PRÓLOGO | "Não abaixe sua cabeça na tristeza,

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E por favor, não chore!"

Don't Cry - Guns N' Roses

Jon Crover

Cemitério Nacional Fort Rosecrans 16.12.1989
San Diego, Califórnia, EUA


   Á primeira vista tudo estava normal. Todos nós usávamos blazer pretos e seguíamos em fila reta. Só que dessa vez não estávamos entrando em um palco para o início de um show para milhares de pessoas, e sim, para um último adeus.

Olhei em volta. Dale e Steven estavam posicionados um em cada lado meu.

Heather, ex-mulher do Vince, chorava no ombro de Dale, enquanto Steven carregava Vin no colo.

Foi totalmente contra minha vontade, trazer o bebê de um ano para um cemitério, porém, Heather não tinha com quem deixá-lo.

— Acho que ele está com sono – Steven falou alto suficiente para que somente eu pudesse ouvir.

Vin descansava a cabeça no ombro dele. A chupeta já estava quase caindo, e os olhos, levemente fechados.

— Tudo isso deve cansá-lo – Declarei.

Eu não sabia nada de bebês. Apenas que eles dormiam, e choravam muito quando estavam com fome. Vince havia me pedido para ser padrinho de seu filho, e acabei aceitando. No final das contas, eu seria mesmo a figura paterna do garoto.

— Minha garganta está coçando. Não vejo a hora de fumar um cigarro – Dale falou com aspereza.

— Isso é um enterro! Não pode fumar aqui! Se não respeita si mesmo, pelo menos respeite o corpo sem vida do seu amigo – Steven o repreendeu.

— Por favor, Dale, se comporte! – Pedi, sem um pingo de paciência.

— Vocês estão cegos? Estou me comportando! Só fiz um simples comentário!

— Simples comentário. Sei! – Steven declarou e chamou Heather.

Ela o encarou, ainda dopada com o calmante. Os olhos estavam fundos e a pele desidratada, resultado das inúmeras horas de choro. Os famosos e longos fios ruivos estavam presos num coque perfeito, sem nenhum fio fora do lugar. Mesmo passando por aquela situação, ela não perdia a sua superioridade.

- Me dê ele aqui, Steven. Obrigado – Agradeceu, colocando o menino dormindo em seus braços.

O padre começou a falar algumas palavras, me fazendo viajar para o meu passado e o do Vince. Olhei rapidamente para o caixão, vendo o rosto do meu amigo ali, inchado e pálido. Os olhos fechados, como se estivesse apenas dormindo, mas eles ficariam assim para sempre. Uma dor maior rasgou meu peito ao me dar conta que a partir do momento que aquele caixão descesse, nunca mais iria vê-lo. Nunca mais ouviria sua risada e suas piadas sem graça. Ainda bem que eu havia guardado muito bem cada instante que vivemos juntos, pois isso seria o que me confortaria dali em diante.

Eu estava na mansão em Whitehall, quando recebi a ligação do Hospital Scripps Mercy.

— Alô!

Era um número que não estava gravado na minha agenda.

— Boa Noite. Desejo falar com o senhor Jon Crover – O homem com um sotaque diferente falou do outro lado.

Se fosse mais algum idiota passando trote, eu o mandaria ir para a puta que pariu. Desde que Dale deixou meu número com uma de suas amigas, minha vida tem sido um inferno. Eram ligações e mais ligações incessantes. Fui obrigado a desligar o telefone, o que gerou outro problema. Como eu atendia os meus amigos e Vox Miller?

[PAUSADO] Melodia PERFEITA - Série PERFEIÇÃO Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora