Símbolos de Sangue (Livro 2 da saga "Anjos da Terra")

Capítulo 21

Descansamos o quanto podemos, comemos um pouco e revezamos alguns minutos de sono. De alguma forma o inferno nos deixa ainda mais cansados.

Fico com o ultimo turno e deixo todos dormir um pouco mais, mas não muito. Assim que o lugar fica ainda mais quente eu os acordo e digo que temos que seguir em frente.

Voltamos a caminhar, falando pouco e andando rápido. Meu avô anda ao meu lado desta vez.

- consegue sentir? – pergunta e respondo com a cabeça. – não falamos sobre tudo que aconteceu. – joga no ar, mas não sei o que dizer e não quero ouvir sermão agora. Ele suspira. – seus pais sabem?

Aperto o lábio.

- acho que não, eu nunca contei.

- porque? Não confiava neles?

Nego.

- por medo, acho. Não entendia o que tinha de errado comigo, não queria causar mais problemas do que já havia causado.

- o que quer dizer?

Balanço a cabeça, expulsando as imagens que sempre retornam.

- eu só... – hesito. – descobri de uma forma ruim.

Vejo pelo canto do olho ele assentir enquanto andamos pelo terreno que volta a ser rochoso e agora está estranhamente húmido.

- você sabe que poderia ter nos contado, não sabe? Não iriamos julgar você. – ele diz consolador.

- não, não iriam. Mas vocês nunca foram o problema, eu sou. Meu julgamento de mim mesmo já me condenou a muito tempo.

Sinto seus olhos me analisar, mas não retribuo o olhar.

- isso tem a ver com Azazel?

Sua pergunta me machuca, me fere como se ele cutucasse uma ferida que estou tentando ignorar.

- o que aconteceu com Azazel foi um erro que não acontecerá de novo. – solto mais para mim do que para ele.

- e o que foi que aconteceu James?

Paro e olho para ele sem saber o que ou como responder. Penso no que ele dirá e como seu olhar ficará decepcionado quando ele souber o que fiz. Estou o encarando pensativo, tentando decidir, quando algo perto de nós explode espalhando pedregulhos e fumaça para todos os lados.

Corremos em direções opostas, cada um atrás de uma ruina alta para nos esconder seja lá do que for.

- o que está acontecendo!? – Andy solta tão confuso quanto o resto de nós.

Vejo que ele é o mais próximo de mim, mais a frente está Jackson e depois Caleb mais ao lado. Tento olhar para onde as bombas estão vindo e consigo visualizar algo semelhante a um canhão e alguns demônios menores ao redor.

- acho que tem algum premio pela nossa cabeça. – respondo me virando bem na hora que a bola de fogo atinge uma rocha próxima e um pedregulho escaldante crava na minha coxa esquerda. – Argh! Filho da... – xingo com a dor queimando meus nervos, meus olhos ardem e tento respirar devagar.

- James? Você está bem? – Cal pergunta alto e tenho que me concentrar em responder entre os dentes cerrados.

- estou melhor do que aqueles desgraçados vão ficar. – solto com raiva, já estava chegando ao meu limite com aquele lugar horrível.

Outra explosão, agora mais perto de Cal e Jack e então vejo Andy correr até mim abaixado. Ele é ágil e se camufla na nuvem de fumaça causada pela explosão.