Lucio?

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       No escritório da casa grande Thomas estava sentado atrás da mesa pensante como todos os dias, a conversa do dia anterior com John havia sido muito forte e esclarecedora, se ele realmente fosse o assassino, boa parte de tudo isso estava resolvido e talvez ele fosse, a carta era uma prova disso, mas todos os outros pareciam ter seus motivos também, então quem teria sido? As perguntas sem resposta continuavam perturbando a cabeça de Thomas até que seu raciocínio é quebrado por velho Chico que chega com uma carta em mãos. –Thomas, o carteiro acabou de vir da cidade com essa carta destinada a Lucio, poderia entregar a ele? –Velho Chico falava colocando a carta sobre a mesa. –Claro que sim seu Chico, se ver ele, pode avisar que deixou a carta comigo aqui no escritório que eu mesmo entregarei. –Ao escutar, velho Chico se retira. Thomas continuava ali sentado pensando, ao olhar o envelope viu que era de urgência, pois tinha escrito atrás do envelope. Talvez aquilo fosse de interesse de Thomas, sem perder tempo Thomas pega uma pequena navalha que tinha na gaveta da mesa e então abre o envelope com cuidado, logo em seguida pega a carta para ler.

"Papai, já está com mais de sete anos que nossa situação financeira não é mais a mesma, eu estou quase sendo expulsa da universidade por  não pagar a mensalidade a meses, eles ainda me mantem aqui por que seu nome vale alguma coisa. Mamãe me disse que o banco está falido e todas as suas propriedades interditadas. Eu vou fazer o possível pra me virar por aqui papai, cuide da mamãe. Contudo, quero que saiba que estou bem, estou pronta para que o senhor arrume um marido rico e de boa família para mim.

De sua filha Alana"

-Estou interrompendo alguma coisa Sr Thomas? –Disse Lucio ao entrar no escritório vendo a cena. –Encontrei velho Chico ali fora, ele disse que tinha uma carta para mim e não para você. –Lucio dizia com certa elegância por ter tido uma boa criação, contudo ele expressava sua raiva de uma maneira mais sutil. Ao tomar a carta das mãos de Thomas, Lucio então pode ler o conteúdo da carta quase soltando lágrimas de um pai preocupado com sua filha. Para Thomas aquelas lágrimas eram compreensíveis, mas a carta tinha lhe trago novas indagações em relação a Lucio. –Por que nos escondeu que estava falido? Sua filha diz na carta que você está falido a mais de sete anos, tempo condizente em que Nathan estava vivo. –Fala Thomas tentando se impor a ele.

-Você não tinha o direito de ler esta carta, contudo vou lhe responder o que me pergunta. Eu escondi isso de todos por vergonha, pra manter o meu status social, pra arrumar um pretendente pra minha filha. –Lucio jogava alguns argumentos em sua resposta com a intenção de desviar de qualquer acusação futura vinda de Thomas.

-Entendo essa parte Lucio, mas acho que isso tem alguma coisa haver com Nathan, pois segundo a carta o tempo é condizente antes e com o tempo da morte dele. Todos sabem que você nunca quis que sua filha vinda de uma boa família, com um sobrenome e status social se envolvesse com alguém que não tinha nada para oferecer. O fato de você estar falido desde aquela época explica o motivo pelo qual você não queria ele com ela. –Falava Thomas sentado.

-Vá direto ao ponto meu caro. –Proferiu Lucio dando de ombros.

-O que eu quero dizer é que uma alternativa fácil para você sair da crise com sua família era um casamento, casamento que seria impossível enquanto Nathan estivesse no caminho, talvez por ele ser um empecilho no seu caminho você tenha lhe eliminado. –Disse Thomas atacando com seus argumentos mais fortes que tinha no momento.

-Acusações levianas e sem provas, eu esperava mais de um detetive como você Thomas. Eu jamais mataria Nathan por isso, pois acima da minha ambição está minha filha e ela amava Lucio.

-De fato amava mesmo, por esse motivo você talvez se viu obrigado a cortar esse amor pela raiz, pois Nathan e Alana não iriam terminar por você, ambos tinham deixado bem claro, então você pode ter se visto obrigado a mata-lo. Na noite da morte você foi o último a chegar, não pense que não notei que suas mãos estavam sangrando. –Disse Thomas acusando.

-Sim estavam, mas eu me feri em um dos galhos do cafezal, e cheguei por último por não estava na casa, o que é bem compreensível, mas a real pergunta seria para você que chegou primeiro. –Lucio deu de ombros e ainda contra-atacou.

-Lucio, vou lhe falar o que falei as autoridades. Eu estava lendo um livro naquela noite, em seguida tentei dormi, mas não conseguia por causa do barulho das trovoadas, então fui beber um pouco de água, mas ao chegar no corredor, notei que havia sangue saindo por baixo da porta do quarto de Nathan, então eu lhe encontrei e gritei por ajuda. Satisfeito? Não pense que eu não sei que você está apenas tentando mudar de assunto. –Proferiu Thomas levantando e se aproximando de Lucio. –Não tente me ludibriar.

-Claro que não, longe de mim. –Lucio também se aproximava enquanto falava. –Mas todos sabemos que você teve uma discussão com ele na adolescência por causa de uma garota, cujo ele conseguiu a garota. Talvez você tenha guardado rancor todo esse tempo até o momento que você o matou. –Acusou Lucio. –Tome cuidado com as palavras Thomas.

Thomas se viu em uma situação que também era acusado, mas ele sabia que aquilo não tinha sido ele. Já não havia mais o que falar por enquanto com Lucio, Thomas então se dirigiu para fora do escritório e foi para seu quarto.

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