Capítulo 23

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Andamos devagar (por minha causa) até as redondezas do rio Cócito e só de me aproximar já sinto a diferença no clima. O frio paira no ar com uma brisa leve que corre assim que a água gelada bate nas pedras quentes.

Não consigo ver a fonte da cachoeira de tão alto que é. Ao lado das rochas há uma distancia segura, está uma espécie de túnel. Nele há três guardas (demônios) cobertos de preto sentados no chão jogando algo semelhante a cartas de baralho.

- não sabia que demônios curtiam jogar cartas no inferno. – Andy sussurra ao meu lado e tenho que lhe dar um credito pelo sarcasmo.

- não acho que eles tenham muito o que fazer neste posto. – respondo os observando.

- talvez eles devessem dar um mergulho de vez em quando. – Andy sugere e lhe dou um sorriso cumplice.

- isso é estranho. – Jack diz do meu outro lado. – eles não parecem nem sentir nossa presença.

Ele tem razão. Estamos escondidos atrás de pedras enormes e ruinas, mesmo assim estamos consideravelmente perto e os demônios mal parecem nos notar.

- ouçam. – Cal diz de repente e todos nós paramos para ouvir.

O rio das lamentações tem esse nome por um motivo. Mesmo dali podemos ouvir os sussurros lamentados de dor e tristeza, choramingos que parecem gelar meus ossos.

- já disse que odeio esse lugar? – Andy murmura.

Bufo revirando os olhos.

- ninguém gosta deste lugar Andy.

- eu gosto. – Leviatã aparece atrás de nós.

- sempre nas melhores horas. – suspiro me virando para ele que me encara. – e você não conta como pessoa.

O velho da nos ombros e ri.

- está vivo afinal Nefil. – reconhece ele. – quase achei que morreria por algo tão bobo como um pedregulho.

- ainda tenho muito o que fazer por aqui.

Ele ri de novo e assente.

- está certo, está certo. – concorda. – bem, para passar por aqueles ali é mais fácil. – os olhos amarelos leitosos dele brilham para mim. – use a dica do menino. – indica a Andy e depois some.

- alguém me explica porque exatamente ainda aguentamos ele? – Andy pergunta. – o mestre dos magos ali é pior que o próprio mestre dos magos.

- não seja tão nerd Andy. – aviso, mas estou pensativo. – o que foi que você sugeriu mesmo?

- que eles deveriam dar um mergulho?

- porque jogar demônios no rio se eles não tem alma? – Cal pergunta me fazendo assentir.

- não tem alma, mas o corpo é real. – Jackson explica. – Cócito não é como os outros rios que destrói o corpo, ele prende a alma em tormenta. Se eles caírem la as almas ao redor os prenderão, apoiarão neles pra tentar escapar.

- ok, mas como faremos isso? – pergunto analisando a situação. – eu poderia tentar, mas minha magia está limitada.

- acha que é o único que pode fazer magia aqui garoto? Olhe direito. – Cal diz levantando a mão e uma chama esverdeada aparece nela, ele sorri convencido e vai em direção aos guardas.

- ele é sempre impulsivo assim? – Andy pergunta com uma careta e quero rir porque ele havia feito a mesma coisa há algumas horas atrás.

- quase sempre. – respondo observando o feiticeiro chegar aos demônios que levantam em um salto, mas antes que pensam em atacar Cal balança a mão e o fogo verde cerca os três como se fosse uma corda. Então como bonecos ele os jogo no rio.

Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")Onde histórias criam vida. Descubra agora