CAPÍTULO 3 | "Porque ninguém quer ser o último.

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Porque todo mundo quer se sentir como se alguém se importasse."

Gotta Be Somebody - Nickelback

5 meses depois...

Kathe Miller

— Você não vai! – Meu pai gritou enquanto batia na mesa de madeira com raiva.

— Qual o problema, papai? Eu quero ver o Kurt! – Falei ainda sem desistir.

Já haviam se passado cinco meses desde que Kurt entrou para a W.T. Foi um verdadeiro alvoroço quando anunciaram a rápida substituição do falecido guitarrista Vince Hardy. A mídia não perdoou, e a banda ganhou ainda mais fama, com fãs amando, e outros odiando o quarteto. O público nas cidades de Dublin, Kiev e Vilnius já iniciaram os shows vaiando a banda, que não se deixou intimidar e continuou tocando. No fim, tudo correu bem.

Um dos meus maiores motivos para rever o Kurt era o fato de sua nova aparência. Os cabelos, antes cortados bem baixo, estavam com fios maiores, fazendo o estilo desleixado. A barba que sempre foi milimetricamente aparada tomou conta do seu rosto, fazendo-o parecer mais velho e mais maduro. Isso sem contar as quatro tatuagens, e o aumento considerável de seus músculos.

Eu e ele nos conhecemos no Ensino Médio. Éramos muito parecidos naquela época, e cheios de sonho. No entanto, sua vida virou de cabeça para baixo quando seu pai faleceu, deixando sua mãe com dívidas até o último fio de cabelo. A velha senhora McAllister se revoltou com o mundo, e com o Kurt, cortando relações com ele, e indo morar com a filha mais velha, Kimberly, em Lawrence, no Kansas.

Foram tempos difíceis aqueles. Ele teve que começar a trabalhar, fazendo os famosos "bicos", desde garçom até pedreiro. Quando eu consegui duas vagas na faculdade – cortesia do meu sobrenome e ao fato do meu pai conhecer o diretor e todo o corpo docente – ofereci uma delas a ele. Ele começou fazendo Engenharia, mas como o dinheiro estava cada vez curto, teve que trancar sua matrícula. Isso me deixou arrasada, mas, infelizmente, naquela época, eu não tive como ajuda-lo.

Depois de ficar cerca de três anos estudando para me tornar médica, comecei a perceber que aquela não era a minha área e abandonei tudo. Meu pai surtou. Disse que eu estava sendo influenciada por amigos, era inocente e tola, não sabia nada da vida, e estava muito nova para desistir de algo tão promissor. Nem dei ouvidos a ele. Comecei a frequentar as aulas de dança de salão, dadas gratuitamente por uma professora aposentada, e ali encontrei minha verdadeira vocação.

Quando meu pai soube disso, surtou novamente. Ele não aceitava o fato de eu querer seguir a mesma carreira da minha mãe. Dizia que foi por causa da maldita dança que ela nos abandonou. Ouvi o seu sermão por meses, mas não deixei nenhuma daquelas palavras tocarem meu coração. No final das contas, ele acabou aceitando – ou fingia aceitar – contanto que eu trabalhasse na sua produtora.

E eu tinha outra opção?

Observei sua carranca séria e quando estava prestes a falar novamente, ele começou a gritar.

— Katherine, você só vai a Whitehall por cima do meu cadáver! – Decretou, respirando fundo e sentando na poltrona de couro marrom.

— Papai, é só uma visita. Não vejo mal nenhum nisso – Argumentei.

Seu rosto começou a ficar vermelho.

— Kathe, minha filha, você não é o tipo de garota que frequenta aquele ambiente. Em 99% das vezes que eles estão em Whitehall, são feitas orgias e mais orgias com mulheres seminuas, mulheres que ficam com eles por dinheiro. Você é uma moça de família, e enquanto eu estiver vivo, vai continuar sendo.

[PAUSADO] Melodia PERFEITA - Série PERFEIÇÃO Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora