CAPÍTULO SEIS
FELIPE
Você não percebe quando as coisas começam a mudar.
Quer dizer, tem pessoas que quando se apaixonam são pegos de repente. É algo meteórico. Intenso. Você fica meio que como se fosse explodir. Depois, ou tem a sorte de que aquela paixão vire amor, ou então, tudo vai se extinguido. Como o fogo intenso em que as chamas vão aos poucos se apagando.
Outras pessoas começam a sentir algo por uma pessoa aos poucos. Primeiro uma simpatia imensa, depois admiração, amizade e, assim vai indo até perceber que é amor. Amor verdadeiro. É claro que há paixão também, e ela está apenas esperando uma brecha para que possa tomar conta de você por inteiro.
O fato a ser encarado é que percebi, já há algum tempo que algo estava acontecendo comigo. Algo relacionado à Anna. Bem, eu era seu amigo, ela era minha amiga, mas de uns tempos para cá havia mais. De fato, ela chamou minha atenção desde a primeira vez que nos conhecemos, mas aquilo não foi nada a mais, do que apenas achar uma mulher bonita. Nem sempre quando um homem acha uma mulher bonita, tem que se sentir atraído por ela, ou querer algo mais. É errado o pensamento de que sempre que estamos perto de uma mulher temos que pesar em querer levá-la para cama. Isso não é ato de um homem de verdade, e sim, de um cafajeste.
Sempre respeitei as mulheres que são comprometidas. Todas elas. As que têm namorado, noivas e, principalmente, as casadas. E não era diferente com Anna. Sim, me senti atraído por ela, mas nada demais. Depois veio a amizade dela que eu prezo muito. Ela precisa de um amigo e eu também precisava de uma amiga. Juliana era minha amiga, mas não era do mesmo jeito, eu não sentia essa conexão que sinto quando estou com a Anna.
O problema é que os sentimentos parecem estar mudando. Aquela viagem a praia serviu, principalmente, para uma coisa: para que eu visse Anna de outra forma. Ela não era apenas a mulher que eu admirava, que eu nutria uma grande amizade. Ela era mais. Eu queria mais. Isso era inaceitável. Ela era casada. Era apaixonada pelo marido, dava para ver. Mesmo que eu achasse muito estranho o marido estar sempre longe, sempre viajando, se percebia o quanto ela o amava.
Respiro fundo olhando para os processos abertos sobre a minha mesa. Estou cheio de trabalho, mas fiquei mais uma vez pensando em que atitude tomar quanto a minha relação com a minha amiga.
Eu devia ter me dado conta de que as cosias não estavam bem quando a última coisa que pensava antes de dormir e a primeira quando acordava, era nela. Quando a primeira cosia que eu queria fazer, quando via algo legal e diferente era mandar uma mensagem para Anna. Ali já estava a claro que a situação merecia cuidado.
Eu precisava tomar uma atitude. Talvez fosse apenas uma atração imprópria por uma mulher que estava constantemente em minha vida. Nos víamos todos os dias no escritório. Depois, quando saímos, íamos pegar nossas filhas no balé e acabávamos tomando um café na cafeteria próxima a escola das meninas. Batíamos muito papo e, Anna me ajudava constantemente quando eu precisava fazer algo diferente no cabelo de Sofia para alguma apresentação. Na verdade, Anna ia até minha casa e me ajudava com o penteado da minha filha.
Para ajudar Sofia era apaixonada por Anna chegando ao ponto de e perguntar por que eu não a namorava. Quando expliquei que Anna já era casada com o pai de Marília, Sofia me surpreendeu:
—Mas o pai da Marília nunca está em casa.
Fiquei atento.
— E ela não gosta de falar dele – acrescenta Sofia.
—Você já perguntou a ela, filha?
— Perguntei por que o papai dela nunca estava em casa.
— E o que Marília respondeu?
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MINHA RAZÃO PARA AMAR
RomanceApós uma infância difícil pela perda dos pais, Anna Tavares conquistou seu sonho encantado ao se casar com seu grande amor. Contudo nem todo felizes para sempre é real. Quase vinte anos depois de ter desistido da carreira para cuidar e educar seus...