Sirius | Fillie

Imprevistos

Sadie fazia suas lições de casa, como uma criança.

Eram nove horas da manhã, em meio a um cálculo de seu exercício, ela lembrou-se do jantar de ontem à noite ao lado das pessoas que mais amava e em específico; ao lado de Noah. Ela ainda estava sentindo o calor eufórico daquele momento, ainda animada pela felicidade de ter vivido o que viveu, seus olhos azuis chegavam a brilhar como faíscas quando recordava-se de sentir os lábios do seu amado nos seus, selando aquele compromisso.

A garota finalmente havia conhecido Finn e enquanto conversava com ele ontem à noite, embarcou em uma sensação de nostalgia de quando conheceu Millie anos atrás, com assuntos brotando, dos mais bobos aos mais racionais, de todas as partes. Aquilo poderia ser um bom presságio da linha de partida.

Ela observou o anel em seu dedo, perguntando-se como podia ser tão sortuda.

Alguns quilômetros distantes, Noah perguntava-se a mesma coisa. Ele andava ao lado da melhor amiga e de sua irmã na calçada, aproveitando a trégua da neve da manhã. Os três indo para a cafeteria em passos lentos, enquanto táxis amarelos passavam aos seus lados nas pistas.

— Eu também teria levado Chloe com a gente, mas ela estava, suponho, assistindo um jogo de hóquei.

— Mesmo se eu não estivesse ocupada, não iria ver você e Sadie naquela melação gratuita por horas. — respondeu Chloe totalmente simpática, fazendo Millie sacudir os ombros em uma risadinha contida. — Sorte minha que eu prefiro comida japonesa.

— Como se eu desfrutasse da sua presença incrível. — replicou Noah.

Millie temeu que ela fosse se ofender, mas Chloe sorriu como sempre.

— Minha presença ofusca a sua. — ela disse jogando o cabelo no rosto do irmão.

— Chloe, você vai me cegar desse jeito. — ele grunhiu esfregando os olhos, mas ela o ignorou completamente.

— Macacos me mordam. — ela quase exclamou, avistando uma placa um pouco mais a frente e sorriu abertamente com a espantosa surpresa. — Uma floricultura nova? Não acredito que finalmente vou renovar meu estoque de flores. Vou comprar rosas brancas para colocar na minha cabeceira e para o Noah... — ela fingiu pensar com o dedo no queixo. — Plantas carnívoras?

— Plantas carnívoras você já vai saber o quê. — ele respondeu com um tom sério.

— Você é uma gracinha quando está assim, com o cão no couro.

Ela sorria abertamente, como se nada pudesse abalar sua felicidade e claro, andando na frente dos dois empolgada para chegar na floricultura. Quando Chloe estava a cinco metros de distância, acenou com graça para um casal de idosos passando ao seu lado na calçada e eles a cumprimentaram de volta, menos agitados.

Noah estava sentindo-se confortável, quase com um sorriso simples no rosto.

— Não sei o que faria sem ela. Eu amo Chloe, mas não demonstro isso porque ela iria usar contra mim. Minha irmã é muito brincalhona pra lidar com sentimentalismo.

— Eu também a amo. Ela é uma versão feminina de você que eu admiro muito.

— Chloe não chega perto de ser como eu. — respondeu Noah e seu tom de voz estava um pouco rouco e baixo, então acrescentou. — Ela tem as melhores ideias, é corajosa, protege as pessoas com unhas e dentes, é determinada, coisa que eu nunca fui... e possui a incrível capacidade de não fazer mal aos outros.