Capítulo 3

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CAPÍTULO TRÊS

ANNA

Da minha mesa, noto quando as outras advogadas pararam de conversar e rir para acompanhar, com os olhos, a bela loira que sai da sala de Felipe naquele momento.

Assim que a mulher entra no elevador, elas começaram a conversar.

— Não disse que ela estava ai! – Letícia se vangloria.

— Está certo. Você viu realmente que a doutora Juliana estava aqui, mas então eu pergunto: e daí? Os dois são amigos há anos – Fernanda calmamente, diz.

— Não só amigos. Eu os vi no maior amasso naquele barzinho.

— Isso já faz dois anos Letícia! – Aline intervém.

Eu não quero prestar atenção à conversa delas, mas é quase impossível.

Desde que comecei a trabalhar no escritório procuro ser o mais profissional possível, dedicada a aprender o que não sei e a desempenhar o papel que esperam de mim. Para isso, tenho apoio de Célia. Da mesma forma, que fomos amigas no passado, agora, também conseguimos estabelecer uma boa relação. Tento me enturmar com as outras pessoas, mas sou reservada, e não tenho tido muito sucesso. As advogadas são todas mais jovens que eu. Bem mais jovens. Algumas são recém-saídas da faculdade, então, é difícil estabelecer uma conexão. Fernanda parece ser a pessoa que mais gosta de conversar comigo. Isso se deve ao fato de trabalhamos quase lado a lado, na mesma sala. Rosana também é uma moça legal. Gosto dela. Aline e Letícia, as outras advogadas da sala são um pouco diferentes. Letícia é a fofoqueira de plantão, e Aline, parece não gostar muito de mim. Suas indiretas sobre haver pessoas, que precisam mais desse emprego do que eu, não são nada discretas, são quase diretas mesmo. Eu relevo. Ela é jovem, não sabe nada da vida, e muito menos, da minha vida. Além disso, sei que o que provoca essa relutância contra mim, é minha relação com Célia, a chefe direta de todas nós, e, a forma como consegui o emprego: por intermédio do ex-chefe.

Tento, realmente, não ligar para esses detalhes, afinal consegui o emprego, e confesso, que estou muito feliz de voltar a me sentir útil depois de tantos anos.

— Não entendo por que elas gostam tanto de falar da vida particular do chefe? – Fernanda se senta a minha frente, em sua cadeira, a frente de sua mesa.

— Elas acham que podem ter uma chance com ele – Rosana diz rindo.

— Vão sonhando – Fernanda diz, rindo.

Dessa vez eu participo da conversa. Sinto-me mais confortável com as duas.

— Essa... Juliana é a namorada do Felipe?

— Isso é o que a Aline e a Letícia gostam de espalhar, mas não acho que seja verdade – Rosana explica —Juliana é uma grande amiga dele.

— E se fosse não haveria nada de mais, não é? Essas duas que gostam de falar da vida dos outros. Credo! – Fernanda diz e nós voltamos a rir. – Não devem ter trabalho para fazer, eu acho. Vou passar a pilha de processos que estão na minha mesa.

Ficamos caladas, cada uma concentrada em seu trabalho. Quando éramos apenas nos três na sala, o trabalho rendia, incrivelmente.

— Eu havia entendido que Felipe era casado – comento — Ele não tem uma filhinha?

— Sim, ele tem – Fernanda me pergunta: - você não sabe?

— Não sei o quê? – pergunto desconfiada.

— A filha do Felipe, a Sofia, na verdade, é sobrinha dele – Rosana é quem explica.

— Sobrinha?

MINHA RAZÃO PARA AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora