07 - Chip's

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Eu encarava minha tatuagem enquanto Quentin virava o volante de seu Mustang velho. Estávamos indo buscar Owei para logo em seguida irmos até o Chip's. Fazia um tempo desde que não íamos ao Chip's (o melhor restaurante do mundo) e como era um sábado, decidimos ir comer algumas batatas fritas e uns hambúrgueres.

"Um pouco de lixo para o nosso corpo." Quentin falou assim que seu carro fez um barulho esquisito. Ele trocou a marcha e acelerou.

Eu estava no banco do carona, e tentava não pensar muito no fato de querer fumar. Depois que meu pequeno irmão Tommy foi me visitar e disse que eu cheirava a cigarro, estava tentando diminuir o ritmo, mas eu realmente queria fumar.

Quentin me encarou com o canto dos olhos, desde que viu minha tatuagem, tanto ele quanto Owei gostavam de falar que era simplesmente ridícula, que não fazia o mínimo sentido, então eu mandava eles irem se foder, porque a tatuagem era minha, e eu precisava gostar dela, não eles.

"Se falar alguma coisa sobre a minha tatuagem..." Comecei, em tom de ameaça. Ele riu.

"Acho que você precisa usar uns adesivos de nicotina, está ficando um porre sem cigarros." Falou, divertido.

"Eu sei, porra! Mas não posso fumar como fumava antes agora que Tommy vem me visitar." Eu disse, olhando para a estrada pela janela.

"Olha, tente fumar pelo menos três vezes ao dia, como você faz refeições, não vai ser tão ruim." Ele falou, dando de ombros e segurando o volante com apenas uma mão.

Peguei meu celular do bolso de trás do jeans e olhei fixamente para a foto da minha tela de bloqueio. Lá estava Tommy, em seu aniversário de oito anos, rindo com suas covinhas, e lá estava eu, abraçada a ele, rindo também e bagunçando seus cabelos, provavelmente o chamando de pirralho.

Soltei um suspiro longo e fiz um pedido mental de desculpas a Tommy. Guardei o celular no bolso, peguei o isqueiro e um cigarro do maço e o acendi, levando-o à boca e tragando. Podia sentir meus músculos relaxando, soltei a fumaça pela boca e fechei os olhos.

Bem melhor.

Buscamos Owei na frente de sua casa, que ficava no caminho para o Chip's, ele queria ir no banco do carona, mas eu não ia ceder meu lugar para ele.

"Owei, você é bonitinho, mas eu não vou te dar meu lugar." Falei, com o cigarro pendendo dos lábios, sorrindo de lado.

"Abby, Abby. Você um dia irá se arrepender dessa decisão imprudente. Anote o que eu estou dizendo." Owei falou, fazendo Quentin gargalhar.

O caminho para o Chip's foi cheio de risadas, e quando Quentin estacionou o seu Mustang velho no estacionamento a céu aberto do Chip's e nós três descemos do carro, eu notei que tinha algo diferente. Estranhei o fato e joguei o que sobrou do meu cigarro no chão, pisando no mesmo.

Andamos apreensivos até o Chip's, o lugar estava como sempre, com estudantes e universitários ocupando metade do lugar, sentados nas mesmas confortáveis nos sofás e cadeiras vermelhas e amarelas.

Mas algo estava diferente, algo estava acontecendo ali, dava para sentir no ar.

Enquanto seguia para o balcão, alguém segurou meu braço, me fazendo virar em sua direção. Rocky usava o avental típico dos funcionários do local, estava suado e com a camiseta branca de sempre, um touca deixava seus fios de cabelo longe da comida, e ele deu um sorriso de lado.

"Hey, Abby." Cumprimentou.

Acenei em resposta, e Quentin e Owei logo estavam ao meu lado.

"Caras malucos da missão de Platão." Ele os cumprimentou.

Rocky (Série Bad Guys)Onde histórias criam vida. Descubra agora