Aprendendo a respirar novamente

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_Oi, Boa noite. Me desculpe, sei que você não gostaria que eu viesse, mas eu precisava saber como ela estava. Fiquei pedindo notícias a Júlia a cada cinco minutos, porém não é a mesma coisa. -Pedro estava completamente sem graça, ele sabia que não encaixava mais naquela situação, contudo tudo dentro dele gritava por saber de Luiza.

_Boa noite. Não se preocupe. Ela acabou de sair da mesa de cirurgia. No momento, está se recuperando no quarto da ala UTI, mas creio que não ficará lá por muito tempo, pois a Luiza é incrivelmente forte e sua cirurgia foi bem sucedida. - alegou Marcelo com os olhos irritados e um semblante extremamente cansado, olhando nos olhos de Pedro.

_A Júlia falou que aquele desgraçado atirou nela sem nem pensar duas vezes. Sinceramente, eu não sei como você não o matou no mesmo instante. -disse simplesmente, deixando transparecer toda a raiva que sentia.

_Lamentavelmente, haviam muitos policiais para me conter, mas, com toda certeza, ele terá uma boa recompensa por tudo o que fez. Óbvio que não será o suficiente, pois nada nunca pagará o que ele fez a ela, entretanto farei o impossível para que ele envelheça na cadeia. E você sabe o destino que aguarda os que cometem esse tipo de crime lá dentro... -Marcelo falava com uma convicção irrefutável. De fato, o jovem pai moveria céus e terras para manter Thiago na cadeia por longos e tortuosos anos.

_Bom, farei o que puder para lhe ajudar nisso. Será que poderemos vê-la? Sei que pode parecer demais pedir isso, mas eu realmente gostaria de poder visita-la. – a voz de Pedro soava sincera e sem segundas intenções para Marcelo.

_Sim, poderemos. Só acho que você deveria voltar amanhã, pois o efeito da anestesia só passará ao amanhecer, segundo o médico responsável pelo quadro dela. -sugeriu Marcelo cordial e generosamente.

_Entendo. Bom, fico muito feliz com o desfecho que esse pesadelo teve. Eu não sei o que faria se ela morresse nas mãos daquele miserável. -Pedro não se conteve e acabou deixando escapar as palavras que demonstravam o quanto ele ainda gostava da sua ex-namorada. Marcelo ouviu o que o homem a sua frente disse e apenas desviou o olhar encabulado. _Desculpe mais uma vez, não tive a intenção.

_Tudo bem. Ainda é tudo muito recente. -limitou-se.

_Marcelo? – Pedro chamou a atenção do amigo a contragosto, porém eles precisavam ter aquela conversa.

_Sim. -Marcelo já sabia exatamente o que viria e estava disposto a ouvir seu antigo melhor amigo.

_Eu preciso que você entenda que, independentemente, nós ainda somos amigos. Sei que nada jamais será como antes, mas, realmente, quero me desculpar por todas as besteiras que disse a vocês dois naquela noite. Eu estava transtornado. -Marcelo ouvia atentamente as palavras de Pedro, apesar de todo cansaço que sentia. _Vamos passar uma borracha em tudo o que passou e seguir em frente com nossas vidas? Creio que merecemos isso. Nossa amizade merece uma segunda chance. -Pedro mantinha um olhar e tom firmes, ele, de fato, desejava seguir em frente e esquecer o que passou entre eles quatro.

_Eu estou totalmente de acordo. Claramente, não será fácil restituir uma harmonia entre nós novamente, mas, também, não é impossível. Tenho plena certeza que Luiza não se oporá a isso, Pedro. Sigamos, é o mais correto a ser feito! -Marcelo falava do fundo do seu coração, uma vez que sabia que essa era a coisa mais certa a ser feita e, muito provavelmente, também era a vontade de Luiza.

Os dois velhos amigos se despediram com um breve aperto de mãos e um abraço. Caminhando para a saída, Pedro ainda abraçou Júlia e foi embora sem olhar para trás. Seu coração estava em paz, quem sabe o que lhe esperava pela frente? Ele não tinha a mínima ideia, mas não deixaria de viver sua vida por causa das amarras do passado. Esse era o rumo que todo ser humano deveria traçar para ser feliz, simplesmente, seguir em frente e tentar viver da melhor maneira possível sem guardar ressentimentos das situações difíceis que nos afligem cotidianamente. Infeliz ou felizmente, a vida não é feita apenas de conquistas positivas e sorrisos, ela, também, é composta por dissabores, e nós, como seres reflexivos, devemos dar o nosso melhor todos os dias para superar os obstáculos e alcançar a felicidade, sem nos deixarmos envolver por completo pelos sentimentos ruins que naturalmente afetam-nos diante desses percalços.

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