O primeiro de muitos

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Continuar, palavra essa que significa dar ou ter seguimento após interrupção. Esse verbo permeava toda a mente de Luiza, era tudo o que ela precisava fazer, seguir em frente sem olhar para trás. Mas o único problema era que, talvez, ela não quisesse fazer o que sua razão lhe mandava. Não queria ter que abandonar o sonho de viver ao lado da pessoa por quem estava apaixonada, entretanto não lhe sobrara escolhas. O círculo vicioso de decidir não dar bola para Marcelo, continuar com o Pedro, mas no final do dia ir dormir chorando por que não havia cumprido o que havia prometido para si mesma no início do dia estava lhe matando aos poucos, sem falar que já estava mais do que na hora de colocar um ponto final na história que aparentemente ela escrevera sozinha. Talvez, nada tenha passado de um sonho.

Quase um mês havia passado desde o resultado da biopsia do Sr. Marcos, ele estava se recuperando bem, respondera tranquilamente ao tratamento e sua família não escondia o quanto estavam felizes com o rumo que a sua saúde tomava. Marcelo passou a trabalhar ainda mais, já não ia almoçar em casa, ele e Luiza só se esbarravam quando ele chegava do trabalho ao anoitecer. Luiza sabia que o motivo para a ausência de Marcelo era a tentativa de evitar vê-la com mais frequência. Dessa forma, ela também estava se esforçando para cumprir com o combinado desde o dia em que eles tiveram aquela última conversa na varanda da casa dele. O grande beneficiado com tudo isso era o relacionamento da moça com Pedro, que prestes a completar dois meses estava estável e tranquilo.

— Tem certeza que você vai conseguir dar o ponto certo nesse brigadeiro, moço? –Luiza observava Pedro mexer o leite condensado com achocolatado. Era domingo à tarde e ela revelou que estava sentindo uma vontade imensa de comer brigadeiro.

—Hey, essa não é a primeira vez que faço isso, senhorita! Será que você poderia ir lá escolher o filme e me deixar cuidar disso aqui em paz, por favor? –sua voz era brincalhona, sorrindo, Luiza respondeu:

—Okay, mas se você queimar meu brigadeiro pode ter certeza que se arrependerá do momento em que insistiu prepara-lo.

—Certo, mas e se eu não queimar? O que eu ganho com isso?

— bom, primeiro vamos ver se essa coisa ai ficará comestível, depois resolveremos o seu prêmio. –com um sorriso sugestivo, Luiza voltou para a sala do apartamento que dividia com Júlia.

Um sorriso leve pairava no rosto de Pedro, ele estava cada vez mais apaixonado por Luiza, entretanto ele sempre soube que a reciproca não estava nivelada. Luiza jamais demonstrara estar realmente apaixonada por ele, porém com o tempo ele também sabia que as coisas poderiam mudar. Toda via Pedro, por vezes, divagava numa lembrança recente, uma lembrança doce, tentadora e extremamente intrigante. Isabela era o nome da linda jovem que Pedro havia conhecido em Petrópolis, despretensiosa ela o envolveu de um jeito avassalador em uma festinha de rua numa dança que ele mal conhecia. Sorrisos foram trocados, conversas simples embalaram a noite, mas tudo chegara ao fim com o anuncio do tempo que cruel não era nada flexível. As 03:40 da manhã Pedro se despediu da moça, com um pouco de peso na consciência e com a certeza de que aquilo jamais deveria voltar a acontecer.

—Qual vai ser o filme? –perguntou o rapaz ao chegar a sala sentando ao lado de Luiza no sofá.

—Insurgente da trilogia divergente, pode ser? –sorriu largo demonstrando que queria assistir exatamente a aquele filme.

—Certo. Agora prove o melhor brigadeiro do mundo, por favor. –pediu Pedro olhando para a garota.

Luiza comeu um pouco do brigadeiro fazendo uma expressão de satisfação e contentamento, fechando os olhos rapidamente ela gemeu baixinho aprovando totalmente o sabor perfeito do doce.

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