Parte I

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Acordar ao lado de Ava Sharpe todas as manhãs no último mês trazia uma sensação maravilhosa à Sara Lance. A última vez que tivera certa estabilidade em sua vida, Laurel ainda estava viva e seu maior problema era as notas baixas no colégio.

O cheiro de amêndoas do cabelo de Ava era a primeira coisa que Sara sentia ao acordar. A cabeleira loura da mulher contra seu rosto não era em nada sufocante, pelo contrário. Era confortável e tranquilizante. Lentamente, ela se lembrava que estava ao lado de uma das mulheres mais incríveis que já conhecera e abria um sorriso genuinamente feliz.

Bom dia, capitã. — A voz de Gideon ecoou pelo quarto e Sara não deixou de soltar um gemido de insatisfação.

— Em algum lugar no tempo, Gideon, são sete da manhã e eu queria que você respeitasse a minha regra de estar de pé só depois das dez — murmurou a mulher para o nada, esperando que a raiva em seu tom de voz não acordasse Ava, sempre tão bonita com os olhos fechados e uma expressão pacífica no rosto.

Eu adoraria, capitã, mas temos um anacronismo de nível 7 em andamento.

Sara revirou os olhos e acenou que entendera, mesmo sabendo que Gideon não veria o movimento. Ela se permitiu alguns minutos a mais na cama, fitando Ava como se não existisse nada em seu mundo pelo qual valeria a pena se levantar — e talvez não houvesse.

Antes que Sara pudesse propriamente acordar Ava, uma batida seca na porta a fez por ela. Os olhos da diretora da Agência do Tempo se abriram em confusão e susto, tudo muito bem expresso em seu rosto sonolento. Sara deixou escapar um sorriso e beijou seus lábios enquanto ainda admirava aquela face tão bonita.

— Bom dia, dorminhoca — cumprimentou Sara enquanto Ava se adaptava ao seu redor. — Odeio trazer más notícias, mas temos que levantar.

— Não... — gemeu Ava, e talvez tenha sido a primeira vez que Sara a via não desejando voltar imediatamente ao trabalho assim que acordava. Parecia que ela estava se acostumando àquela vida também. — Só mais cinco minutos.

Temo que esse tempo já tenha sido extrapolado, agente Sharpe — interviu Gideon. — O time está à espera.

Ava grunhiu mais uma vez antes de beijar Sara e tirar o cobertor de cima das duas. Sara admirou o corpo da mulher com quem dormira sem nenhuma peça de roupa e pensou em como odiara aquela mulher por tanto tempo antes de perceber a atração que sentiam uma pela outra.

Ava fez sinais impacientes para que Sara se levantasse. Ela logo obedeceu. Sabia mais do que ninguém a não estressar Ava Sharpe. Agora que estavam de pé, era mais fácil lidar com a preguiça e a vontade de ficar de conchinha o dia inteiro na cama. Estava na hora de focar na missão que Gideon ainda nem apresentara, mas que já era grave.

Um anacronismo de nível 7? A cabeça de Sara deu uma volta completa para descobrir qual fora a última vez que seu time havia enfrentado tal perigo — um que eles não tinham causado inicialmente. Ela vestiu sua calça e colocou um suéter branco usado por cima de uma blusa também branca. Ava manteve o clássico terninho e deixou o cabelo solto de lado, algo que Sara achava incrivelmente sexy e muito tentador.

Ava deu um beijo de despedida em Sara e apertou seu mensageiro do tempo para voltar à Agência. Sara franziu o cenho quando nada apareceu atrás da mulher. Ava virou-se ao ver a confusão no rosto de Sara e apertou de novo o aparelho no pulso. Nada aconteceu.

Assustada, Ava pegou seu comunicador e tentou contatar Gary. Ela franziu o cenho para Sara quando seu secretário não respondeu e tentou novamente. Três vezes depois, o comunicador continuava sem resposta.

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