Sirius | Fillie

L'Artusi

Finn lembrou-se que era lua cheia.

Os dois adolescentes conversavam enquanto caminhavam pela rua de Millie em direção ao apartamento dela, que ficava alguns passos mais para a frente. Eles não queriam chamar a atenção de Noah ou qualquer pessoa que fosse na vizinhança. Queriam evitar o máximo de barulho e fariam o possível para amenizar as risadas que estavam dando na rua vazia e escura.

Entrementes, Millie sempre questionou-se das coisas e uma dúvida estava rondando sua cabeça desde que saiu daquela cafeteria sabendo que beijaria Finn em algum momento, para que ele pudesse ajudá-la a descobrir o que era um beijo de verdade. Ela nunca havia se sentido tão segura em sua vida em falar abertamente assuntos como esse para um garoto. Um garoto cuja personalidade ela mesma achava incrível e que conhecia a pouco tempo, afinal. Na verdade, ela não falava sobre isso nem mesmo com Noah, o que era espantoso devido à proximidade dos dois.

Então Millie resolveu perguntar:

— Quando você vai me beijar?

Finn a encarou por um momento, quase incrédulo mas com algo divertido no rosto.

— O Jacob iria adorar a versão de você que eu conheço. — afirmou ele e os dois começaram a rir no meio da rua.

— Aposto que sim... — a garota pensou alto cessando as risadas e Finn notou seu tom de voz diferente, quase vacilante ao proferir aquelas palavras, mas resolveu não falar nada a respeito, pois achou que ficar calado era o certo a se fazer.

— Vou responder sua pergunta, mas antes suba aqui para que eu possa olhar nos seus olhos. — disse Finn oferecendo sua mão para ajudá-la a subir um degrau da escada do prédio e assim Millie fez. Eles tinham um semblante tranquilo e estavam na mesma altura, sustentando os olhares por bastante tempo. Não havia paixão envolvida ali naquele momento, mas ambos notaram que tinham algo para cumprir juntos e talvez aquela fosse a mesma sensação que tiveram quando se conheceram.

A garota foi abrindo um sorriso simples.

— Você fica me olhando como se pensasse muito na resposta que vai me dar.

— Você é esperta por saber disso, porque tudo relacionado a você eu tenho que pensar bastante antes, pra não cometer nenhum erro. — respondeu o garoto sem evitar sorrir gentilmente. Sentiu-se de repente intimidado pela adivinhação de Millie à seu respeito, já que ele costuma adivinhar as coisas primeiro. O garoto suspirou e resolveu falar. — Quando for a hora certa, tenho certeza que você vai saber, nós vamos. Se depender de mim, você não vai beijar Jacob tão cedo e vai por mim, isso vai funcionar mais do que você imagina.

— Você é o pior cupido do mundo. — ela acusou cerrando os olhos, fazendo o garoto rir baixo. — Espero que Jacob não tente nada antes disso ou mato você estrangulado.

— Hoje não teve beijo de boa noite do seu amado Sartorius, eu sei. — dramatizou Finn, de um jeito tedioso e engraçado, fazendo Millie corar as bochechas. — Eu não quis interromper aquele momento mágico, mas foi preciso.

— Sorte sua que eu não tenho coragem de beijar sem experiência. — disse ela ainda rindo e ajeitando o cabelo com sutileza, já que alguns fios castanhos caíam sobre seu rosto. — Você está se aproveitando que estou nas suas mãos, literalmente.

Após a garota dizer aquilo, Finn não rebateu, mas apenas ficou calado e sorrindo de canto, olhando para os lábios de Millie como se analisasse a escultura de vênus de milo exposta no museu de Louvre. O garoto não costumava dizer palavras sinceras muito bem sem se enrolar antes, mas naquele momento foi preciso uma pausa para que pudesse proferir as certas.