No dia seguinte, nossa pausa para o café é bem normal e ninguém pergunta nada do meu segundo copo. Quando chego na porta do escritório da Camila, a assistente dela me olha de modo suspeito e explico que só estou trazendo um café para ela. Assim que entro na sala, Camila olha e sorri.
— Para mim? De novo?
— Sim, tranquilo. Não é nada demais — garanto, passando aquela imagem de mulher segura. De repente, penso: se estiver incomodando?
— Na boa, você não precisa fazer isso.
— Você não quer? — pergunto, tentando disfarçar cabisbaixa.
— Não, não é nada disso. Só não quero sentir que estou me aproveitando da sua bondade — ela pisca para mim com um sorriso sexy.
Será que ela está me dando bola?
Meu estômago começa a revirar enquanto penso no que responder e acabo lembrando uma frase que ouvi uma vez.
— Olha, vamos fazer um acordo? Eu trago café para você somente quando tiver vontade.
Nossa, como isso foi fácil. Sorrio e fico me mexendo um pouco, aguardando uma resposta.
Ela sorri novamente e levanta o copo estudando o desenho de hoje. Dessa vez, desenhei um "C" no peito dela, bem como o "S" do Super-Homem, com uma capa voando na parte de trás.
— Como é que você sabia que eu era uma heroína? — ela pergunta brincando. — É informação privilegiada.
— Bem, acontece que eu também sou e meus superpoderes identificaram os seus.
— É claro — ela concorda participando da brincadeira e pergunta: — Como está o trabalho?
— Tá tudo bem. Acabamos ficando com uma carga extra na semana, mas está sob controle. Pelo menos eu gosto do roteiro, é muito divertido e tem um bom ritmo.
— Que ótimo! — ela responde animada.
Caramba, isto é uma conversa real. E depois acabamos em um silêncio embaraçoso, enquanto eu penso no que dizer.
— Queria também falar — gaguejo — , adorei o pôster do Gigante de Ferro. O designer fez um excelente trabalho com a propaganda da Guerra Fria. Eu sou fã do filme e do diretor, Brad Bird.
— Nossa, eu também! — ela afirma. — Você sabia que eu trabalhei com ele no projeto de Os Incríveis logo que eu comecei a trabalhar na indústria?
Facilmente caímos em uma conversa sobre o Brad e seu talento. Estou indo tão bem e, quando percebo isso, começo a me sentir um pouco retraída. Ela percebe meu incômodo e parece até confusa com minha reação.
Abaixo a cabeça e fico olhando para meus pés, tentando desesperadamente pensar no que dizer, mas desisto.
— Ok. É melhor eu voltar ao trabalho.
— Tá legal, mais uma vez, Lauren, muito obrigada.
Naquela noite, durante meu jantar de nachos e palitos de cenoura, começo a trabalhar numa lista de coisas para conversar com Camila, assim eu vou estar mais bem preparada para nosso próximo encontro:
1. Você é daqui mesmo de Los Angeles?
2. E você gosta de morar aqui? Isso pode gerar uma outra conversa, tipo:
3. Você mora com alguém? Se a resposta for muito vaga, posso perguntar
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Dear To Me. [Camren | Intersexual]
FanfictionLauren não possui uma conquista para se orgulhar, tem 20 e poucos anos, é fã de quadrinhos e alimenta uma paixão secreta por sua colega de trabalho, Camila, de 33 anos. Sem esperança de sequer ser notada pela mulher dos seus sonhos, Lauren começa um...