Noah abriu a porta da mansão.
Tinha anoitecido, gotículas de água caíram do céu molhando a jaqueta jeans do garoto, mas ele não se importava muito.
Desde que se mudou para o apartamento, visitava sua família nos fins de semana, mas nunca necessariamente precisou da chave reserva da antiga casa como naquela noite. Diante daquilo, o rapaz entrou sem fazer nenhum ruído e andou tranquilo por aquele espaço incrívelmente branco, o lustre de cristais brilhava acima de sua cabeça com lembranças vindo à tona, do tempo em que ainda morava naquela casa e fazia dela seu lar.
Seus passos silenciosos seguiram à diante mergulhado no vazio da sala, ocupado apenas pelas mobílias modernas de mogno e a mesa principal da copa, com dezesseis lugares. Havia um batom em cima do móvel junto com as chaves do carro de seu pai, ambos objetos jogados de forma desleixada. Doeu pensar que aquilo talvez não fosse de sua mãe e Noah torceu de verdade para que Chloe tivesse esquecido o batom com a pressa de chegar à aula de piano, mas lembrou-se que ela não gostava de nada chamativo e muito menos tons de vermelho. Ainda angustiado por perceber aquele detalhe, desviou o olhar.
Noah estava prestes a subir as escadas mas parou de repente quando conseguiu ouvir murmúrios estrilando de algum lugar. A porta do escritório de Mitchell Schnapp estava semi-aberta, com risadinhas escapando pela fresta. Ele pôde ouvir o tom de voz sereno de Teresa Caster ecoar do lado de dentro e o garoto então finalizou sua conclusão. Noah sentiu seu estômago revirar e fechou os olhos por alguns segundos encostando a testa no batente da porta. Seu peito queimava desejando que aquilo não fosse real e ele tentava puxar coragem do fundo de si para entrar.
Quando conseguiu se recompor entrou, ficou apenas ali, observando a mulher sentada em cima da mesa do seu pai gargalhando com ele. Mitchell notou a presença do filho, a risada dele quase o engasgou e teria o levado à morte em situações mais extremas de susto, mas tudo o que conseguiu fazer foi levantar-se rapidamente da poltrona com os olhos fixos nos do garoto.
— Noah. — ele sibilou estupefato, estava nervoso ajeitando a gravata, que estava desgarrada do pescoço enquanto ela descia da mesa em um pulinho desajeitado. — Nós estávamos...
— Eu sei o que estavam fazendo.
— Olha, eu...
Teresa tentou falar algo mas se calou, seus lábios estavam pintados com aquele mesmo batom.
— Melhor você ir embora, eu me resolvo com meu filho. — Mitchell disse. —Falo com você depois.
A mulher apenas intercalou seu olhos claros para os dois um pouco aflita com o que poderia vir a seguir mas decidiu enfim que aquilo era mesmo o melhor a se fazer, então suspirou.
— Eu sinto muito.
Noah sabia que ela não sentia nada a não ser a vergonha de ter sido pega, então ele apenas a observou ruidosamente pegando a sua bolsa em cima da mesa até finalmente deixar os dois sozinhos no escritório. O pai do rapaz continuava com os dois punhos cerrados contra a mesa, formulando na sua cabeça algo sensato.
— É assim que vai ser? — Noah perguntou baixinho cerrando os olhos. — Depois de tudo que a mamãe fez por você é assim que vai agradecer?
— Você não sabe o que está acontecendo entre mim e sua mãe. Sofro tanto quanto ela com a nossa separação.
Noah virou o rosto e quis rir por seu pai dizer aquilo tão descaradamente.
— Pode apostar, eu vi seu sofrimento.
— Eu e sua mãe não somos mais os mesmos, nosso casamento se desmanchou aos poucos, foi isso o que aconteceu. — Mitchell respondeu ofendido encarando seu filho de um jeito irritadiço. — E você deve me respeitar, eu ainda sou seu pai.
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Sirius | Fillie
FanfictionMillie Bobby Brown e Finn Wolfhard tem algo em comum, as aulas de Astronomia no segundo horário. Ela era uma garota simples e de sorrisos bobos, porém apaixonada por Jacob Sartorius desde o ensino fundamental, que era popular em termos colegiais e s...