Deixa Fluir

Introdução

Estava frio, entretanto essa sensação não me atingia. O momento em que eu estava deixava-me extasiado a ponto de não perceber o frio que nos rodeava e deslizava levemente sobre nós, junto ao vento, os móveis do quarto e nossos corpos. De onde viera esse efeito extasiante? Não sabia explicar. 

Juntos adentramos o quarto, e tentávamos ir pouco a pouco para a cama. Estávamos cada vez mais perto de nos conectarmos. Durante o percurso, mesmo que pequeno, que era a cama e a entrada do quarto, era angustiante pensar na demora que seria chegar lá, não podíamos esperar tanto, e caímos no chão mesmo, sentindo o carpete macio, no momento estava tudo meio cinza, devido a luz da lua que entrava da varanda a direita da cama, e tocava nossos corpos. O porquê? A cada momento junto era retirada uma peça de roupa, ao rastejarmos para perto da cama, ocorria trocas de carícias, beijos e principalmente olhares sérios, no meio do silêncio. Esse último principalmente, são os mais marcantes: ver seus olhos cortando os meus, gritando a vontade que estava claro, era continuar aqueles momentos juntos.

 Aos poucos, sem pressa, chegávamos na cama, repetindo o processo de carícias, que não seria entediante, e não teria ninguém que pudesse reclamar. Estávamos longe dos olhares alheios, a única presença além das nossas, eram as das paredes, o que me aliviava. Sem roupa alguma, estávamos sobre a cama. Sozinhos, em nosso mundo. Novamente, nos pegamos trocando olhares, e o único som presente naquele momento, era o som de nossas respirações, que desta vez, não era somente para anunciarem a vontade de prosseguir com o que fazíamos, falavam mais que isso. Elas proferiam satisfação e a alegria, por terem concluído mais uma etapa do processo de descobrimento do infinito. Acompanhando os olhos, estavam os sorrisos em nossos rostos. Agora, os toques e beijos se tornavam mais intensos, mas também mais leves, e suaves. Juntamente a tudo isso, esse era o porquê, isso era a droga que me deixava extasiado, a ponto de esquecer de tudo, a ponto de me marcar profundamente.