Oi - disse ela pressionando o final da palavra.
Oi - respondi cumprimentando.
As coisas estavam ocorrendo bem de início, após falar com ela, falei com meu irmão, ele parecia cansado, deve ser por causa do costume das crianças dormirem cedo.
Analisei a casa, da entrada dava para ver quase tudo, era realmente bela e aconchegante, não era dividida em andares. Suas paredes eram gesso fino com tintura branca, o piso era de madeira e o teto era forro. Assim como todas as casas atualmente possuía conceito aberto, da sala dava para ver toda cozinha e vice-versa. A sala era bem comum, tinha dois sofás posicionados em formato de L e de frente uma TV atrás dela uma janela.
Entrem! - convidou ela
Pedi licença ao entrar, em seguida ela nos direcionou a cozinha. Havia alí estantes e balcões posicionados na parede junto com janelas que permitia uma vista privilegiada que não tinha acesso na cidade, um lindo jardim sem restrições para ninguém, produzido pela própria natureza. No centro uma linda mesa quadrada de vidro com um lustre em formato de funil, onde na parte mais fina passava apenas o cabo que sustentava.A mesa estava organizada da seguinte forma: pratos pretos de cerâmica estavam em frente a cadeiras de madeiras tradicionais, ao lado dos pratos talheres aparentemente de inox, brilhantes. Também as cadeiras estavam posicionados uma em cada lado na mesa, ou seja, tínhamos que ficar um de frente para os outros. Porém uma me chamava atenção. Assim que entramos na cozinha era possível ver uma cadeira na mesa com a parte traseira virada para entrada. Nela estavam 3 livros de culinária.
É para ele sentar. O tamanho dele não permite que ele fique sentado confortavelmente nessas cadeiras. - explicou meu pai - ela também andou estudando um pouco para hoje.
Então, vamos sentar! - lembrou ela
Eu e ela começamos a nos posicionar na cadeira. Meu pai ajeitava a criança na cadeira, posterior ele saiu em direção ao fogão para retirar a comida e em seguida sentou.
Ao abrir a assadeira surgia bistecas. Nas panelas estavam macarrão e molho branco. Ela começou a nos servir. Então sem mais espera perguntei:
Como se conheceram? — enquanto olhava o prato.
Eles entendera o porquê da pergunta, trocando olhares "confusos" esperava que o outro respondesse. Em segundos ele começou a falar.
Acho que você acharia estranho, afinal, irá parecer coisa de filme — acho que isso que gerou uma apreensão nos dois — após me separar de sua mãe, mudei me para cá, mas antes disso gastei horas em alguns restaurantes, afinal, não é fácil um fim de relacionamento para ninguém, ou quase ninguém, e minha forma de lidar com isso é comendo, no mesmo dia, em um restaurante qualquer, encontrei-me com ela, sentada ao banco ao meu lado no balcão, como estava pedindo mesmo prato que ela, comentei sobre a comida de lá, após uma boa conversa ela disse que teria que ir — deu uma pausa rindo — agora que começa o filme. Quando estava voltando para casa uma chuva pesada começou a cair, apoiava o guarda-chuva mais próximo da minha cabeça, então, naquele momento vi ela se apoiando debaixo da sua pasta repleta de documentos. Ajudei ela, é claro. Os dias foram passando bem rápido, depois de um tempo estávamos juntos. — parou por um instante.
Realmente parecia algo de filme, se fosse contada por outra pessoa, talvez eu não acreditasse.
Então, quando estávamos já juntos, descobri ela contou-me que aqueles papéis, dentro da pasta bem vedada a fim de não passar água entre as brechas e, estavam papéis do processo de adoção. — concluiu.
Estava bastante impactado, não esperava. Acabei caindo em dos erros mais comuns das pessoas, precipitação. Acabara julgando uma pessoa sem saber do contexto, colocando-a em posição nada agradável. Poderia ter consequências maiores. Foi algo grave. Não tinha ideia do que falar. Apenas me virei para o lado na intenção de ver meu irmão. Por um momento eu ria durante aquele papo sério. Ele estava dormindo com a cabeça ao lado do prato com a metade preenchida.
Ela pediu licença e levou para o quarto. Eu me levantei e caminhei até a entrada, já havia muito tempo que eu estava ali. Meu pai me acompanhou.Quem imaginava que o Sr. James adoraria uma criança. Desculpe-me por ter te tratado daquela forma, não tinha conhecimento do que aconteceu e acabei me precipitando. — olhava para ele esperando um olhar de aprovação.
Tudo bem! — disse ele respondendo.
Enquanto ele abria a porta e ia em direção ao carro para ligar e irmos, ela retornou do quarto, agora sozinha.
Espero que tenha gostado! Passe mais vezes aqui, gostaria de te ver mais. Prazer em conhecer, Noan — sorria enquanto falava.
Prazer é todo meu, Raquel! —agora eu poderia falar isso verdadeiramente.
Após um abraço, caminhei em direção a saída, em direção ao carro.
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Deixa Fluir
RomanceA mudança dos fluxos da vida não é geralmente bem aceita por parte das pessoas. Noan, ao entrar no primeiro ano, encontra-se em uma situação inesperada: suas atividades e conexões com amigos e família, em geral, são afetadas por mudanças sutis, mas...