Bullying • Hayes Grier

024 || kolen

Sinto o vento gélido em minha pele e dou um coque em meus cabelos. Respiro fundo e abraço meus braços.

Aumento a velocidade dos meus passos para que eu possa chegar mais rápido em casa.

Começo a pensar em tudo que está acontecendo na minha vida.

Molly deveria me achar um pouco fria, mas depois de tudo que eu passei, é difícil acreditar que alguém realmente quer ficar ao meu lado me ajudando.

É que ninguém nunca gostou do que há por trás das cortinas, e eu acredito que ninguém vai gostar. Eu sou uma ruína.

As pessoas têm que entender que nem sempre é fácil de lidar comigo, eu me machuco facilmente, e por conta disso eu prefiro o silêncio, é para evitar conflitos, é para evitar estragos, eu estou cansada de deixar meu coração me guiar, é assim que os mais racionais fazem, não é? a razão evita conflitos, ser sentimental demais me machucou tanto.

Tantas agressões eu já sofri, e ainda sofro. Eu só queria ter uma vida normal. Eu cresci sem ninguém, e acho que vou morrer sem ninguém. Até porque, esse deve ser o meu destino. Estou destinada a ficar sozinha.

Paro em frente à minha casa e olho ao redor, vou em direção ao meu quintal e me deito naquela grama meio úmida. Começo a encarar aquele céu limpo, deixando as estrelas visíveis.

— Eu só queria entender o porquê do Hayes me odiar, eu nunca fiz nada pra ele. — Falo baixo para mim mesma ouvir. Sinto lágrimas descerem em meu rosto e fecho os olhos.

Flashback on.

— Por que a senhora está chorando, mamãe? — perguntei enquanto ajeitava a tiara em meus cabelos. Coloco minhas mãos pequenas em cima da mão do braço da mesma e sorrio. — Aconteceu alguma coisa?

Mamãe levantou o rosto e me encarou. Deu um sorriso de lado e beijou minha testa.

— Não é nada. Eu só estou um pouco cansada. — mamãe disse com a voz um pouco falha.

— Mamãe, a senhora é a mulher mais forte que eu conheço. Quando eu crescer eu quero ser igual a senhora, linda, determinada, forte. — Me aproximo da mesma e a abraço forte. Sinto os braços dela em volta da minha cintura e me abraçando forte. — Eu te amo, mamãe.

(...)

— KOLEN. — escuto mamãe gritando do quarto dela e saio do meu quarto. Vou em direção ao quarto dela e entro no mesmo.

— Aconteceu alguma coisa, mamãe? — Perguntei com a voz um pouco calma e vejo minha mãe se levantando.

— Aconteceu. — Mamãe deu risada e tocou em meus cabelos. — Eu acho melhor falar para você, do que ter que guardar para mim. Eu nunca quis ter você. Eu deveria ter te abortado. Eu queria muito que você tivesse morrido naquele parto, se dependesse de mim, você não estaria aqui. — Mamãe se abaixou um pouco para ficar na minha altura e segurou meu rosto. Lágrimas começaram a descer pelo meu rosto e eu encaro os olhos da mesma. — Eu te odeio.

Sinto meu rosto esquentar e percebo que acabei de levar um tapa no meu rosto. Saio correndo daquele quarto e vou em direção ao meu. Fecho a porta e me sento no chão. Chorando alto, soluçando até não aguentar mais.

Flashback off.

Por que minha mãe despejou ódio em uma criança tão inocente?

Sabe, eu não sei o meu propósito aqui na terra, mas Deus deve ter me colocado aqui apenas para sofrer.

Eu queria ter tido uma infância normal. Queria que minha mãe cuidasse dos meus machucados. Meu pai era mais carinhoso que minha mãe, mas ela fez a cabeça dele, e os dois começaram a me odiar.

Eu queria fugir de mim mesma. Mas talvez seja inevitável, suponho que temos que enfrentar a nós mesmos todos os dias, haverá dias que ganharemos, haverá dias que perderemos. Mas de fato há momentos em que desejo fugir de mim mesma, destacar-se do meu corpo e conhecer outra realidade distante.

"Ainda que fuja do campo para a cidade, ou da rua para a tua casa, a tua consciência vai sempre estar contigo... Da tua casa só podes fugir para o teu coração. Porém para onde fugirás de ti mesmo?"
Santo Agostinho.

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oi gente, desculpa a demora para atualizar, é que eu estou cheia de trabalhos escolares. eu tentei fazer um capítulo ótimo para vocês, não sei se está bom o suficiente. espero que vocês gostem.
eu amo vocês, sério.