Biscoitos

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Eu estava ferrada, completamente ferrada

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Eu estava ferrada, completamente ferrada. Com certeza me expulsariam por ter socado aquele idiota do Victor, mas não dava mais para aguentar sem reagir. Eu sabia que ele ia me provocar até não poder mais, mas o que eu fiz? Reagi da pior forma possível, e agora pagaria por isso.

Seguia apressada pelos corredores, o coração batendo acelerado. Os boatos se espalharam mais rápido do que uma flecha, e já não tinha uma única pessoa naquele colégio que não soubesse o que aconteceu no refeitório. Cada olhar parecia pesar sobre mim. Precisava sair dali antes que o pior acontecesse, antes que Victor tivesse tempo de planejar sua vingança.

Decidi ir até a coordenação e pedir uma saída antecipada. Porém, antes que pudesse chegar lá, senti mãos fortes me agarrando. Quatro brutamontes me arrastaram até um dos laboratórios de química, tampando minha boca para que ninguém ouvisse meus gritos. Eles me jogaram no chão frio, dois segurando meus braços esticados, um imobilizando minhas pernas, enquanto o quarto sentou praticamente em cima de mim, me impedindo de me mover.

— O que vocês pensam que estão fazendo, seus idiotas? — gritei, lutando contra o peso sobre mim.

O que estava sentado no meu abdômen riu, me encarando com um sorriso cruel.

— Você é mesmo ousada. Se dermos um jeito em você, Victor vai ficar feliz. Quem sabe ele até nos deixe entrar no grupo dele? — disse ele, o tom cheio de malícia.

— Vocês são um bando de covardes! — tentei me soltar, mas era inútil. — Lutem comigo no um a um, se forem homens de verdade!

Ele riu mais alto e se inclinou para olhar dentro da minha blusa, abrindo um botão sem cerimônia.

— Não toque em mim, seu porco! — eu berrei, dando-lhe uma cabeçada, mas acabei piorando as coisas, porque ele ficou furioso. Sangue começou a escorrer do nariz dele, pingando no meu uniforme, e ele mandou os outros me segurarem mais firme. Com um puxão, arrebentou todos os botões da minha blusa.

Eu estava apavorada. Lutava com todas as minhas forças, mas meus músculos começavam a falhar. Meu corpo doía, e as lágrimas vinham aos meus olhos — lágrimas de impotência, de ódio, de medo do que estava para acontecer. Foi então que ouvi uma voz calma, uma voz familiar.

— Saiam daqui — disse Thomas, surgindo de repente de uma das bancadas no fundo da sala. Ele ficou parado, olhando diretamente para aqueles idiotas.

— Thomas, você não entende o que essa garota fez... — começou um dos brutamontes, mas foi interrompido.

— Eu já pedi para saírem — repetiu ele, com a mesma calma.

Hesitaram por um momento, mas logo me soltaram e saíram da sala.

Thomas se sentou em uma das banquetas, pela primeira vez olhando diretamente para mim. Seu rosto estava sereno, quase inexpressivo, o que só aumentava minha confusão.

Não me de FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora