Capítulo 2

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CAPÍTULO DOIS

FELIPE

Quem já sofreu algum acidente, como já aconteceu comigo, sabe que logo depois você fica tonto. Não sabe bem o que aconteceu. Fica meio desnorteado.

E é exatamente o que acontece no exato momento que aquela mulher se levanta a minha frente. Seu vestido azul colado ao corpo, cabelos castanhos solto pelos ombros, e aqueles olhos verdes... Fico impactado. E isso não é algo que aconteça com frequência.

Ela entra na minha sala e senta-se na cadeira que indiquei. Contorno minha mesa e sento em frente a ela.

— Então, Anna? Posso chamá-la dessa forma não posso?

— Claro.

— Então você já trabalhou aqui no escritório? Na época do meu pai?

Ela dá um leve sorriso.

— Sim, foi há bastante tempo, quase vinte anos. – ela me encara por um tempo. – Eu... eu me lembro de você – revela.

—Lembra de mim? – pergunto surpreso, era raríssimo eu vir ao escritório do meu pai na época que ela se refere.

— Sim. Você veio visitar seu pai... morava no Rio, eu acho... era atleta.

Eu a olho, surpreso.

— É verdade... Nossa! Foram bons tempos.

Me estranha que eu não tenha a mínima lembrança dela. Mas na época eu era um garoto que só pensava na minha adorável vidinha na cidade maravilhosa. Anna se mantém calada. Parece-me ser uma mulher discreta e não me pergunta mais nada.

— Meu pai me falou que gostaria de voltar a trabalhar.

— Sim, eu quero muito.

Olho para seu currículo na minha mesa.

—Você quase não tem experiência...

— É verdade, mas me mantive atualizada, principalmente, na área civil.

Olho para ela.

— Preciso dizer que não costumo contratar ninguém que eu não conheça o trabalho. Nem mesmo por indicação. A não ser que eu mesmo seja quem indique. Neste escritório, todos são profissionais competentes, e, por favor, não leve a mal, não estou dizendo que não seja competente, apenas desejo ser sincero com você.

Ela assente.

— Sim, eu entendo, sei que minha falta de experiência depõe contra mim, mas lhe garanto o máximo de empenho.

Escuto seus argumentos.

— Bem, o salário aqui não é um grande salário, mas acredito que seja justo...

— Eu não estou aqui pelo dinheiro – ela me interrompe. – Não que eu não queira receber, eu quero ganhar pelo meu trabalho, mas a verdade é que desejo ser... me sentir útil.

Olho por um tempo para ela.

— Entendo.

A porta se abre e meu sócio entra na sala.

— Opa! Desculpa interromper.

— Pode entrar, Francisco.

— Anna este é Francisco o outro sócio. Nossos pais fundaram este escritório e agora nós continuamos o trabalho deles.

Francisco e Anna se cumprimentam.

— Essa é a pessoa que meu pai havia nos falado.

— Ah é claro. As recomendações foram ótimas ao seu respeito.

MINHA RAZÃO PARA AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora