Parte IV

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— Talvez essa seja a hora perfeita para entrar em pânico — disse Ava depois de ter uma conversa nada amigável com o dono da estalagem. Ele admitira que deixara alguém entrar durante a madrugada e recebeu mais ainda para ficar calado sobre isso. O que ele não contava era com a determinação de Ava em procurar notícias das princesas.

— A Waverider não foi nada comparado a isso — falou Sara em resposta. Suas mãos suavam e seu uniforme de enfermeira estava uma sujeira só. Ava ainda se sentia atraída pela fantasia da mulher, mas aquela não era a melhor hora para pensar em role playing sexual. — Agora nós estamos mesmo perdidas.

Era tudo culpa de Ava, e ela apreciava que Sara nem mencionara o assunto. Ava dormira durante o serviço, exausta do trabalho do dia anterior e confortável demais segurando Sara. Se estivesse um pouco mais alerta, poderia ter prevenido o acidente e Margaret e Elizabeth ainda estariam a salvo e sob sua responsabilidade.

Como ela pudera ser tão imprudente? Em cinco anos de Agência, ela nunca tivera nenhum problema com extração e cuidados de figuras históricas — isto é, até as chamadas Lendas surgirem e começar a infernizar sua vida. Ela evitou olhar Sara diretamente enquanto discutiam maneiras de chamar a atenção do time e se unirem de novo para pegarem os assassinos.

No quarto não havia nenhum sinal de luta ou resistência por parte das duas meninas, nem que a porta havia sido arrombada. A conversa com o estaleiro, porém, confirmava que ele dera a chave da porta para o casal. As mãos de Ava se fecharam em punhos. Ela odiava como a guerra havia tornado as pessoas inconsequentes e desesperadas por dinheiro.

Era impossível que as adolescentes conhecessem o casal de assassinos, logo Ava presumiu que os dois se fingiram de guardas ou pessoas que trabalhavam em Buckingham para convencê-las a partirem com eles. Margaret deveria ter aceitado de bom grado enquanto Elizabeth provavelmente quereria agradecer Ava e Sara pelo serviço prestado. O casal, obviamente, não permitiu.

— Se você fosse um assassino de crianças na Londres pós-guerra, para onde levaria suas vítimas? — perguntou Ava a ninguém em particular.

— Minha casa? — respondeu Sara em tom de dúvida. Ela saíra e encontrara umas roupas masculinas mais confortáveis e as duas estavam prontas, da melhor maneira que podiam, para enfrentarem a enorme cidade.

— E se alguém enviasse você de volta no tempo? Para onde as levaria?

— O mesmo endereço, talvez.

— Se tivéssemos Gideon, poderíamos pesquisar as casas de Brady e Hindley.

Sara franziu o cenho. A manhã estava fria e havia poucas pessoas nas ruas. Ava imaginou que a bebedeira do dia anterior causaria muitas faltas no trabalho. Ela cutucou Sara na costela, perguntando silenciosamente o que estava pensando.

— Esses nomes... — ela disse com um olhar distante. — Eu já li sobre eles em algum lugar... acho que vi... um documentário sobre os dois. Laurel gostava de ver histórias sobre serial killers. Eles não eram conhecidos por seus nomes, mas um apelido.

— Que você não lembra — simplificou Ava.

Sara soltou um suspiro frustrado, negando com a cabeça. Elas continuaram andando pelo subúrbio de Londres, na esperança de encontrar um integrante do time tão perdido quanto elas. Com o dinheiro que trouxera da Waverider, Ava comprou maçãs de um vendedor que passava pela rua e deu uma a Sara. Ela mastigou a fruta aparentemente sem sentir gosto nenhum, apenas para enganar o estômago.

Mesmo sem se falarem, Ava sabia que voltavam ao palácio de Buckingham. Era a melhor chance de se reencontrar com o time e, quem sabe, saber que Elizabeth e Margaret voltaram para a segurança de seu lar.

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