Capítulo 24 - O Pai de Oh Mi Sook

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Meu corpo reagiu ao rever aquela rua, naquele bairro esquecido por uma grande parcela da população de Seul. Lembrava-me como se tivesse ocorrido ontem, à maneira que passava mal só em ver aqueles prédios desgastados pelos anos. Quando a Oh Mi Sook parou o carro, inclusive no mesmo lugar que geralmente eu costumava estacionar, Donghae, se agitou fazendo com que minha atenção se voltasse para ele. Nossos olhos se cruzaram, e suas íris possuíam tanta impetuosidade que acabei por ficando atordoado.

Mi Sook já tinha saído do automóvel no momento que consegui me libertar daqueles olhos felinos. Tirava o cinto de segurança, prestes a sair, contudo, meu pulso direito foi segurado com firmeza. Ergui meu rosto, dando de cara com sua face muito perto da minha. Ele estava próximo o suficiente para que eu fosse capaz de sentir a sua respiração.

— Hyukjae...

Donghae não conseguiu continuar e acabou desviando o olhar. Era frustrante quando ele fazia isso. Daria tudo para saber quais tipos de pensamentos e sentimentos moravam em sua mente.

Mais decepcionante do que suas palavras sinceras, era o seu silêncio desolador.

— O que ia me dizer?

Quebrei as regras ao impedi-lo de sair, enquanto o segurava. Encarei-o de modo exigente, tinha passado muitas coisas nas últimas horas para ainda ter o sangue frio de deixar essa passar.

— Eu sinto muito.

Sua voz estava estranha. Não sabia se ele lamentava por causa da morte de Heechul, pela traição de Siwon, por tudo que ocorrera no hospital, ou se pelas palavras que havia dito antes que chegássemos à estação.

Talvez sentisse por todas essas coisas.

— É, eu também sinto — foi a única coisa que disse antes de soltá-lo.

A garota não tentou alimentar uma conversa inútil enquanto seguíamos pela calçada rachada, automaticamente ganhara mais pontos comigo. No interior do prédio, constei que nada havia mudado desde a última vez que pusera os pés ali. Inclusive o elevador que permanecia quebrado. Donghae comentou algo a respeito, sem se dirigir a alguém especificamente, e assim voltou a se calar.

Meus pensamentos serviram de ótima distração para que eu não reparasse muito nos vários lances de degraus que teríamos que subir. Assim quando dei por mim, já estávamos no corredor do apartamento alheio. Seu interior não era muito diferente do próprio apartamento que o caçula ficara. Aliás, não sei se por ter mais móveis, ou por outra razão, tinha a leve sensação que o apartamento dela chegava a ser menor comparado ao dele.

Instruindo para que nós ficássemos à vontade, sumiu indo, creio eu, em direção do seu quarto. Rumei para o sofá de tom borgonha, e bem dizer joguei-me a ele. Encostei minha cabeça, fazendo com que ela ficasse inclinada para trás, já que o encosto era de uma altura baixa e fechei os olhos.

Não saberei dizer ao certo quanto tempo se passou para que a voz baixa de Donghae rompesse a quietude.

— Como está se sentindo?

Ergui minhas pálpebras com preguiça, devo admitir, e terminei me surpreendendo ao vê-lo sentado a centímetros de mim. Nem sequer percebera quando se acomodara tão perto.

— Não vou ter outro ataque ou algo assim. — Achando meu tom grosseiro e frio até mesmo para meus padrões, continuei com uma voz menos fria: — Tente dormir, amanhã vamos ter um dia cheio.

— Não vou querer dormir.

Ignore, não pergunte mais nada. Respire fundo...

— Por quê?

Perfeição do ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora