Capítulo 28 - Entre o Divino e o Maligno - Parte II

197 14 20
                                    

Passos ecoavam, ficando cada vez mais próximos de onde estávamos. Imediatamente nos afastamos, e Donghae olhou agitado para o outro lado como se estivesse protelando se daria tempo de correr para nos escondermos, todavia era tarde demais para isso. Coloquei as mãos nos bolsos da calça para despistar o volume que nem mesmo a cor escura conseguia disfarçar, enquanto ele puxava a blusa para ajeitar o amassado da roupa.

Cambaleante, uma silhueta surgiu das sombras, nas mãos carrega uma taça e uma garrafa de alguma bebida, que ao ficar mais próximo, constei que já se encontrava menos da metade preenchida. Ele parou e ficou piscando inúmeras vezes, depois pegou a garrafa e se pôs a encher a taça.

Dos membros da família, Chil Seong era o que eu menos tinha me aproximado. Havia algo em sua postura e em seu jeito de me encarar, que dizia claramente o quanto ele não concordava com o fato do Chefe ter nos acolhido. E a maior prova disso, era que há alguns dias, eu escutara uma conversa que ele tinha batido boca com o caçula, porém não houvera tempo de saber pelo o que a discussão se iniciara.

— O que vocês dois estão fazendo sozinhos em um corredor como esse? — indagou após virar a taça e beber seu conteúdo em um gole único e incomodamente ruidoso.

— O que o traz aqui? — A voz de Donghae soara rude.

— Quando eu estava mais longe, juro como pensei em ter visto um casal se pegando, mas ao chegar aqui... Bem, não há mais ninguém além de nós três, não é? E antes de mim... Só estavam os dois.

A cor pareceu ser varrida do rosto de Donghae, ele não foi capaz de retrucar aquilo. Ouvir tal coisa, também me incomodou. Não bastava a situação que me encontrava em alguns segundos antes, ainda estava assimilando o susto por sua intromissão, repentina e desagradável. Porém, respirando devagar, fiz com que meus batimentos regulassem e como consequência, meu nervosismo diminuiu.

— E o que está querendo insinuar? Por acaso está querendo dizer que eu estava me agarrando com meu próprio irmão?

Minha entonação soou com uma incrível zombaria natural. Pela primeira vez, na noite, Chil Seong parou de encarar o outro para me fitar.

— Nunca se sabe. Aliás, tem algo que eu tenho me perguntando desde que os vi pela primeira vez... Vocês realmente são irmão? Pois não se parecem em nada.

— Somos irmãos apenas por parte de mãe.

— Será mesmo?

Estranhei a forma que ele nos encarou, não estava gostando dela e tampouco gostava do modo como podia notar o efeito do peso de suas palavras em Donghae, mas antes que eu pudesse me manifestar, ele pareceu se recuperar.

— Por acaso acha que todo mundo é mentiroso e mal caráter como você, Chil Seong? Você pode enganar aos outros, mas não engana a mim.

As duras palavras de Donghae pareceram surtir um efeito maior do que se tivesse disferido um tapa, jogando a taça no chão, Chil Seong veio à sua direção, contudo eu o segurei para que não se aproximasse mais.

— Se eu fosse você ensinava ao seu irmãozinho que se deve ter cuidado com o que e a quem se diz certas coisas — instruiu-me enquanto se soltava de meu aperto, mas algo naquele momento me chamou bastante atenção.

— Meu irmão é inteligente o suficiente para ser independente, não tenho que dizer nada a ele — sentenciei, observando-o cautelosamente.

Ajeitando a compostura o sujeito nos desejou boa noite e girou os calcanhares para se retirar, antes que sumisse do nosso campo de visão, Donghae deu alguns passos na direção que ele saía e disse em voz alta:

Perfeição do ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora