Reciprocidade?

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Quatro semanas se passaram após aquela tarde de cinema na casa do Marcelo. Luiza sentia que a cada dia que se passava sua situação ficava ainda mais incontrolável, e por vezes, ela sentia uma certa reciprocidade, mas quando via o homem por quem estava apaixonada olhando para Joaquim de modo perdido, sabia que ele estava pensando nela e qualquer possível retribuição de sentimentos caia por terra no mesmo instante. O amor é inevitável por muitos motivos, bom seria se pudéssemos escolher a quem presentear com o nosso amor, mas isso não existe.

Era uma segunda feira como qualquer outra, Luiza já estava a caminho da casa de Marcelo, no ônibus seus pensamentos estavam a mil e ainda não havia dado nem mesmo 07:00Hrs da manhã. Pedro havia levado-a ao cinema de verdade após a tarde em que todos se reuniram na casa do seu patrão para assistir um filme qualquer, ela estava feliz, Pedro era legal e aparentava gostar dela realmente, em contrapartida saber disso a deixava receosa, ela não queria continuar a usá-lo, mas ela precisava daquilo, ela precisava fazer-se esquecer de Marcelo, ela precisava se apaixonar por outra pessoa e talvez, essa pessoa fosse o Pedro.

—Bom dia, meu pequeno príncipe! Como você está, heim? –perguntou gentilmente fazendo aquela voz boba que todos usam com crianças.

—Oi, Luiza, tudo bem com você? –perguntou Marcelo olhando para a moça atentamente.

—Tudo ótimo, Marcelo, e por aqui como vão as coisas? –perguntou aleatoriamente.

—Está tudo tranquilo, vem, entra! Eu já estou de saída, o Joaquim está um pouco enjoado hoje, não sei, mas acho que está com cólicas... temo que alguma coisa que ele comeu tenha lhe feito mal. –disse olhando para o pequeno que já estava nos braços de Luiza.

—Tudo bem, vou preparar um chá pra ele, e lhe dar muita água, não se preocupe, ele vai ficar bem! –falou gentilmente olhando para o pequeno com carinho, ele por sua vez chupava o dedão de sua mãozinha direita e olhava para o pai.

—Eu agradeço, creio que não volto na hora do almoço, pois estou com muitas coisas para resolver, mas chego antes do seu horário de saída. Até mais, Luiza! –disse olhando para ela diretamente em seus olhos, aquele olhar dizia que ele queria falar mais alguma coisa, porém, como sempre, ele preferiu trancar as palavras num lugar que Luiza jamais teve acesso.

—Até. –sua voz saiu desanimada, tudo o que ela queria era algumas palavras mais amistosas e um beijo na testa em sinal de carinho como ele fazia no começo, mas desde aquela tarde ele havia se retraído bruscamente e suas conversas não passavam de formalidades idiotas regadas por poucas palavras.

Joaquim realmente estava enjoado, Luiza lutou muito para que ele tomasse o chá, por volta das 10:00Hrs da manhã ela já havia lhe dado banho e comida, pouca porque o pequeno não queria comer nada, mas com muita habilidade e esforço ela conseguiu fazê-lo engolir umas 5 colheres da sopinha que havia preparado. O menino adormeceu em seus braços, antes de coloca-lo no berço a moça verificou se ele estava com febre, obtendo resposta negativa ela desceu as escadas e foi preparar alguma coisa para o almoço. Sozinha, Luiza optou por fazer uma simples macarronada de carne com um pouco de salada e suco de maracujá. Após o almoço, o menino já estava se sentindo um pouco melhor, e acabou por defecar de forma rala, mostrando que tudo não passava de cólicas. Joaquim brincou a tarde inteira com Luiza, como se quisesse descontar tudo o que não brincara pela manhã. Já passava das 13:00Hrs quando Marcelo ligou para casa, afim de saber do seu filho.

—Então, ele está melhor? –perguntou aliviado.

—Sim, já está me fazendo suar correndo atrás dele! –disse animadamente.

—Graças a Deus! Fico feliz por saber, me deixa falar com ele rapidinho. –pediu com um largo sorriso no rosto.

—Papaaaiiiiiiii! –ouvindo a linda voz do pequeno, Marcelo respondeu perguntando se ele estava bem e recebeu como resposta apenas um emaranhado de sons. Ele sorriu satisfeito e despediu-se do filho com um "eu te amo, meu amor!"

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