Capítulo 26 - Entre os Arranha-Céus de Seul

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"Que homem pode viver e não ver a morte, ou livrar-se do poder da sepultura?"

Salmos, 89:48

Caminhei pelas salas e corredores da casa do Chefe com uma confiança fajuta, não tinha certeza se o lugar que eu estava indo era mesmo o meu quarto. Donghae andava ao meu lado silenciosamente, a inquietação que ladeava seus pensamentos chegava a ser palpável. Nós ainda tínhamos muito o que conversar, porém não podia ser na frente do Tae Joo.

— Esse é seu quarto.

Ao terminar de falar, Donghae gesticulou com a cabeça em direção de umas das várias portas do recinto, nós já tínhamos chegado sem que eu percebesse. Era óbvio o porquê que ele se lembrava onde era meu quarto, Tae Joo ficou nos olhando com uma expressão curiosa enquanto eu girava o trinco da porta. Fui em direção à cama e ergui o travesseiro pegando a arma, e mais uma vez no dia conferi se ela estava carregada. Ao voltar, senti o olhar de censura de Donghae e o de aprovação de Tae Joo.

— Por que me sinto como se estivéssemos indo para a guerra?

— Não fazemos ideia do que vamos encontrar lá, Donghae.

— Seu irmão está certo. Vou procurar por alguém que possa ir conosco, eu já volto.

Ficamos olhando para Ha Tae Joo até sua silhueta sumir de nosso campo de visão. Virei-me para fitar Donghae, e ele já estava me encarando. Tentando ignorar o aceleramento instantâneo de meu coração, assim como os pensamentos que me vinham ao notar que eu e Donghae estávamos em frente ao quarto cujo passamos a noite, resolvi dizer:

— Precisamos conversar.

Você acha?

Ele ergueu umas das sobrancelhas e cruzou os braços fazendo com que minha atenção se voltasse para seus músculos. Parte de seu sarcasmo era porque eu havia usado as mesmas palavras que ele da noite anterior.

— Eu acho que já deixei claro, mas como não tenho certeza se entendeu... Não vou mais correr de você ou do que sinto.

— E isso quer dizer que...?

Por incrível que pareça sua expressão era honesta. Ele de fato ainda não entendia o que estava se passando entre nós. Lembrei-me das palavras que havíamos trocado, para mim ficara bem evidente o que minhas atitudes significavam. Quase comecei a gargalhar, afinal, sua ingenuidade chegava a ser cômica.

Acabei não resistindo de me aproveitar da situação:

— Significa que a partir de agora tentarei seduzir você.

Nem dissera aquelas palavras esperando algo muito grande em troca, mas sua reação foi a melhor possível. No primeiro instante a cor desvaneceu de seu rosto, e seus olhos ficaram arregalados, depois, uma tonalidade intensa tomou conta de suas têmporas fazendo o seu tom de pele dourado ficar mais atrativa do que já era. Ele estava em estado de choque.

O fato é que eu tinha chegado a um ponto na vida que não tinha mais nada a perder.

Eu era: foragido, assassino, havia feito uma pessoa de refém, e por último... Entrara para a máfia. Com um histórico desses, desejar o próprio irmão não era mais tão chocante assim. E por mais que não quisesse, já tinha me acostumado com a ideia.

Nossa mãe que me perdoasse.

Ele ainda não tinha se recuperado quando Tae Joo surgiu acompanhado pelo irmão mais novo, Yoon Bin. Os dois ficaram lhe olhando e depois Yoon Bin perguntou dirigindo-se a mim:

Perfeição do ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora