Prefácio

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A janela do quarto estava aberta e o único movimento no cômodo era do tecido leve e fino da cortina de voil branca dançando com o vento. A luz fraca e morna do sol do fim de tarde penetrava o ambiente desviando dos dançarinos e deitava sobre a cama de solteiro no outro lado do cômodo. A porta do lado direito estava fechada, pijamas e calças jeans estavam pendurados em ganchos. Já as portas do guarda-roupa ao lado estavam semi abertas. Do lado oposto, uma mesa de madeira antiga estava desorganizada. Gavetas estavam mal fechadas por conta de papéis presos para fora como se fossem línguas mordidas. Um computador estava ligado, o monitor estava cercado de fios, livros, canetas, um abajur e farelos de bolachas. Além disso, haviam também copos e canecas com restos de água, refrigerante e achocolatado já azedo. O jogo Counter Strike estava pausado na tela. Nas paredes, cartazes de filmes e bandas estavam fixados com durex. No chão, pares de tênis e meias encardidas estavam espalhados e embaixo da cama algumas caixas de sapato guardavam cadernos antigos, livros, fotos e documentos. No baú da cama cabia apenas os travesseiros, lençóis e cobertores.

O dono do quarto abriu a porta e com um impulso ela fechou estupidamente as suas costas. Ele tirou um calçado com a ajuda do outro. Tirou uma meia, depois a outra e as jogou sobre o par de tênis sujo. Foi até a mesa do computador, desligou o monitor, desconectou o celular que estava carregando sobre a CPU e olhou rapidamente para ver se havia mensagens na tela inicial. Destravou o aparelho e enquanto conversava com alguém via Whatsapp, abriu um sorriso e tirou a camiseta e a colocou sobre outras que já estavam no encosto da cadeira em frente a mesa. Virou-se, jogou o celular sobre a cama enquanto a contornava. Trancou a porta, abriu o baú que servia de cabeceira e tirou dois travesseiros de dentro. Jogou um sobre o outro e afofou-os. Fechou o baú e jogou-se na cama. Pegou o celular novamente e enquanto o seu polegar direito passeava debaixo para cima na tela touchscreen em busca de algo atrativo, a sua mão esquerda deslizou para dentro da bermuda.

Ele não devia ter mais do que vinte anos. Deu as costas para a porta e apoiou a mão esquerda sobre o joelho flexionado ficando na mesma posição que Adão no trabalho feito por Michelangelo na Capela Sistina. Olhou furtivamente para a porta para ver se realmente estava trancada e selecionou um conto erótico para ler em um aplicativo. Não demorou muito para que puxasse a bermuda junto com a cueca até o calcanhar, deixou as duas peças de roupa presas no pé direito e com um movimento rápido jogou-as sobre o encosto da cadeira. A bermuda ficou, já a cueca tentou prender-se nas outras roupas, mas lentamente foi escorregando até cair silenciosamente no chão.

O leitor estava deitado. Seus pés esticados. As unhas tinham sido aparadas recentemente, as solas dos pés róseas pareciam as de um bebê. Acima do artelho esquerdo, estava uma tornozeleira puída quase sem cor. Suas panturrilhas eram grossas e vilosas e suas coxas firmes por conta do treino quase que diário na academia. A única parte de sua pele que não era bronzeada era a coberta pela cueca. Ali os pelos eram raros e mais escuros. Seu saco pesado e depilado pendia para baixo delineando perfeitamente os dois testículos e tapando a passagem até a gruta proibida.

O falo grosso e vascularizado estava em riste feito um farol no alto de uma montanha, adornado de pentelhos castanhos curtos tal qual grama aparada. A pele fina e branca destacava as ramificações de veias rubras e esverdeadas. Na ponta, da cor de um morango silvestre, a cabeça do membro estava inchada e da pequena fenda uma gotícula de seiva incolor e pegajosa revelava o desejo daquele caule grosso em transbordar-se de prazer.

Os ossos da bacia se destacavam por conta da quantidade diminuta de gordura no corpo. Uma penugem se alastrava do púbis ao umbigo. Seis gomos de músculos realçavam seu abdômen. Mamilos rosados e pequenos estavam eriçados de excitação. As unhas das mãos eram curtas, no pulso esquerdo havia a marca de um relógio, no direito uma fita do senhor do Bonfim estava sem cor e prestes a romper. No bíceps direito, havia a tatuagem de uma mandala maori. O peito largo suprimido de pelos era enfeitado por uma corrente fina e dourada ornamentada com um singelo crucifixo.

100 Cuecas!Onde histórias criam vida. Descubra agora