Falam que sua pupila dilata quando você vê algo que você realmente deseja, se isso for certo, acho que minhas pupilas ão cabiam nem nos olhos naquele momento. Continuei meu caminho, agora sim sabendo para onde ia. A cada vez mais próximo da porta, meu coração palpitava, não via a hora de entrar, eu sei que só tinha se passado um dia desde que eu tinha deixado a casa, mas parecia mais uma semana, a falta de comida estava literalmente me matando, sem pensar na falta de água, minha boca estava completamente seca, eu não tinha sequer lágrimas para chorar de emoção ao ver meu lar.
Podia não ser a melhor casa do mundo, sem comparações a minha casa antiga, mas ali agora era a única coisa que eu tinha, ao adentrar na casa e sentir aquele aroma me senti revigorado, como se todos os meus problemas tivessem sumido, aqui eu me sentia seguro, finalmente poderia me acalmar. Entro e vou correndo -ou andando o mais rápido que posso- até a cozinha e abro os armários em busca de água e assim que encontro seco duas garrafas em seguida me molhando todo. Logo após encher a barriga de tanta água, meu estômago ronca fortemente e eu avanço nas latas no armário ao lado, abro duas latas de sopa e pego um pacote de biscoito. Para que talheres? Bebo a sopa direto da lata reversando com os biscoitos, e fico satisfeito. Vou para o banheiro e tiro as roupas para tomar um banho -se é que eu podia chamar aquilo de roupa-.
Entro embaixo do chuveiro e sinto todos os cortes no meu corpo arderem e trazerem vida para o meu corpo, sentir é uma coisa boa, me mostra que ainda há vida em alguma parte de mim. Após sair do banho me enxugo com uma toalha que estava pendurada próximo a porta e continuo nu, afinal só tinha eu ali, para que roupas? Eu não sabia de onde vinha a água do chuveiro, nem as toalhas que estavam na casa, provavelmente a julgar pelas coisas ali presentes essa casa deveria ser de alguém que costumava passar as férias aqui há muito tempo e abandonou tudo para trás, talvez tenha morrido, ou simplesmente comprado uma casa em um lugar mais interessante... Também não poderia ser descartada a possibilidade de ser uma casa de fugitivo, alguém que não quisesse ser encontrado e tivesse se escondido nesta cabana. A única coisa que eu sei é que quem quer que seja, salvou a minha vida.
Nunca mais tinha parado para pensar nos sequestradores que me levaram para aquele campo, eu não lembrava nem mais as caras deles, nem queria lembrar, preferia continuar sem pensar em nada, e se fosse possível não ter mais sonhos com a minha vida antiga, mas eu não podia mandar no meu subconsciente que continuava a me levar para o passado e me lembrar de coisas que eu preferia esquecer. Tentando me desvincilhar de tudo aquilo, sigo em direção a sala e me sento no sofá a espera de algo, olhando à minha volta percebo que tudo continua no mesmo lugar, até o lixo largado em cima da mesa.
Como não tenho nada para fazer, resolvo arrumar os mantimentos, contar comida e água e fazer uma estimativa de quantos dias mais eu tinha de comida e água. Abro todos os armários, toda aquela comida parecia que ia durar anos, ou pelo menos muito tempo. Mas uma coisa que me incomodava era a água a falta de garrafas me incomodava, eu sabia que tinha água no chuveiro, eu conseguiria beber aquilo de certeza, depois de ter passado um dia todo sem água eu beberia até água barrenta. Mas ali eu sabia que era possível cavar um poço, e era isso que eu ia fazer. Sai de casa indo até os fundos para procurar algo, mas nada de pá. Dali me seria útil a escada encostada na porta do fundo e o balde que eu tinha encontrado na cozinha. Ainda ali no fundo vejo jogado no chão um pedaço de lenha e com uma faca eu afino a ponta para parecer uma lança.
Sem pestanejar marquei um local na terra e com um pedaço de madeira comecei a tirar a terra, fazendo um círculo e cavei até estar com meio metro de profundidade, por sorte a terra era fofa, o sistema era cansativo mas simples, eu arrancava a terra com madeira colocava a terra no balde e a levava la pra cima pela escada, assim passei todo o meu dia. Quando atingi uma boa profundidade e senti a água nos meus pés, já estava ficando de noite. Peguei a lenha e o balde e subi, logo após retirando a escada e guardando tudo no lugar.
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Ofuscado pela escuridão
AdventureSam é um importante empresário de meia idade que mora sozinho num condomínio de luxo, dono de uma grande empresa vive na correria do dia-a-dia sem tempo nem para si mesmo, e acaba tendo alguns deslizes na vida por conta disso. Seguindo sua rotina ex...