Capítulo 41

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Acordo na minha cama, os lençóis amarrotados cheiram a fumaça, mas não estão chamuscados.

Andy está ao meu lado, os olhos fundos mesmo enquanto dorme. Pela luz opaca do sol através das cortinas pesadas vejo como seu cabelo fica mais vermelho do que loiro, como ele parece cansado e ao mesmo tempo relaxado.

Me sinto mal de imediato por submete-lo a isso. Levanto devagar sem acorda-lo e vou tomar banho. Meus músculos estão doloridos por ter dormido mal e me descarregado na noite anterior, mas a água quente que cai do chuveiro me faz relaxar.

Deixo Andy dormir e desço as escadas o mais silencioso possível. Ainda é cedo demais, percebo o quanto pouco dormi. Na sala passo por Rose que tem os olhos fechados no sofá menor em uma posição que com certeza é desconfortável e Nick está deitado todo esparramado no outro sofá maior.

Vou para cozinha e preparo um café, minha mente vagando e vagando, aquela sensação estranha, limitada, me tomando de novo.

O que está acontecendo comigo?

O café tem gosto de terra queimada mesmo com muito açúcar e isso me faz fazer uma careta e jogá-lo na pia.

- o que há de errado com o café? – Rose pergunta me assustando.

Ela sorri para minha reação da mesa onde está sentada me observando. Tenho a sensação de que está ali há algum tempo.

- tem gosto de terra. – digo exaustivo. – acho que com 18 anos os híbridos viram vampiros.

Ela ri baixo.

- é bom ter alguém que me entende pelo menos. – da nos ombros.

- próximo passo é morder alguém? – brinco e ela me da um olhar caloroso.

- eu pagaria pra ver isso, mas nem tente. Sua mãe é capaz de me fazer em picadinhos.

Considero com a cabeça, levemente divertido.

- eu é que pagaria pra ver isso.

Ela sorri de leve, depois me observa pegar as torradas e coloca-las na mesa com geleia e devora-las.

- acho que as torradas não tem gosto de terra pelo menos. – observa.

Percebo o quanto esfomeado estou e tento me recompor.

- tem gosto de trigo e morango, ou seja, mato. – dou nos ombros. – melhor que terra.

Rose balança a cabeça.

- que gosto você tem... – pondera. Quando não respondo ainda comento ela se mexe desconfortável antes de perguntar: - está melhor?

Sei do que ela se refere, então apenas concordo com a cabeça.

- o que aconteceu?

Engulo minha torrada com dificuldade e fico encarando o pote de geleia por um momento.

- Liv veio explicar que não tem nada com Andy.

- e você achou que tinha?

Olho para ela.

- você não?

Rose pondera.

- ela grudou nele, é verdade. Mas não acho que seja assim.

Suspiro.

- bom, parece que sou o único louco de ciúmes que pensa assim. – ironizo dando outra mordida despreocupada, Rose me da tempo e espaço para continuar quando quiser. – Azazel me deixou um presente. – conto por fim o que a faz enrijecer.

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Onde histórias criam vida. Descubra agora