CASSIUS

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O espírito da deusa Lybia se angustiava pelo que seus olhos viam. Não apenas ela, mas todos os criadores da Terra. Naquele momento, os deuses estavam reunidos, ouvindo as gargalhadas de Niro de Haya, diante do massacre que presenciavam. O céu amarelado daquele fim de tarde deu lugar a uma imensa escuridão de nuvens densas, espalhando ainda mais o sentimento de medo e desespero diante do que estava por vir.

Marjorie segurou a mão de sua mãe. Podia-se notar o assombro da rainha pela pele pálida e sem vida. A fortificada Alecrim nunca havia sofrido um atentado daquele porte.

Nancy ficou o tempo todo ao lado da princesa e da rainha, até que a mesma viu Olívia, rainha de Satres sendo levada nos braços por seu esposo. Olívia estava com a perna toda ensanguentada. Nancy, vendo aquilo, correu em sua direção e os ajudou.

A rainha Olívia ficou olhando para ela. Nancy sentiu que a mão dela passava por seu rosto, até que desmaiou nos braços de seu esposo. O rei Novak entrou em desespero.

— Olívia? Não me deixes, por favor. Continue a respirar.

Nancy fez de tudo para controlar o nervosismo do rei. Até que lembrou do harém onde as mulheres dormiam. A porta do castelo estava aberta somente para as pessoas da realeza e então, Nancy apontou que era para ele leva-la até o harém, pois a ala da realeza de Satres estava muito distante e a rainha poderia não resistir aos ferimentos. Novak olhou para a jovem e a agradeceu pelo que estava fazendo. Assim seguiram e Nancy voltou para procurar pela princesa Marjorie.

De repente, o barulho das trombetas e dos tambores ficaram cada vez mais próximos. Até que, no fim da praça imperial, a multidão que antes corria passou a se ajoelhar. Todos começaram a dobrar os seus joelhos e aquilo arrancou a admiração de reis e rainhas que ali estavam. Uma multidão de milhares de pessoas trocou o barulho ensurdecedor dos gritos por um terrível silêncio. Aos poucos a única coisa que pôde ser ouvida foram os cascos dos cavalos marchando na entrada da praça imperial.

— Pai? O que está acontecendo? – Perguntou Marjorie ao rei Romero.

— Eu! Eu provoquei a ira, e dessa vez não foi a ira dos deuses.

Aquela foi a última vez que Marjorie viu o rei. Ele fugiu da presença de todos, antes que Cassius o encontrasse.

Nenhum dos reis se arriscou a ficar próximo das autoridades de Alecrim, antes, tentaram ao máximo se esconder dali. Da escadaria do castelo, Enoch e Melissa observavam todo aquele conflito. O rei da Província Vermelha virou-se para sua esposa e disse-lhe:

— Romero arrancou a pena do corvo errado. Tenho certeza que são eles. O Vale dos Anjos está aqui.

Naquele instante, diante de todos, os tambores e as trombetas da comitiva pararam de tocar. Marjorie, de cabeça baixa, assim como toda a nobreza e realeza, atentaram para o que o arauto dizia:

— Ouçam, povos! Reinos e todas as línguas. Dobrem-se diante do único. A lenda vida e a imagem do grande deus Arash aqui na Terra. A autoridade suprema de todo o Alto Continente. Este é o vosso imperador! Este é digno de temor e devoção.

Um cavalo de cor negra parou de frente com a princesa. Os cascos dos cavalos adornados com peças de metal e bronze a fez fechar as mãos de tamanho nervosismo que estava sentindo. Marjorie, ouvindo aquela voz grave, sentiu o vento frio e o temor. Cassius então, lhe orientou:

— Leve a sua mãe para um lugar seguro. O meu problema ainda não é com a donzela.

A princesa levantou-se assustada e se permitiu que olhasse diretamente nos olhos do imperador. Eles então tiveram o primeiro contato visual. Cassius conseguiu enxergar uma bela jovem, mas completamente assustada. A visão de Marjorie era surreal e aterrorizante. Seus olhos contemplavam uma trindade diabólica, onde Cassius montava um cavalo de quase o dobro da altura da princesa, ao lado de seus dois conselheiros, os generais Auro e Titus.

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