Capítulo 29 - Epílogo

244 15 21
                                    

Quem é o maior culpado: o pecador ou aquele que nos faz pecar?


Eis um homem, cujo maior pecado cometido, foi o de ter amado quem não lhe era permitido.

Ele caminha pelos asfaltos molhados com a cabeça baixa, ignorando a chuva que inunda suas roupas, deixando-as mais pesadas. Seu coração bate de modo doloroso, como um enorme hematoma que pulsa incansavelmente. Ele sofre com a agonia e melancolia que se apossou de seu ser.

Como um masoquista, todos os dias ele se lembra daquele sorriso inocente e daqueles olhos dourados, que o olhava tão afetuosamente. Todas as noites, seu corpo sente a ausência daquele que já o aqueceu com o seu calor ardente. Depois de se recordar, ele chora, grita e pensa em dar de uma vez um ponto final para toda aquela aflição, mas logo ele se recompõe e diz a si mesmo: ainda não.

Hyukjae aguentou disso por mais de um ano. Ano que parecera durar uma eternidade de mais puro desgosto.

Ele continuou andando até parar diante um restaurante elegante. Ao entrar no recinto, bastou o olhar que lançou para o recepcionista, para que o deixasse entrar, eles não se conheciam pessoalmente, mas haviam feito um acordo em troca de dinheiro.

Indo para a mesa mais afastada e discreta que o lugar poderia lhe oferecer, Hyukjae esperou. Por uma, duas ou talvez três horas, seus olhos mal piscavam observando um outro homem a três mesas à sua esquerda.

Quando se levantaram e foram para os banheiros Hyukjae aguardou por alguns segundos e se levantou indo para o mesmo lugar do outro. Suas mãos se mantinham no grosso casaco que trajava, ele olhou em direção das cabines, para debaixo das portas altas que deixavam os pés à mostra. Fora o seu alvo, só haviam mais duas pessoas no lugar.

O primeiro que saiu da cabine, levou um susto. Um homem encapuzado, levou uma das mãos para os lábios, mandando fazer silêncio, enquanto outra, lhe apontava uma arma. Ele fez um sinal para que o cara se retirasse e assim o obedeceram sem dizer nada, à medida que tremiam de medo.

Basicamente o mesmo ocorreu com o segundo, Hyukjae foi para a porta e a trancou para que ninguém mais entrasse no lugar, depois, foi para umas das cabines. Ele deixou a porta meio entreaberta para que pudesse ver quando saíssem para lavar as mãos.

Alguns segundos se passaram e um homem alto, vestido com um terno elegante, saiu e foi para o lavabo. Ele estava de cabeça baixa, enquanto lavava as mãos, e por isso não notou o outro homem que vinha atrás de si com uma arma na mão.

Quando ergueram a cabeça e viram a presença alheia, pelo reflexo do enorme espelho que tomava quase que totalmente a parede, já era tarde demais para tomar qualquer reação, apontavam na direção de sua nuca.

Hyukjae tirou o capuz revelando finalmente o seu rosto, o outro sorriu, fazendo com que sentissem náusea. Zhoumi não parecia temer pela própria vida.

— Finalmente após um ano, oito meses e um dia de espera, carregando essas duas únicas balas, eu te achei.

— Uma sei que é para mim, mas e essa outra? Para quem é?

— Para que você quer saber se já é um homem morto?

Essa foi a última coisa dita por Hyukjae antes de efetuar o primeiro disparo, que assustaria os clientes do restaurante, naquele dia.


FIM



Deixarei a playlist das músicas que aparecem na história no meu perfil ;)

Perfeição do ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora