capítulo 5 É fácil julgar

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Já ouvi várias coisas a respeito da depressão. Já a nomearam como “frescura” e dizem ser coisa de quem não tem o que fazer. Já falaram para eu ocupar minha cabeça e parar de pensar besteira. Falaram que eu deveria trabalhar mais, estudar mais e deixar de pensar em todas essas loucuras.

Já falaram, também, que só reclamo e que uso o termo depressão porque me convém, para que as pessoas acabam tendo pena de mim. Outros já se incomodaram com o meu choro e falaram que eu precisava ir ao psiquiatra com urgência.

O que ninguém entendia, porém, era o medo que eu sentia de falar das minhas dores, era o peso da angústia em me manter acordada, era o fato de eu buscar o refúgio dormindo para me esquecer da dor e fazer o tempo passar mais rápido. Era a luta de todos os dias de ter de enfrentar o seu “eu” em pedaços e, depois, juntá-lo novamente.

Ninguém entendi o quanto eu queria sair disso: é  como uma prisão. Eu era prisioneira de medos, fracassos, mágoas e angústia. Ninguém entendi que eu não via mais graça em nada e isso não tinha nada a ver com antipatia. Não entendiam que a força que me puxava para cama era bem maior do que a que me encorajava a levantar dela e sair para o mundo para ver e conhecer pessoas. Eu não tenho forças para falar, saudar alguém ou mesmo me arrumar. Eu me olho no espelho e gosto do meu pijama velho, rasgado e do meu cabelo bagunçado. Eu não me preocupo com isso, pois a bagunça e os rasgos eram bem maiores dentro de mim.

Ah, como eu queria que fosse frescura, como eu queria que fosse uma fase, como eu queria que fosse preguiça e que só a vontade bastasse para mudar tudo isso. O que ninguém entendi era a autoestima perdida e o desencanto que se fazia presente.
Autor desconhecido.
Lindo texto
Me representa.

EU A Depressão E A Espondilite Anquilosante Onde histórias criam vida. Descubra agora