Cartas na mesa

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                  Os primeiros raios de sol invadiam as janelas da casa grande, Cassandra já estava com suas coisas arrumadas, ela só iria tomar café. A garota pretendia voltar naquele dia para a cidade de Boston, à noite passada havia sido bem estressante, ela não queria ficar na fazenda mais nenhum minuto. John arrumando também suas malas compartilhava do mesmo sentimento que Cassandra em relação à noite passada e o que faria hoje. Lucio se mantinha imparcial, de fato a noite anterior havia lhe incomodado, mas não o suficiente para ir embora, este por sua vez iria descer e tomar café e assim fez. Chegando ao jardim onde seria o café, Thomas apenas sentou-se à mesa entre as flores e esperou os amigos que logo saíam. O dia estava ensolarado e o clima estava bom, só não estava melhor pela cara de seus amigos que pareciam lhe metralhar com seus olhares. –Bom dia a todos. –Disse Thomas aos demais que sentavam-se à mesa. John e Lucio serviram-se com café, Cassandra bebia apenas um pouco de leite morno. –Bom dia Thomas. –Disse Lucio com um meio sorriso no rosto. A carroça que levaria Cassandra e John a cidade acabara de chegar, Thomas estava preparado pra isso. –Amigos, sinto muito, mas ninguém vai embora daqui. Não Hoje. –Falou Thomas com certa confiança enquanto tirava um papel do bolso e colocava sobre a mesa. Todos olharam curiosos e indagados com a fala anterior de Thomas, mas esperavam ele terminar de falar. –Aqui está uma ordem judicial assinada pelo meu amigo ministro de Boston. Essa ordem me permitiu abrir o caso arquivado da morte de Nathan e proíbe qualquer um de vocês saírem desta fazenda, caso saiam, serão considerados como culpado automaticamente pela morte dele. –Antes que Thomas pudesse terminar de falar, Lucio indignado assim como os outros, pega o papel da mesa e olha para ver se é verídico, esse por sua vez era entendido de assuntos como este.

-Isto é um absurdo! –Exclamou Lucio.

-Como pode nos prender aqui Thomas? –Indagou John.

-Sete longos anos se passaram Thomas, estamos todos bem, acredito que não precise ir a tanto, deixe os mortos, mortos e os vivos viverem. –Disse Cassandra se manifestando com tamanho desdém. –Thomas guardava o documento no bolso e então se direcionava as manifestações e questionamento dos amigos dando de ombro em cada um deles. –Acho melhor não se exaltarem por isso, pois ficaremos aqui por muitos dias ainda. Mas vamos ao que interessa. Se ninguém é culpado não há por que temer, se eu não encontrar o culpado, vocês estarão livres para sair daqui quando quiserem. –Disse tomas entre suspiros. Cassandra se mantinha ainda indignada assim como os outros, suas expressões faciais eram de raiva e de mistério, mas nitidamente tentavam disfarçar. – Pelo que eu vi no documento escrito do depoimento de vocês, a Sra Cassandra estava costurando, o que é muito estranho, pois era uma noite de chuva e a luz de velas mulheres não costuram. –Impôs Thomas tentando causar algum tipo de pressão a senhorita. –Thomas, eu estava costurando. Estava escuro sim, mas eu não conseguia dormir com o barulho das trovoadas se é que me entende. Como não conseguia dormir, fui tentar costurar pra ver se o sono voltava. –A garota falava segura de suas palavras, talvez fosse uma forma de despistar, Thomas não sabia, mas não questionou o álibi dela. –Lucio você disse que estava cavalgando, Então eu me pergunto como alguém sairia pra cavalgar em uma tempestade? –Falava Thomas calmamente insinuando acusações. –Ora Sr Thomas, eu apenas fui tentar salvar alguma coisa da plantação de café. Eu particularmente trabalhei muito naquela plantação para perder tudo em uma tempestade. –O argumento dele era válido e consistente, porém não estava fora de questão. –Padre John, o seu álibi era de que o senhor estava dormindo, o que é muito estranho já que as trovoadas eram tão altas que chegava a tremer as coisas. Como alguém conseguiria dormir com todo aquele barulho? –Questionou Thomas. John ficou quieto por uns instantes pensativo, mas deu de ombros e respondeu. –Eu tinha bebido muito vinho naquela noite, por isso, caí no sono. –A resposta dele tinha sido muito fácil, Thomas não aceitava, assim como não aceitou a resposta de nenhum ali, mas relevou pelo momento, pois precisava pensar.

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Mais um capítulo aí pessoal, espero que tenham gostado, digam o que acham e votem se gostar.

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