasse por um homem. Ele passava a aceitar melhor a imensa vontade de tomar Sherlock para si, sem mais oscilação nem poréns.
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Estavam num restaurante com Greg e mais um detetive que trabalhava no caso em questão, Stuart, discutindo sobre um assassinato ocorrido noites anteriores.
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JohnlockED
FanfictionDesde que se conheceram, John se surpreendeu com sentimentos fortes pelo amigo, mas acabava por tentar encaixá-los no rótulo de "admiração" todas as vezes. Nas primeiras semanas em que conviveram, ele absorveu que havia se deslumbrado com a inteligê...