Ao chegar na rua em que se localizava o colégio, já era capaz de se ver a multidão separadas em círculos, as famosas "panelinhas". Estavam espalhadas sobre o gramado frontal extenso ou sobre os pisos da sacada da frente, a distância entre elas não era tão pequena a ponto de uma se agregar a outra. A escola lembrava-me a Casa Branca, um pouco menor e mais simples, mas, de qualquer forma, grande para mim, que era um ser tão pequeno.
Conforme eu me aproximava, os rostos ficavam mais visíveis. Naquele momento, comecei a fazer uma varredura. Não encontrava o Dylan, Aléssia ou Dimitri. Essa era a minha "panelinha", se é que podia chamar assim, visto que minha família era pequena em números.
Sétimo ano, foi quando os conheci, a partir daí não nos separamos mais. Caíamos sempre na mesma sala, coincidentemente, nas mudanças de colégio também. Além disso, nossas diferenças nos mantinham unidos como uma verdadeira família.
Dimitri era confiante, esperançoso. Isso ficava claro em sua feição. Era alto, corpo mediano, cabelo ondulado, preto e longos que sempre estavam em um coque. Seu rosto era fino, proporcional em todas as medidas possíveis. Sua personalidade era tão incrível quanto sua aparência. Seu interesse em outras culturas era encantador, passávamos horas quando estávamos a sós pesquisando e conhecendo mais sobre o mundo, planejando as viagens do nosso grupo.
Aléssia era a agitada do grupo, sempre estava a frente de tudo, das saídas em grupo, das armações, que sempre dava errado, e outras coisas do tipo. Ela parecia que tinha saído do Tumblr direto para a minha vida. Andava sempre com um short curto (não entendia o porquê, pois sempre fazia frio), que era coberto pelo seu casaco longo que ficava solto próximo ao joelho, não distante da linha onde o casaco parava, estava seu cabelo liso e loiro. Era extremamente longo, só cortara duas vezes por ano. Amava também andar de skate, era seu passatempo favorito. Em comunhão com o Dimitri, ela arrastava eu e o Dylan para todos os encontros.
Dylan, por sua vez, era mais reservado. Cabelos cacheados, óculos, corpo magro, rosto fino e simples, essas características guardavam todo o desconhecido que ele era, que até mesmo os nossos anos de amizade, só nos proporcionou um básico conhecimento sobre ele. Sempre o vi acompanhado dos seus fones pendurados em sua orelha, até mesmo quando não estava escutando algo, acho que não queria ser incomodado. Era um verdadeiro mestre em sumir, de vez em quando, encontrava-o deitado pelo campus do colégio, fazendo algo como, admirar o céu, ou simplesmente escutando música, Rock, seu favorito e quase sempre, os clássicos como Queen, Led Zeppelin, entre outros. Ele gosta de coisas simples.
Esse é o meu pessoal, a minha família.
Após um momento parado procurando disfarçadamente, senti um toque no ombro. Ao virar-me para conferir, fui surpreendido com um abraço caloroso da Aléssia e Dimitri. Animação e alegria exalavam deles. Seguindo eles, estava Dylan. E como sempre estava com seus fones de ouvido. Não deixei de abraçá-lo.
Agora, estávamos juntos. Começamos a falar sobre as férias. Aléssia contava animada, todos os passeios feito com seu skate, sobrevivente de guerra (tombos, batidas, quedas etc). Sobre a festa que foi em Oslo, o quanto bebeu e dançou sobre a mesa de centro, sobre como o cara que ela ficou na piscina beijava bem e como foi dormir pela primeira vez fora de casa. Dimitri mencionava as ruas estilo anos 50 de Cuba, mais especificamente, Havana. Também falava da experiência de viver cinco décadas atrás, sobre os carros, restaurantes, cultura e principalmente como as pessoas de Cuba eram boas anfitriãs.
Dylan permanecia parado, com seus fones, parecia não estar tão empolgado para sua vez de falar, que chegaria logo. Então, com um certo silêncio, todos encaravam Dylan, esperávamos que começasse a falar. Enfim ele tinha começado. Falava como passara praticamente todos os dias em casa, trabalhando sem receber nada, ou seja, estava trabalhando para parentes ou amigos, não sabia, já que ele nunca contara, que morava com esse amigo. Também dissera que a coisa mais emocionante que ocorreu foi o Øya Festival, primeira vez que ele foi. Como os artistas indies moveu o público e a sensação que teve ao ver Sigrid pela primeira vez. Sua vez passou rápido, e quando percebi já era a minha vez, não tinha nada demais para falar, nada que ninguém já não soubesse. Contei que passei a maior parte do tempo dormindo bastante, sobre as novas vidas que vivi no mundo da leitura e que coloquei planos pessoais em prática. Enquanto terminava minha fala, o sinal tocou, surpreendendo a todos, inclusive a nós, que ainda nem tínhamos olhado as nossas salas.
Todos caminhavam em direção ao quadro na entrada onde estavam os nomes e as salas que estaríamos posicionados. Em pouco tempo a entrada estava muito cheia, estávamos em fila tentando passar por todos. Aléssia segurava minha mão e a de Dimitri, que estava nos guiando. Dylan segurava minha camisa, especialmente, na região da cintura e, às vezes, sentia sua mão aberta envolvendo-a. O quadro estava adiante se sobressaindo, mas era meio impossível de se ver devido a algumas cabeças que ainda não me permitiam ver sua visão por completo. Mas com certo tempo, que fora se esvaziando, já era possível ver todas as listas com os nomes e suas respectivas salas. Observamos o quadro, meus olhos se movimentavam rapidamente procurando as nossas turmas.
- 88... 68...1413... Achei!- anunciei em um tom de satisfação e contentamento.
Os olhos de Aléssia, Dimitri e Dylan estavam vidrados na lista, passei a procurar nossos nomes. Repeti o processo, uma, duas, três vezes, mas não encontrava o nome de todos. Nessa turma só estavam Dimitri e Aléssia. Sim, mudaram-nos de sala, agora, eu e Dylan não estaríamos na mesma realidade de tempos atrás, entraremos em uma nova a partir de hoje. Começamos o ano letivo de uma forma não tão agradável. Eu e Dylan nos entreolhamos, entendia o que aqueles olhos indicavam, o que ele achava daquela situação. Ele não estava contente, igual a mim. Em nosso momento, juntaram-se Aléssia e Dimitri, eles transpareciam confiança e apoio. Sabiam como nos sentíamos, até porque, tinha certeza, compartilhavam do mesmo sentimento. De forma plena e calmante Aléssia falou:
- Ficará tudo bem! Salas separadas talvez não sejam tão ruins assim né? Podemos ter até mais desculpas para nos encontrarmos... - nem ela mesma tinha certeza do que dizia.. Eu a entendia.
A partir daí, começavam-se as mudanças e eu não sabia como reagiria e o que estava por vir.
***Mensagem: Olá gente, sabe, para proporcionar uma experiência mais próxima da realidade, inclui nos meus livros nomes de bandas e artistas reais,como, por exemplo, Sigrid, que Dylan viu no Øya Festival, além disso, inclui festivais também, esse ( Øya Festival ) existe também, juntos. Também, juntando tudo isso, vocês irão saber em qual país se passa (amo muito esse país). Outra coisa, decidi postar capítulos novos em cinco em cinco dias! Se estiverem gostando comentem, minha caixa de mensagem está aberta para criticas construtivas!***
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Deixa Fluir
RomanceA mudança dos fluxos da vida não é geralmente bem aceita por parte das pessoas. Noan, ao entrar no primeiro ano, encontra-se em uma situação inesperada: suas atividades e conexões com amigos e família, em geral, são afetadas por mudanças sutis, mas...