Meus olhos doem e meus pés andam sem rumo pelo piso liso e escorregadio. Empurro pessoas que ficam no meu caminho, tento me afastar de todo e qualquer alguém. A dor é quase física de tão forte, quase como se nunca fosse ter um fim. Eu preciso anestesiá-la de alguma forma, mesmo que eu saia daqui carregada por alguém.
As luzes são tão brilhantes que quase me cegam, mas eu sei que são elas que me levarão para onde quero. Vejo, à distância, minha salvadora. E ela tem em seu rosto jovem e emoldurado por fios loiros um sorriso confuso, eu sei que ela não esperava que eu estivesse aqui. Ela não esperava e eu também não. Mas, como TaeYong mesmo já me disse antes, isso não passa de um acaso do destino.
- Você está em meu bar e hoje é o dia mais feliz da sua vida. Será que está no lugar certo?
- Só lhe respondo caso me dê um copo de whisky.Dito isso, ela me vira suas costas e alguma coisa nela parece ter mudado. Há algo no corpo dela que não havia antes, mas eu prefiro apenas tentar descobrir sozinha. Ela põe dois copos cheios frente a mim, puros, ela sabe que aguento bastante. Tomo um gole do primeiro e suspiro bem fundo, enquanto Barbra espera de mim uma resposta.
- Estava entediada e senti sua falta. Por isso vim te ver.
- Entediada? Hoje é a noite de inauguração de sua escola. Tem noção do quanto isso é importante?
- Tive problemas. Quis vir ao meu lugar favorito.
- Onde está TaeYong?
- Em algum lugar. Não quero falar dele, por favor. Como você está?Ela me sorri e passa os dedos finos pelos cabelos. Então, segura em minhas mãos, entrelaçando nossos dedos.
- Hoje é minha última noite aqui.
- Está falando sério?
- Claro.
- Diga-me o por quê.
- Bom, eu e Richard nos casamos em pouco mais de dois meses. Fora isso, tenho uma novidade para você. Esperaria TaeYong para contar para ele uma vez que ele será o padrinho, mas não consigo mais segurar. Eu estou grávida.Engasgo com o whisky e minha cabeça tonteia tanto que Barbra necessita de segurar meus braços para que eu não caia. Soltando suas mãos, pego meu segundo copo e entorno-o em minha garganta de uma vez só.
- Você está mentindo.
- Por que estaria?
- Você não pode estar grávida.
- Eu sou uma mulher saudável, fértil e casada.
- Quase - corrijo-a.
- E quase casada. Eu amo Richard, e estou ansiosa para dar a ele um filho. Será seu primeiro. Você é a primeira a saber, e eu quero que seja nossa madrinha, assim como também quero ser madrinha de seu filho com TaeYong.
- Eu nunca disse que teria seus filhos.Barbra franze suas sobrancelhas e seu rosto está confuso. Ela apoia-se sobre os cotovelos no balcão do bar.
- Não quer dizer o que houve?
- Suspeito que me traiu. Na verdade, ele em fato o fez. Mentiu para mim sobre coisas que já fez, disse que nunca as tinha feito até que eu descobrisse a verdade. Não o odeie, por favor, ele é alguém bom. Eu só não o quero agora, nem aqui. Eu preciso de tempo para organizar minha cabeça, ela está confusa.Barbra me olha, compreensiva. Então, estende seus braços para mim, e eu tento me esconder na pequenez deles. A tristeza por saber que alguém que amo tanto não pensou duas vezes em me fazer algo que me machucou não sai de minha cabeça, mas é algo com o qual sei que devo me acostumar. Divido minha casa com ele, hoje, mas tudo o que eu menos queria era voltar para lá e escutar suas desculpas, mais mentiras, mais coisas para precisar aceitar, compreender e digerir. Eu não faço ideia para onde vou.
- Quer ir para minha casa, quando eu sair?
- Não, Barbra. Não quero incomodar Richard, sendo que ele nem mesmo sabe que vou para lá.
- Sabe que isto não é um problema. Você é nossa família.
- Ele conhece TaeYong, algo nisso vai ser esquisito. Não se preocupe, eu consigo fazer isso. Eu só preciso dançar um pouco, beber um pouco, preciso esquecer.
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heat. ;; lty
FanfictionVocê já sentiu calor simplesmente ao olhar para alguém? Já se sentiu tão desesperado que tem vontade de gritar? Já sentiu como se alguém pudesse te completar, carnalmente, espiritualmente, de absolutamente todas as formas? É, foi dessa forma que Lee...