Parte VI

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Gary estava na ponte da nave para recepcionar o time. Ava não queria admitir, mas chegou até sentir falta do assistente atrapalhado nas últimas horas. Gary poderia ser desbocado e um pouco idiota, porém ele era bom no que fazia e Ava apreciava isso. Ele ficou chocado, no entanto, ao ver as jovens princesas entrarem junto com o time.

— Isso quebra pelo menos cinquenta regras do nosso livro — ele disse com a voz fraca.

Ava suspirou e rolou os olhos.

— Gary, meu amigo — chamou Zari, colocando a mão no ombro do agente, olhando-o seriamente. — Você acha mesmo que sua chefe se importa com isso?

O agente não teve escolha a não ser deixar o assunto de lado.

Sara se encarregou de voltar a Waverider para o dia anterior, duas horas após as princesas terem saído de Buckingham. Ela estacionou a nave em cima do palácio e Ava não deixou de sorrir ao ver que Margaret finalmente parecia impressionada com alguma coisa.

— Você foi uma boa companhia, agente Sharpe — reiterou Elizabeth, apertando a mão de Ava com firmeza. Ela pediu para que Ava se aproximasse e então sussurrou em seu ouvido: — Peça-a em namoro logo. A guerra pode ter acabado, mas o amor é sempre bem-vindo em qualquer hora.

Ava ergueu as sobrancelhas, surpresa com o conselho da princesa. Assentiu, e olhou para Sara, que tinha a expressão confusa diante da interação. Quando Sara e Gary desceram para devolver as princesas à Inglaterra, Ava teve uma ideia. Ela deixou o time com suas conversas e personificações da rainha e foi até a cozinha da nave, onde ficava o gerador de produtos.

— Gideon, diga que leu minha mente e que sabe o que estou prestes a fazer — disse Ava, andando de lá para cá, tentando fazer com que suas mãos tremessem menos.

Ainda não possuo essa habilidade, agente Sharpe, mas se for relacionado ao que a princesa acabou de lhe dizer, tenho uma ideia no assunto.

Ava acabou por soltar um suspiro aliviado. Seria sair e comprar na rua um anel de namoro a mesma coisa que pedir para que uma inteligência artificial fizesse um? Ela não tinha ideia, mas queria surpreender Sara. Elas ainda não tinham se falado diretamente após o fim da missão. Essa era a chance de Ava admitir seus sentimentos e colocar Sara de uma vez por todas no topo da sua lista de prioridades.

O gerador apitou e Ava logo tirou dali dois anéis prateados. Ela sorriu ao ver uma pequena coroa dourada os decorando. Era como se a própria rainha Elizabeth tivesse aprovado o relacionamento das duas.

— Ficou lindo, Gideon — elogiou Ava, pegando a caixinha vermelha de veludo que viera com os anéis e os colocou dentro.

Ela está vindo — avisou Gideon, e Ava teve quase certeza que a inteligência estava sorrindo.

— Quem está vindo? — perguntou Sara ao entrar na cozinha.

— Você, na verdade — respondeu Ava, escondendo a caixinha no bolso de trás da calça. — Deu tudo certo?

— Sim. — Sara parecia surpresa com o fato. Ela pegou uma cerveja da geladeira e abriu com a mão. — Gary voltou para a Agência. Vai passar a noite aqui? Agora que não temos uma missão... você sabe...

— Sinto muito sobre...

— Não precisa se desculpar. — Sara tomou um gole da cerveja e se aproximou de Ava. — Foi um erro meu. Se bem que, toda vez que vejo você, fica difícil controlar meus hormônios.

Ava deixou escapar uma risada e Sara abriu um sorriso amarelo.

— Pareço uma adolescente falando — ela disse, deixando a garrafa de lado e colocando os braços ao redor da cintura de Ava.

Ava sequer reclamou do gosto da cerveja no beijo de Sara. Ela puxou a mulher para mais perto e soltou um gemido quando Sara apertou a sua bunda por baixo de calça surrada de militar. Ao trombar com a mesa de jantar e sentir a caixinha do anel, Ava se lembrou o que a fizera ir até a cozinha.

— Estamos fazendo isso por um mês? — Ava perguntou quando se soltaram para recuperar o fôlego. — Talvez mais que isso.

— Tempo é relativo — brincou Sara, ainda com as mãos na calça de Ava.

— Certo, mas... — Ava suspirou e Sara percebeu que queria dizer algo sério. Ela se soltou de Ava e sentou em cima da mesa da cozinha, com um olhar interessado. — Talvez devêssemos ter um nome para isso. Nós duas. Como um casal.

Sem deixar que Sara pensasse no assunto, Ava tirou a pequena caixa do bolso e estendeu-a para a mulher. Sara arqueou a sobrancelha ao ver a caixinha fechada. Se desculpando, Ava abriu e deixou à mostra o que estava ali dentro.

O queixo de Sara caiu. Ela pegou um anel e colocou no dedo, admirando cada parte prateada de seu corpo. Sorriu ao ver a coroa dourada. Ava pensou em ter visto seus olhos encherem de lágrimas, mas não comentou nada.

— A última vez que alguém me pediu em namoro foi quando Oliver estava traindo minha irmã comigo — ela disse com a voz embargada. — Nunca pensei que teria algo tão normal na minha vida de novo.

— Eu não quero você normal, gosto de tudo que você é e representa — disse Ava, colocando seu próprio anel. — Mas nós merecemos isso, certo?

Sara sorriu antes de assentir. Se Darhk fosse acabar com o mundo amanhã ou se eles enfrentassem um anacronismo que fosse impossível de resolver, isso naquele momento não importava. No campo, eram pessoas diferentes em perfeita sintonia; na intimidade, eram uma só.

— Em termos de normalidade, essa pode ser a coisa mais anormal que já houve comigo — revelou Sara depois de beijar Ava apaixonadamente. — Quer dizer, quem seria louca o bastante de pedir em namoro uma ex-assassina morta?

— Felizmente, eu sei o que estou fazendo.

Sara riu de novo e pegou a mão de Ava, puxando-a para seu quarto. Estava na hora de provar do novo título que havia recebido.

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