DEIXE-ME IR, OH SANTO PECADO!

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O que acontecia dentro de Alecrim, parecia não interferir no restante do Alto Continente, mas ao contrário, havia um mundo ao redor deles que a qualquer momento poderia desabar em suas cabeças.

Ele montava seu cavalo, e começava a deixar as roupas pesadas do frio intenso de sua terra para poder entrar na quente primavera da região central do Alto Continente. Os corvos podiam ser vistos de longe, uma multidão de quarenta mil homens descia ao reino do louco Romero II e não escondiam o desejo de aterrorizar os inimigos que bebiam e comiam fartamente.

Os olhos do imperador Cassius pareciam sangrar de ódio pela futilidade do rei Romero, que devia valores exorbitantes aos cofres da Casa do Vale dos Anjos. Isso porque o imperador sequer imaginava a riqueza e o exagero que estava sendo desfrutado na grande festa da deusa Lybia. Cassius já tinha cercado a capital cultural Cidade Luz (construída por Romero I), mas não estava nada satisfeito com o atual rei Romero II.

Àquela altura, os corvos já atravessavam as águas do rio Naburu e estavam cada vez mais próximos de Alecrim.

Enquanto isso, a entrada da madrugada do quarto dia de festa esbanjava cada vez mais a exorbitância dos onze reinos, mas nos aposentos do príncipe Frederic, uma mistura de paixão e desejo parecia ser o início de um grande amor, ou uma grande tragédia.

Completamente apaixonado, Frederic beijava os doces lábios de Marjorie e ela tentava resistir, mas era difícil demais para a jovem, pois não conseguia mais conter aquele intenso momento.

Os olhos amarelados do príncipe estavam cada vez mais alucinados pela beleza da jovem alteza de Alecrim. Marjorie deitou-se na cama e naquele instante não soube mais resistir àquela insana paixão. Suas mãos acariciavam o corpo dele e ele se perdia nas curvas femininas e na pele suave dela.

─ Eu quero viver para sempre ao teu lado, meu amor! – Sussurrou Frederic no ouvido de Marjorie.

Enquanto isso, do lado de fora, uma ameaça...

Nancy tentava a qualquer custo proteger o casal, mas alguém parecia ter voltado do baile mais cedo. Ela apreciava a grandiosa estátua da deusa Lybia, até que se deparou com a voz de alguém que ecoava por detrás.

─ O que uma meretriz negra faz a essa hora aqui nesta ala deserta? Aliás, na porta do quarto do príncipe?

Aquela era a voz da rainha Melissa, com mais um de seus desnecessários comentários. Ela se aproximou e antes que Nancy pudesse esconder seu rosto, a rainha, a reconheceu.

─ Espera! Acaso não és uma das prostitutas do meu rei Enoch? Não és uma das que meu eunuco colocou para servir o príncipe? O que fazes do lado de fora de seus aposentos?

Nancy ficou em silêncio, mas por pouco tempo. Seu cérebro estava tentando raciocinar uma resposta rápida para a implacável rainha Melissa. O queixo de Nancy tremia e ela sentiu aquele forte calafrio, pois ninguém gostava da fria presença da rainha da Província Vermelha, e alguns até a chamavam de "a figura do deus Haya" no Alto Continente, a saber, o deus da morte, do submundo e do reino da Ilha de Fogo.

Com as mãos suando, Nancy ousou enfrentar a "mãe dos demônios" ...

─ Perdão, minha senhora! Eu estou no meu período de regras, como acontece com todas as mulheres. O príncipe, seguindo às ordens do deus Niro, não aceitou que eu me deitasse com ele e preferiu ficar com as outras servas.

Melissa olhou para Nancy com um desprezo e uma desconfiança aterrorizante. Ela parecia ter voltado do baile com sangue nos olhos, bem pior que o normal.

Sangue, Fogo e Cristal Onde histórias criam vida. Descubra agora