Cassandra?

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                     Cassandra costurava um fino tecido branco lembrando de algumas coisas de seu passado. A essa altura ela sabia que todos notaram seu desdém para com Nathan ou qualquer coisa relacionada a ele. Cassandra era uma moça jovem e solteira, tinha 26 anos e era enfermeira e sempre foi a mais alegre de todo grupo, porém antes da morte de Nathan ela havia mudado totalmente seu jeito para com ele, por algum motivo que só ela e talvez Nathan soubesse também.

                       Ao passar pelo corredor, Thomas notou que a porta do quarto de Cassandra estava aberta, onde ela estava sentada em sua cama costurando um tecido. Ao perceber que Thomas passava por ali, Cassandra então acena para chamar sua atenção. –Thomas entre aqui e sente-se. –Aquilo soou como água no deserto, pois Thomas queria se aproximar dela para conversar e perguntar algumas coisas, o estranho era que mesmo com todo aquele desdém de outros dias ao ficar perto de Thomas, agora ela lhe chamava, Thomas sabia que ela tinha intenção de falar algo relacionado a Nathan, ou não lhe chamaria ali. Contudo, Thomas entrou e se sentou onde ela havia ordenado. A princípio ambos ficaram calados, talvez sem coragem de comentar algo que possa causar uma discussão.

-Sua mãe me ensinou a costurar lembra? –Disse Cassandra quebrando o silêncio.

-Lembro sim, lembro também da primeira peça que você costurou. –Falava Thomas dando continuidade ao assunto.

-Foi um pequeno cobertor pro nosso cachorro. –Disse a garota soltando uma pequena gargalhada enquanto costurava.

-Mas eu estou aqui por Nathan não é mesmo? –Proferiu Thomas puxando o assunto para o núcleo da conversa. Ao ouvir aquele nome, a garota furou seu dedo com a agulha, mas ficou firme olhando Thomas. –Sim, esse mesmo. –Disse ela com tamanho desdém como se fosse uma tortura tocar em seu nome.

-Tenho algumas perguntas para lhe fazer. –Thomas percebeu que o nome mexia de certa forma com o psicológico dela que mesmo costurando muito bem, a garota havia se furado.

Ao largar o tecido, a linha e a agulha, Cassandra fitou Thomas como se quisesse lhe esganar, mas ela estava disposta a responder tudo que conviesse ao caso. –Estou ouvindo Thomas.

Talvez o fato dela estar disposta a responder fosse uma maneira de despistar Thomas, mas Thomas iria fazer o possível para encontrar a verdade ali. –Dentro de um ano antes da morte de Nathan, você mudou totalmente com ele. Você ia embora quando ele aparecia, evitava ele, chorava pelos cantos sozinha. Por que mudou repentinamente? –Disse o garoto expondo as razões de sua primeira pergunta.

Esse assunto mexia de tal forma com Cassandra, que esta estava à beira de chorar, porém se segurava para manter a postura de dama. –É complicado falar disso depois de sete longos anos, mas Nathan não era o que aparentava ser, ele.... –A garota não conseguia terminar de falar para que derramasse suas lágrimas.

-Ele o que Cassandra? –Disse Thomas ansiando por uma resposta.

-Ele tirou minha pureza, ele me manchou. –Ao falar estas palavras, a mesma escondeu seu rosto chorando e envergonhada na saia balão de seu vestido.

-Thomas estava surpreso, ele não sabia se a garota falava a verdade, mas ele acreditava nela, mas esse era um grande motivo para que ela tivesse matado ele, mas Thomas só conseguia imaginar o que ela passou.

-Ele me forçou, eu nem ao menos pude me defender, ele era mais forte e depois de tudo ainda fui obrigada a ficar calada por causa das circunstâncias. Se meu pai soubesse que eu tinha deixado de ser pura seja por qual razão fosse, ele me expulsaria de casa, mataria Nathan ou me forçaria a casar com ele e isso seria o inferno. –Ela falava tremendo, lembrando das atrocidades de Nathan para com ela. –Eu tive que ficar calada, pois se soubesse que eu não era.... eu não iria mais conseguir arrumar um marido, não iria mais conseguir nada nessa sociedade onde a mulher só é alguma coisa se tiver um homem.

-Cassandra isso é muito grave. Você o matou? –Perguntou ele sem delongas.

-Claro que não, mas não nego que senti vontade de fazer isso várias vezes, e digo ainda mais que a morte dele foi libertadora pra mim, fiquei feliz, pude respirar novamente, por isso não gosto de tocar neste assunto, mas eu não matei aquele desgraçado. –A garota afirmava com total convicção, faltava alguma coisa que ela não queria contar, Thomas sabia disso, mas por hoje já bastava, tinha sido demais pra ela. Ao sair do quarto Thomas começou a pensar na conduta de Nathan e o que faria agora.

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