Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")

Capítulo 12

- Andy? – chamo ao entrar.

- aqui. – responde de dentro do banheiro.

A casa deles é muito mais chique do que a dos meus avós, tudo muito claro e moderno. Ele está na banheira, deitado como um rei. Quando chego perto me olha preocupado.

- esta tudo bem? – pergunta e eu concordo com a cabeça.

- você me empresta uma roupa? – peço de repente constrangido.

Andy percebe isso, mas não diz nada a respeito.

- claro, pode pegar no guarda roupa. Já estou saindo, só precisava relaxar os músculos.

- fique a vontade, a casa é sua. – digo já me virando e indo para o guarda roupa.

Pego uma roupa qualquer dele que me sirva enquanto o ouço sair da banheira, a esvaziar e trocar de roupa.

- pode ir, tem toalha seca na gaveta de baixo. – anuncia casual.

Não sei porque, mas estou ficando nervoso em sua companhia.

- claro. – murmuro pegando a toalha e indo para o banho. Andy me encara enquanto seca o cabelo ruivo com a toalha até que eu feche a porta.

Procuro tomar um banho rápido, mas é difícil. Há sangue de Liv em todo lugar, tento lavar minha roupa, mas desisto e a jogo no cesto de lixo. Deixo a água quente escorrer pelo meu corpo enquanto processo tudo que aconteceu tão rápido naquela noite.

Liv e Andy juntos, minha discussão com Andy, como ele ficou em choque com o estado dela, como sem nem pensar eu ataquei aquele transmorfo, Leo a curando, a verdade sobre Andy ser um Nefilim, a verdade sobre o que ele sente por mim...

Fecho os olhos incapaz de assimilar tudo junto.

Sinto falta dos meus pais, eles sempre me auxiliam nessas horas, eles deveriam estar aqui...

Ouço meu celular tocar e saio do banho para atende-lo. É minha avó.

- Jemy? Você está bem? Chris ligou pra avisar...

Claro que ligou. – reviro os olhos.

- estou bem vó. Liv vai ficar bem. Vou ficar com ela por aqui hoje. – digo tentando soar convincente, mas a verdade é que bem é uma palavra muito longe de mim agora.

- Jemy, querido...

Suspiro.

- tudo bem. – reafirmo. – a gente se fala pela manhã, boa noite. – digo já desligando.

Não posso me dar a fraqueza de desabar.

Respiro devagar e encaro o espelho do banheiro de Andy, me perguntando como fui parar naquela situação.

Depois de me trocar saio encontrando o quarto vazio, desço e vejo que há apenas Chris na sala cuidando dos curativos de Liv.

- onde eles foram? – pergunto curioso.

- buscar alguns remédios. Ela é humana e até a magia de Leo é limitada.

Me sento a sua frente e olho para ela, esta bem melhor, mais corada e rejuvenescida.

- não consegui salva-la. – digo a ele o que já sabe. – nem com símbolos, eu não tenho magia de cura. – o pesar é nítido em minha voz.

- cada um tem seu dom James. O seu é importante do seu jeito. – tenta me tranquilizar, mas só consigo me sentir mais inútil.