CHAPTER ELEVEN

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Atualmente
Morristown, 13 de Fevereiro de 2018

  Depois de duas semanas estudando linguagem e luta corporal com o agente D'Estaing, armas de fogo com a agente Scott, meu disfarce com a agente Yuni, computação com o agente Gael e formas de me defender com Ben, já me sinto quase pronta para a missão, exceto por uma coisa.
  - NÃO! NUNCA! - Grito mais uma vez. Yuni revira os olhos, mas continua segurando a minúscula peça de roupa na minha frente.
  - É só um vestido, Aisha! - Ela diz. - Nem é tão revelador. - Ela dá de ombros. Olho para Yuni com a sobrancelha levantada.
  - Imagina, só mostra a metade do meu útero, certo? Por que eu não vou logo nua? - Ironizo tentando fazê-la entender que não quero usar aquilo, mas ela apenas ri do meu sofrimento.
  - Anda logo, você precisa ir pra casa para se preparar para a missão de amanhã. - Ela joga o vestido preto brilhante em cima do sofá e vai andando até a cozinha. bufo e pego o vestido, perdendo a luta. Ben aparece bem na hora e olha para mim confuso.
  - Uau, que vestido... - Ele para no meio da frase. Seu olhar está focado no vestido. - ...Você vai usar isso mesmo? Não é muito seu estilo. - Ele desvia o olhar. Sorrio falso e me sento no sofá.
  - Mas pelo que parece é o estilo da Natasha.
  - Você vai usar isso amanhã? - Ele se senta ao meu lado.
  - Vou. - É tudo o que eu digo antes de cair um silencio inesperado entre nós. Ben parece estar tenso quando se vira para mim, me fazendo lembrar que preciso conversar com ele sobre o que ele contou sobre eu e Steve para a equipe.
  - Toma cuidado, Aisha. - Ele pega minhas mãos e me faz olhar em seus olhos. - Se alguma coisa acontecer com você eu... - Ele suspira alto. - ...eu nem sei o que faria.
  - Eu... - Penso no que estou fazendo. Não é o momento certo para essa conversa. - ...vou ficar bem. - Sorrio para tranquilizá-lo. Ben sorri de volta e se inclina pra frente. Meu corpo inteiro fica tenso quando penso que ele vai me beijar, mas acabo recebendo um abraço bem apertado.
  - Sei que vai, você sempre fica. - Ele desfaz o abraço e se levanta. - Mas agora você deve ir pra casa e se preparar para amanhã. - Ben pisca para mim e sai da sala, me deixando novamente sozinha. Estou tão perdida em meus pensamentos que quase não percebo quando meu celular começa a vibrar. Quando o nome aparece na tela, abro um sorriso mesmo sabendo que ninguém está vendo.
  - Você não vive nem dois minutos sem mim? - Pergunto de brincadeira. Jonathan bufa do outro lado da linha, mas sei que está sorrindo.
  - Tinha esquecido como sua voz é irritante. - Ele diz, obviamente se divertindo.
  - Também estou com saudades. - Digo me levantando e pegando o vestido. Sinto uma dor no peito ao lembrar que ficarei tanto tempo sem vê-lo. Mas sei que é para sua proteção.
  - Enfim, liguei apenas para dizer que está tudo bem para que você não morra de preocupação. A tia está legal e o tio vive dormindo, como de costume. - Sorrio ao imaginar ele franzindo a testa enquanto fala. Que saudade do meu irmãozinho. Vou até o meu carro e coloco minha bolsa e o vestido no banco de trás.
  - Que bom. Aqui também está tudo bem.
  - Como está o Ben? - Ele pergunta mudando para uma voz sedutora.
  - Jonathan! - Repreendo ele ao perceber o que está insinuando.
  - Ninguém resiste ao amor, Aisha. NÃO RESISTA! - Jonathan está claramente me avacalhando.
  - Você está muito engraçadinho para o meu gosto. - Digo sorrindo. De repente ouço alguém chamar por Jonathan ao longe.
  - Preciso ir, hora de comer. - Ele fala, mas não parece estar animado para desligar.
  - Se cuida, jonathan. - Encosto a cabeça no banco. - Amo você, pestinha.
  - Também te amo, senhora Griffin. - Antes que eu possa responder, Jonathan já desligou. Nunca vou entender sua obsessão por mim e por Ben, mas gosto de ver seu lado brincalhão sempre que posso.
  Dou partida no carro e ligo o rádio para me distrair, tentando me preparar para o que vem a seguir.

Flashback
New York, 20 de março de 2016

  - O que foi isso? - Pergunto para Will. Olho para suas mãos e o vejo pegando em sua arma. - Will...
  - Fique pronta pra qualquer coisa, agente Thompson. - Ele me lança um olhar rígido, mas consigo ver por trás disso que está assustado. Assinto com a cabeça e começo a correr atrás dele em direção ao barulho.
  Quando chegamos no local ficamos pasmos. O teto de vidro da estação desabou bruscamente, deixando centenas de pedaços de vidro no chão. O mais impressionante é o fato de ter três pessoas abaixadas sobre os destroços. Eles estão com roupas totalmente pretas, capuz e uma postura baixa.
  Quando o homem do meio levanta o rosto, posso ver uma máscara preta cobrindo tudo menos seus olhos azuis. Todos estão usando mascaras. A pessoa da direita, que tem características femininas, lentamente coloca as mãos para trás e puxa uma arma, fazendo com que os outros dois homens imitem ela. Assim que vemos o que está prestes a acontecer, Will e todos os outros policiais, inclusive eu, destrava-mos nossas armas e ficamos prontos para a luta, cercando o grupo.
    Porém, no meio da confusão, esquecemos completamente de Rajh.
  E então, em um piscar de olhos, cinco dos nossos homens estão no chão.
Um dos homens de máscara vai para cima de um dos policiais tão rápido que quase não percebo quando um corpo passa por mim. Rajh.
  - Corre! Vá atrás dele! - Ouço Will dizer sem olhar pra mim enquanto tenta atirar no grupo, porém os reflexos deles são mais rápidos e eles desviam dos tiros.
  - O quê? - Ele não pode estar falando sério.
  - Aisha, você precisa ir. - Will diz um mais alto.
  - AISHA, VÁ! - Começo a correr atrás de Raj, deixando todos lutando contra os mascarados.
  Rajh entra novamente no túnel aonde ele manteve o presidente. Para um homem assustado que mal conseguia apontar uma arma ele corre bastante rápido.
  - RAJH! - Grito quando saímos da estação de trem.
  Ele está correndo desajeitado sobre a pista vazia com as mãos ainda algemadas.
- PARA! - Grito ainda mais alto. Meus pés estão doendo por causa dos trilhos, mas me forço a continuar correndo.
  Por mais que ele seja rápido, ele não é tão rápido quanto eu. E em alguns minutos de perseguição, consigo me lançar sobre ele, e então nos dois caímos.
  - Rajh, para! - Digo quando ele começa a tentar sair debaixo de mim. Ele bate sua cabeça na minha, o que me faz sair de cima dele um pouco tonta.
  Ele começa a se levantar mas eu não posso deixar isso assim, então dou um tiro. Um tiro certeiro em sua perna. Ele grita de dor e se escorra na parede com sua perna sangrando. Ele olha para trás e vejo dor em seus olhos.
  E então sinto algo bater atrás de minha cabeça e caio no chão. Porém antes de perder a consciência, vejo a silhueta de alguém indo até Rajh e o soltando das algemas.
  E tudo fica escuro.

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