Capítulo 7

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CAPÍTULO SETE

ANNA

Começo a me perguntar se estou ficando maluca. Sento na minha cama, o suor tomando conta de mim. Limpo meu rosto. Devia ter ligado o ar condicionado, assim, não estaria com tanto calor. Não era só por isso, não era apenas por conta do calor de quase trinta graus, da primavera quase verão de Porto alegre, que eu estava suando daquela forma. Era o sonho. Aquele maldito sonho com Felipe novamente.

Como posso ter um sonho... erótico com o homem que é meu melhor amigo? Como posso ter esse tipo de sonho se amo meu marido com todo meu coração? Só posso estar ficando maluca.

E isso já havia acontecido outras vezes. Eu havia falado com Carla sobre isso pelo WhatsApp. Claro que não disse que se tratava de mim, mas sim de uma amiga, apesar de que eu tinha certeza de que ela desconfiava que fosse eu. Carla acabara me dizendo que uma mulher quando está sozinha acaba se permitindo fantasiar. Na verdade, todas as mulheres fantasiavam, mas que o caso da "minha amiga" era mais singular por ela estar a muitos anos, sozinha.

Eu mesma acreditava que tudo isso se explicava porque após ver Felipe na praia. Após ver todo o homem que ela era, eu ficara impressionada. Era uma explicação lógica. Eu era uma mulher solitária há cinco anos. Meu corpo era solitário. Era natural.

Outra coisa que estava me incomodando era um ciúme, sem cabimento, que eu começara a sentir de Felipe. Eu me ressentia quando ele saia para seus encontros. Não que fossem muitos, mas afinal ele era solteiro... Pelo amor Deus!Ele era apenas meu amigo! Eu não tinha o direito de querê-lo sempre comigo.

Nas semanas seguintes, consigo não ter mais nenhum sonho constrangedor com meu amigo. E pior, meu chefe também. A amizade que eu e Felipe construímos é muito importante para mim. Se achei que Mateus precisava da companhia masculina, como um exemplo, acho que, no fim, eu também precisava. Mesmo que fosse apenas um amigo.

No escritório, Célia estava deixando à todos nós, animados por conta dos preparativos de seu casamento. Suas colegas mais próximas, incluído eu, a ajudávamos em quase tudo quanto à organização do casamento. Eu estava adorando. Ela era uma boa amiga e merecia a nossa ajuda.

Naquela tarde, Felipe para perto da minha mesa. Estou tão atarefada com o processo em que estou trabalhando, que mal o olho.

— Esse deve ser um daqueles – ele diz.

— Um daqueles?

Pergunto ainda com os olhos colados a tela do computador.

— É. Fiquei observando você da porta da minha sala e, pelas caretas que você estava fazendo enquanto lia o processo, imaginei que fosse um daqueles de arrancar os cabelos.

Eu rio. Olho para ele e retiro os óculos.

— Você não tem nada melhor para fazer do que ficar me observando?

— Não mesmo. É claro, que tenho uma montanha de processos estacionados na minha mesa, mas o que é melhor que olhar para uma garota bonita? – brinca.

Eu já não era mais uma garota há bastante tempo. E bonita, não era uma das coisas que eu achava que se podia dizer sobre mim. Eu não era feia, óbvio, mas bonita... Mesmo assim, gostei do elogio. Ultimamente, Felipe flertava, brincava comigo e às vezes se estendia para as outras colegas de trabalho. Mas ele fazia isso de um jeito tão respeitoso. Era o jeito dele. Um sedutor. Contudo todos sabiam que o chefe era um cara do bem.

Resolvo não responder ao seu elogio, pois não sei o que dizer. Me sinto encabulada. Faz tempo que não recebo um elogio assim.

— É um processo contra uma empresa de seguros, e... sei que tenho que representar a empresa, mas você sabe?... Às vezes...

MINHA RAZÃO PARA AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora